Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sábado, 16 de julho de 2011

MILAGRE e Certo Encantador de Cavalos


Milagre - com Nilton Pires ostentando a jaqueta “azul-celeste e vermelho em quadros, mangas azul-celeste” (Haras Coqueiral) - é recebido pelo criador e proprietário Miguel Simões (à esquerda), após a vitória no “Prêmio Jockeys Clubs do Interior” (19.12.1976), no Cristal.

No final de 1973, tive a oportunidade de conhecer um pequeno e modelar haras situado em Belém Novo (zona sul da capital gaúcha). Naquela época, muitos ali se estabeleciam e proliferavam frente aos campos férteis e planos, ideais para o criatório do PSI. Lá, fomos (meu avô paterno, meu pai e eu - perto dos 18 anos) recebidos pelo novel criador Miguel Simões.
Miguel Simões diferia de outros criadores que até então conhecera em minha juventude turfística. Semelhante a eles no gosto pelos cavalos, acrescentava um jeito muito especial de tratá-los. Em particular, cada um de seus poucos produtos atendia a seu chamado carinhoso e assim literalmente ficavam a sua mercê, como se meras ovelhas fossem. Pela pouca área disponível, seu Miguel não mantinha garanhões, utilizando cartas de monta do Haras Chapéu do Sol (Edgar de Araújo Franco). Desta maneira, a totalidade de seus nativos descendia de Guandú, Triangulum ou algum outro semental daquele estabelecimento. A recente geração era composta - entre outros - das potrancas Circunferência e Py (fruto de um parto de gêmeos, com um porte minúsculo, mas uma extraordinária vontade de viver) e um lindo potro alazão chamado Milagre. Todos nascidos naquela temporada e ainda não desmamados. Sem exceção, o pequeno criador dispensava-lhes desvelada atenção, sem vislumbre de um lucro futuro maior ou menor. Circunferência foi negociada com Delmar Biazoli Martins, Py não recordo se chegou a correr, enquanto Milagre tornou-se um dos melhores produtos gerados no Haras Coqueiral, representando suas sedas. A ele dedicaremos especial atenção técnica.
Milagre era um filho do tostado Guandú (Fort Napoléon e Vá-Lá) na alazão Miraculosa (Best e Missiva). Com físico invejável, nas pistas fez bonito. Preparado por Jary Motta, estreou no VII Prêmio Turfe Gaúcho (1975), tendo chegado em 2º para Djenane (700m - AL), numa das eliminatórias. Em um dos ternos de consolação, marcou seu primeiro êxito: 07.12.1975 - 700m (AL), em 42”, com Moacyr Silveira, sobre Al Balet, Miss Curvona, White Green, Gravatal, Ana Festa e Doraya. Em páreos oficiais, o alazão Milagre alcançou as seguintes vitórias no Cristal: 31.01.1976 – 700m (AL), em 42”2/5, com M.Silveira, sobre Horse, Acero, Siciliano, Valsador, Snow Tiger, Promsix e Abacan; 13.06.1976 – 1.400m (AL), em 1’27”1/5, com Nilton Pires, sobre Dá Lua, Valésio, Marataná, Ana Bala, Valciston, Elaneris, King’s Lady, Blue Só e Legalpo; 19.12.1976 – “Prêmio Jockeys Clubs do Interior” (1.609m - AL), em 1’40”3/5, com N.Pires, sobre Valbion, Valciston, Ijuhy, Juan Carlos, Ana Bala e Donelb; 02.04.1977 – 1.400m (AL), em 1’27”1/5, com N.Pires, sobre Valbion, Cam Light, Ijuhy, Lajoinie, Estrelado, Alado dos Pampas e Dercília; 17.10.1977 – Páreo Especial (1.300m - AL), em 1’19”3/5, com Moacyr Vaz, sobre Dejalo, Valdina, Half And Half, Remus, Kozuta, Tonch e Relva Azul.
Mais que suas próprias vitórias, significativas foram suas colocações no hipódromo local: 4º para Má Fé (G.P. Associação Gaúcha dos Criadores do Cavalo de Corrida - 1.200m - AL), 2º para Dustin (Clássico Assembléia Legislativa - 1.500m - AL), 2º à cabeça de Devilom (G.P. Taça de Cristal - 1.400m - AM), 2º para Devilom (G.P. Criadores Rio-Grandenses - Criterium de Potros - 1.609m - AL) e 2º para Alado dos Pampas (Prêmio Rodolfo Kley - 1.200m - AL), todas em 1976; 2º para Boena Luna (Prova Especial - 1.609m - AM), 5º para Paco Rabanne (G.P. Linneo de Paula Machado - 1ª Prova da Tríplice Coroa - 1.609m - AL), 2º para Test (Páreo Especial - 1.400m - AL), já em 1977.
Em 1978, Milagre passou a correr na Gávea, onde venceu mais uma prova: 24.07.1978 - 1.600m (areia).

por Marco A. de Oliveira

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