Jeane Alves
terça-feira, 15 de novembro de 2011
Cavalo Enxuto
Eu tenho um vizinho rico, fazendeiro endinheirado
Não anda mais a cavalo, só compra carro importado
Eu conservo a minha tropa e o meu cavalo ensinado
O fazendeiro moderno só me chama de quadrado
Namoramos a mesma moça, vejam só o resultado
Um dia, a moça falou pra não haver discussão
Vamos fazer uma aposta, a corrida da paixão
Granfino corre no carro, você no seu alazão
Eu vou pra mnha fazenda esperar lá no portão
Quem dos dois chegar primeiro vai ganhar meu coração
Ele calibrou os pneus, apertou bem as roelas
Eu ferrei o meu cavalo que tem asa nas canelas
O granfino entrou no carro, pulei em cima da sela
Ele funcionou o motor, e fechou bem as janelas
Chamei o macho na espora, bem por baixo das costelas
Eu entrei pelo atalho, pulando cerca e pinguela
Quando terminou o asfalto, ele entrou numa esparrela
Uma estrada boiadeira, toda cheia de cancela
Cheguei no portão primeiro, dei um beijo na donzela
Quando o granfino chegou, eu já estava nos braços dela
O progesso é coisa boa, reconheço e não discuto
Mas aqui no meu sertão, meu cavalo é absoluto
Foi Deus e a natureza que criou este produto
Esta vitória foi minha e do meu cavalo enxuto
A menina hoje vive nos braços desse matuto
de Lourival dos Santos / Moacyr dos Santos
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