Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sábado, 16 de julho de 2011

Juvenal Machado da Silva, os cinco atos do recordista do GP Brasil


Juvenal Machado da Silva, alagoano de Delmiro Gouvêa, interior do estado, quase na divisa com a Bahia, pode ser considerado o maior herói da história do Grande Prêmio Brasil. Por cinco vezes, o extraordinário bridão levantou a prova mais importante do turfe nacional, e em todas elas, deixou sua marca característica, a genialidade. Intuitivo, técnico, enérgico e imprevisível, Juvenal marcou época no turfe carioca. As suas facanhas no dorso de Aporé, Gourmet, Grimaldi, Bowling e Flying Finn, ajudaram a escrever algumas das mais belas páginas do páreo mais famoso e tradicional do turfe brasileiro.

Em 1979, os Haras São José e Expedictus reinavam absolutos no turfe carioca e brasileiro com uma geracão de craques espetaculares. A famosa letra A, da família Paula Machado, teve o tríplice-coroado African Boy, a ganhadora do Diana, Apple Honey, o alazão Amazon, ganhador do GP Dezesseis de Julho, os também clássicos Aporema, Aragonais, e Aporé, ganhador do Grande Prêmio Brasil. Aporé tinha preferência absoluta pela raia leve. E sua presenca na competicão foi mantida em suspense até o limite oficial do código de corridas. A poderosa trinca da farda ouro com costuras azuis e boné ouro tinha também Amazon e Tibetano, ganhador do GP São Paulo.

A poucos minutos da largada foram confirmados Amazon, montado pelo jóquei chileno Gabriel Meneses, piloto oficial da coudelaria, e Aporé, com o campeão da estatística carioca, o jovem Juvenal. Os fãs do nordestino nem podiam imaginar que naquele momento comecaria a ser escrita a fantástica trajetória do alagoano na tradicional carreira. De ponta a ponta, sem dar a menor chance aos seus rivais, o filho de Egoismo e Luzon exibiu o primeiro ato do maravilhoso espetáculo de Juvenal no GP Brasil.

Gourmet, do Haras Ipiranga, seria o responsável, quatro anos depois, em 1982, por outra bela peca teatral de Juvenal Machado da Silva no contexto da prova. Mais uma vez de ponta a ponta, e com rateio acima de 10 po 1, o representante nacional calou a boca daqueles que afirmavam aos quatro cantos que o argentino New Dandy, o grande craque de San Isidro, era imbatível na América do Sul. Juvenal soube tirar proveito da condicão de azarão do seu pilotado. Fez questão de tomar a frente a qualquer custo e deixou que ele floreasse, sem ser incomodado até os últimos 800 metros. Fez uma partida inesperada e fugiu vários corpos. Nos 400 metros finais, quando New Dandy deu início a sua famosa atropelada, Gourmet estava inteiro e fugiu para o disco.

Em 1986, Juvenal Machado da Silva amargava o domínio absoluto de Jorge Ricardo na estatística dos últimos cinco anos. Mas apesar de reinar sem discussão nas vitórias, Ricardinho ainda não tinha escrito o seu nome na galeria de jóqueis vencedores do GP Brasil. A guerra de nervos nas entrevistas dos jornais foi grande. Juvenal afirmava que Ricardo não ganharia a prova enquanto ele montasse e que Grimaldi, de Delmar Biazoli Martins, seria o ganhador. E Ricardo, mais comedido, limitava-se a dizer que tinha enorme confinhanca no tordilho Bowling, do Haras Santa Ana do Rio Grande, ganhador do GP Dezesseis de Julho. O duelo dos dois lendários pilotos foi inesquecível. Entretanto, mais uma vez, Juvenal levou a melhor. Grimaldi correu atrás, no pelotão intermediário, e atropelou por dentro. Bowling ficou nos últimos postos, como era do seu agrado, e apareceu com forca nos 400 metros finais. Dominou o páreo com firmeza, mas o ponteiro do páreo, o chileno Poalco, saiu da cerca para o meio da pista. Juvenal imediatamente aproveitou a brecha junto a cerca e progrediu por ali, com Grimaldi. Bowling tinha vantagem de cabeca até os últimos 100 metros. Juvenal então, como último recurso, passou o chicote para a mão canhota. Grimaldi trocou de mão, reagiu e livrou pescoco. As tribunas vieram abaixo, com os torcedores de Juvenal em delírio.

Em 1987, o duelo entre os dois fantásticos jóqueis não se repetiria na pista e sim, antes do páreo, na hora de escolher a montaria. Jorge Ricardo era então jóquei contratado do Haras Santa Ana do Rio Grande. Tinha a sua disposicão o tordilho Bowling, segundo colocado no ano anterior, e o castanho Bat Masterson, que havia ganho disparado um clássico em 3.000 metros. Juvenal, nas entrevistas, recomecou a guerra de nervos. Dizia que o Ricardo poderia escolher a vontade. Segundo ele, qualquer que fosse a sua opcão, ele ganharia com o cavalo preterido. Ricardinho estava em dúvida. Bowling já tinha demonstrado ter classe, mas havia ganho o GP Dezesseis de Julho por desclassificacão, sem animar. Bat Masterson havia dado um show, mas em páreo fraco.

A opcão por Bat Masterson selou a má sorte de Joge Ricardo na maior prova do turfe nacional outra vez. Bat Masterson não evoluiu e Bowling melhorou demais o seu estado atlético depois da corida preparatória. Da Argentina veio o craque Larabee, que seria conduzido por Goncalino Feijó de Almeida, o Goncinha. Bat Masterson figurou na primeira parte do percurso, mas cansou e não deixou boa impressão. Bowling, corrido no último lugar por Juvenal Machado da Silva atropelou pelo meio da pista e de forma insofismável dominou o argentino Larabee, que ficou com a segunda posicão. Bowling conseguiu a sua forra da derrota sofrida no ano anterior para Grimaldi. Mas, desta vez, o seu jóquei foi Juvenal que o havia superado. Ricardo teve que amargar outra decepcão.

Flying Finn, do Stud Numy, e Falcon Jet, do Haras Santa Ana do Rio Grande, protagonizaram duelos inesquecíveis durante toda as suas campanhas nas pistas. Mas, em 1990, o quinto ato de Juvenal Machado da Silva no Grande Prêmio Brasil foi um confrontos mais eletrizantes. Falcon Jet era treinado no Vale do Cuiabá pelo saudoso João Luiz Maciel e Flying Finn, aqui na Gávea, por Venâncio Nahid. Voluntarioso, Flying Finn correu na segunda colocação até a entrada da reta quando então conseguiu preciosa passagem, por dentro, antes dos 400 metros finais. Facon Jet correu entre a sétima e a oitava colocacão e atropelou forte, mas não teve tempo de alcancar o temível oponente. Mais uma vez Juvenal. Pela quinta vez. Outro infortúnio para Jorge Ricardo. A revanche viria, dois anos depois. Mas esta é uma outra história...

Um comentário:

  1. Gostaria de saber como encontrar o dvd com a trajetoria do Juvenal..
    Obrigado

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