Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sábado, 6 de agosto de 2011

Paulo Gama e os cinco Grandes Prêmios Brasil inesquecíveis

Os meus primeiros anos de turfista, em plena década de 70, foram marcados por descobertas extraordinárias de ídolos nas pistas. Alguns puros-sangues marcaram os meus primeiros passos no fascinante universo turfístico. E alguns profissionais, jóqueis e treinadores, tão distantes da minha convivência, deixaram de ser apenas nomes singelos nos programas oficiais, para fazer parte do meu dia a dia depois que passei a ser cronista de turfe no Jornal do Brasil. Em 35 anos de Grande Prêmio Brasil vivi com intensidade a prova magna do turfe. Como turfista, jornalista, repórter, comentarista, agente de montarias e apaixonado pelo esporte. Escolhi os cinco que, por motivos diferentes, considero os mais marcantes na minha vida turfística.



DAIÃO/1977
Eu estava na faculdade em pleno curso de Comunicação. O meu interesse por corrida era então absoluto. Meus livros e apostilas se confundiam com a antiga Revista Jockey Club Brasileiro. Eu e o saudoso Mauro de Faria nos preocupávamos mais com o resultado dos páreos do que com as aulas de Sociologia e de Estudos de Problemas Brasileiros. A vitória de Daião, do Haras Serra dos Órgãos, no Grande Prêmio 16 de Julho foi um massacre. Para mim não havia dúvida de quem ganharia o GP Brasil. E foi o que aconteceu. Montado por Edson Ferreira e treinado por Wilson Pereira Lavor atropelou forte e pela primeira vez faturei uma grana na prova mais importante do país.


APORÉ/ 1979

Juvenal Machado da Silva era o maior ídolo do turfe carioca. Eu fazia parte da sua legião de fãs. Na Tribuna Especial A, eu berrava em plenos pulmões pelo fantástico alagoano. Os Haras São José e Expedictus só confirmaram a presença de Aporé a poucas horas da realização do páreo. Gabriel Meneses, o jóquei oficial da coudelaria, montava Amazon, fácil ganhador do Grande Prêmio 16 de Julho. Mas eu tinha certeza de que na raia seca Aporé era imbatível. E de ponta a ponta, com a maioria dos adversários pensando que Juvenal fazia corrida para o companheiro de farda, o filho de Egoismo floreou e na reta final deu aquele vareio. Mais uma vez apostei no ganhador toda a minha mesada.


GOURMET/1982

Eu tinha me formado há seis meses. Minha mulher estava grávida e eu não tinha boa vida no mercado de trabalho. O emprego no Jornal do Brasil só apareceria no final do ano. Mas agosto era o mês do meu aniversário. A certeza no triunfo de Gourmet, do Haras Ipiranga, era absoluta. Lembrava da vitória de Aporé, em 1979, e jurava que mais uma vez Juvenal saberia tirar proveito da presença de um favorito que corria atrás, para atropelar. E não deu outra. Enquanto os concorrentes preocupavam-se com o craque argentino New Dandy, o maravilhoso bridão alagoano fez um ritmo de corrida mágico e escreveu seu nome mais uma vez na história do turfe. Apostei tudo que tinha no bolso. Era dia do meu aniversário, 1º de agosto, e no jantar comemos pernil, com arroz branco e salada de batata com maionese Gourmet.


FALCON JET/1992

Em 1992, eu já tinha nove anos na redação do Jornal do Brasil. Era amigo particular do jóquei Jorge Ricardo e do treinador João Luiz Maciel. Os dois juntos era a perfeita união entre a fome e a vontade de comer. Inteligente, talentoso e predestinado parecia justo que Maciel, que já havia ganhado a prova em 1988, com Carteziano, pudesse proporcionar o primeiro triunfo no Grande Prêmio Brasil ao campeão Jorge Ricardo. E foi o que aconteceu. A edição do jornal ficou espetacular. O duelo eletrizante entre os craques Falcon Jet e Flying Finn nas páginas. A revanche sensacional de 1990. Naquela ocasião, o vencedor foi o alazão do Stud Numy, montado por Juvenal. Desta vez o craque do Haras Santa Ana do Rio Grande foi à forra.


MUCH BETTER/1994

Eu já tinha viajado mundo afora na caravana do Stud TNT. Depois de ganhar o Latino-americano em La Plata, o craque do Gonçalo Torrealba levantou também levantou o Grande Prêmio São Paulo, em Cidade Jardim. Faltava o triunfo no Grande Prêmio Brasil, prova em que havia sido derrotado no ano anterior, no olho mecânico, para Villach King, do Haras Santa Maria de Araras. Much Better deu show mais uma vez. O que nós ainda não sabíamos é que ele ainda ganharia o Grande Prêmio Carlos Pelegrini, em dezembro, no Hipódromo de San Isidro, depois de disputar o Arco do Triunfo, em Paris, em outubro, e de perder, 21 dias depois, a Copa ANPC , em tempo recorde, na Gávea. Um craque de outro planeta, treinado por um treinador fenomenal, João Maciel,e conduzido pelo não menos extraterrestre, Jorge Ricardo.

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