Em 1978, G.F.Almeida foi o dono da festa.
Goncinha, Sunset e a família Peixoto de Castro
Ds meus passos iniciais no universo turfístico, o primeiro domingo de agosto de 1978 ficou marcado para sempre na memória pela atuacão individual fantástica de Goncalino Feijó de Almeida, imortalizado por seus fãs como Goncinha. A nossa turma, na Tribuna Especial A, tinha gente de todas as idades. Alguns, como eu, idolatravam Juvenal Machado da Silva. Outros, como o João Maciel, que ainda menino nem imaginava que seria um dos melhores treinadores brasileiros de todos os tempos, colocava o freio Adail Oliveira, acima de todos os jóqueis. A grande maioria, entretanto, não admitia que ninguém fosse melhor do chileno Gabriel Meneses, o jóquei das máquinas da coudelaria Paula Machado, os Haras São José e Expedictus.
Bem, tinha também o seu Gonzaga, o mais velho daquele pedaco de tribuna, mas nem por isso o menos entusiasmado. Apaixonado por Goncalino Feijó de Almeida, ele tirava o maior sarro com a rapaziada, toda vez que o Goncinha colocava o chicote na orelha dos seus conduzidos e o locutor oficial do Jockey Club, Ernani Pires Ferreira, berrava que ele vinha violinando a moda Rigoni. Seu Gonzaga era uma figura. Gordo, bonachão e gozador, ele chegava a deixar os seus filhos envergonhados com a bagunca e as brincadeiras que aprontava. Era uma crianca grande. Um mês antes da realizacão do Grande Prêmio Brasil, ele repetia sempre que se o Goncinha ganhasse o páreo com Sunset, ele pretendia tirar a roupa em plena tribuna. Ninguém levou a ameaca muito a sério, mas o seu filho demonstrava visível preocupacão diante de tal possibilidade.
A vitória espetacular de Triarco, do Stud Fazenda Pedras Negras, no Grande Prêmio Presidente da República, a milha internacional, provocou tremendo alvoroco na cabeca do seu Gonzaga. Ele apostou no cavalo, gritou bastante e anunciou:"Este foi o aperitivo! Agora chegou a hora do prato principal! Se o Goncinha ganhar o GP Brasil voces vão presenciar um strip-tease em plena arquibancada!", gritava. O filho mais novo pediu auxílio imediato a sua noiva, que era a única com alguma moral sobre o velhote. A atropelada fulminante de Sunset, da Fazenda Mondesir, meia hora depois, foi acompanhada dos gritos da garotada. "Tira! Tira! Tira!".
Seu Gonzaga não se fez de rogado. Arrancou a camisa, os sapatos e desabotou o cinto. A turma batia palmas entusiasmadas. Mas diante dos apelos da noiva do filho, que ameacou jamais casar com o rapaz se o pai fosse um maluco sem pudor, finalmente o show foi suspenso, no exato momento em que Goncinha era aplaudido de pé pelas arquibancadas lotadas do Hipódromo da Gávea.
por Paulo Gama
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