O Grande Prêmio Brasil de 2.011 foi exótico sob vários aspectos. Em primeiro lugar, não teve sucesso de público. Nunca foi tão fácil transitar nas tribunas, ir ao banheiro e fazer as apostas. O resultado da prova central foi enigmático, com os melhores cavalos do país surpreendidos por Belo Acteon, um alazão de quatro anos e apenas uma vitória, obtida há pouco mais de um mês antes da realização da prova. Além disso, o presidente do Jockey Club Brasileiro, Luís Eduardo da Costa Carvalho, teve que conviver com as diferenças políticas. As divergências administrativas com os profissionais de turfe e a resistência de alguns proprietários a sua gestão no âmbito turfístico, resultaram em algumas sonoras vaias. Nas entregas de prêmios aos vencedores das provas clássicas, ele as ignorou com uma tremenda cara de pau. Sorridente, ele tirou de letra as manifestações da oposição e se mostrou quase tão valente e raçudo quanto o próprio Belo Acteon.
E teve também o stand do Chico e Alayde. O tradicional botequim do final do Leblon. O querido Chico, um turfista adorado por todos na Gávea, fez enorme sucesso no evento. Inteligente, ele montou uma espécie de quiosque gigante, com aquele maravilhoso chope gelado e os seus divinos salgadinhos, entre eles, carne seca com torresmo, camarão com batata palha e outras iguarias tão conhecidas e apreciadas pelos boêmios da Zona Sul. A descida fácil e bem redonda do chope e os sabores estonteantes dos salgados permitiram que alegria de quem errasse os páreos fosse à mesma dos felizardos nos palpites. Roberto Campos, o Basquete, Fernando Campos, Leo Friedberg, Ricardo Ravagnani, Anderson, Quintella, André Cunha, Celson Afonso, Juliana Dias, Fernando Lopes, Namir Hamdan, Daniele Gusso, Adriano Lobo, Carlinhos Beloch e filhos, entre tantos outros, curtiram intensamente o Chico e Alayde.
Dulcino Guignoni desta vez fez mágica. Ganhador de quase todas as provas do calendário clássico, o treinador chegou ao tetra do GP Brasil com uma cartada de mestre. Não é nenhum exagero afirmar que ele deixou todo o mundo turfístico falando sozinho. O jovem Henderson Fernandes, cobrado por alguns afoitos como se fosse um veterano, conseguiu vencer, no limiar de sua carreira, um páreo que alguns jóqueis famosos como Luís Rigoni, Gabriel Meneses e Jorge Ricardo levaram muitos anos para conquistar. Tímido e introvertido, desta vez não conseguiu conter a emoção, traduzida em lágrimas adolescentes que comoveram a todos. Na sua caminhada nas pistas, esta vitória será importante para lhe dar moral suficiente para encarar os enormes desafios pela frente no futuro próximo.
Vale à pena registrar as belas matérias do repórter Vitorino Chermont, no Canal Sportv. Vitorino esteve na Gávea há alguns anos atrás e apaixonou-se pelo esporte. Algumas vezes tive a oportunidade de vê-lo solitário e anônimo nas arquibancadas da Tribuna Social num dia de corrida comum. O Jockey Club deve ficar atento a estes detalhes. No mesmo canal trabalham os jornalistas Paulo César Vasconcelos e Renato Maurício Prado, que são turfistas há muito anos e conhecem profundamente o assunto. Paulo César fez faculdade comigo e trabalhamos juntos no Jornal do Brasil. O seu pai freqüentou o prado carioca por mais de 50 anos. São pessoas que podem ajudar a recolocar, aos poucos, as coisas do turfe na mídia.
Créditos Paulo Gama/Raia Leve
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