Vai continuar impossível?
No mês de junho, logo após o programa de televisão do JCB de nome Turfe Espetacular, que apresenta aos sábados e domingos os programas das corridas daquelas tardes, iniciou-se o equivalente paulista, comandado pelo jornalista Jair Bala, que apresentou o convidado especial Ricardo Ravagnani. Esse Ravagnani é um advogado, homem do bem e que é funcionário número um da Associação Brasileira. Ele fora convidado para falar da promoção da Associação cuja prova principal é o G.P. Matias Machline. Em poucas e sucintas palavras, Ravagnani disse dos páreos vazios (5 competidores na prova dos 1.000 metros, 8 na das potrancas de 2 anos em 1.600, 7 na equivalente dos potros e 6 na prova máxima em 2.000 metros), e deu a entender que o JCB apresentava um calendário clássico colidente. Em outras palavras, foi pelo menos isso o que eu entendi.
Vamos aos fatos. O Jockey Club de São Paulo está a muitos anos com uma programação clássica obsoleta, fora da realidade, e passou por mãos inadequadas, que em lugar de procurar a sadia normalidade limitou-se a copiar equívocos técnicos norte-americanos e argentinos. Para encurtar o assunto, os tradicionais 1.000 para produtos, 1.600 para produtos, 2.000 para éguas e os 2.400 para produtos, foram transformados em duas provas para produtos, em 1.000 e em 2.000 metros. E o pior de tudo, o antigo Festival A.N.P.C saiu da última semana de outubro e foi para a última semana de junho ficando cerca de um mês e meio depois do G.P. São Paulo e mês e meio antes do G.P. Brasil. De 2.400 para 2.000, e de 2.000 para 2.400 metros. Além disso, para encorpar o Festival, inventaram um regulamento equivocado para os produtos da nova geração, acabaram com a Taça de Prata que é para o inicio da campanha dos 3 anos, roubaram-lhe o nome e incorporaram as duas provas, uma para as fêmeas e a outra para os machos, para formar um grupo de 4 provas. A simples antecipação da Taça de Lata ou semelhante erroneamente chamada de Taça de Prata, liquidou com a grandeza da promoção. Para que se tenha uma idéia, na época da legítima Taça de Prata chegou-se a ter mais de 60 inscrições nas provas seletivas femininas e mais de 90 nas masculinas, formando-se 6 páreos para as potrancas e 9 para os potros, resultando em provas finais especulares. As idéias fixas de copiar práticas de dois turfes em declínio resultou no fiasco representado pelo ridículo número de inscrições. A Associação Brasileira não merece esse absurdo.
Dá até a impressão que os "inventores" desses equívocos imaginam que o turfe Brasileiro está circunscrito aos muros do Hipódromo de Cidade Jardim. Enquanto isso, os municípios gaúchos de Bagé-Aceguá produzem 1/3 da produção nacional, o Jockey Club Brasileiro já de algum tempo aprimora a cada ano as suas programações (apesar de não ter uma Diretoria de Turfistas), há alguns haras paulistas e paranaenses que lutam e seguem produzindo bons animais e os centros de treinamento.
Ravagnani disse bem da concorrência que esvaziou o Festival paulista, mas as causas não são difíceis de serem entendidas. O que seria necessário fazer para corrigir a triste realidade? Entre outras medidas, deixar de copiar invencionices ilógicas e atabalhoadas, procurar modernizar o calendário clássico paulista e harmonizá-lo com o ótimo carioca, extinguir a prova que erradamente usa o nome de Taça de Prata e colocar em prática o seu próprio ótimo regulamento original, entender que o turfe brasileiro não está confinado ao regionalismo paulista, mas está aberto aos Centros de Treinamentos, às criações gaúchas, paranaenses e paulistas, que há um permanente intercâmbio entre os vários setores, que na parte técnica das corridas, apesar de uma deficiente Comissão de Corridas do JCB é na Gávea que está já de algum tempo a liderança nacional, entender que a nova Diretoria do JCSP só precisa de tempo para voltar a assumir a liderança nacional. Mas isso tudo está condicionado a detalhes técnicos da maior importância. Por exemplo, o Rio acertadamente tem duas provas de Grupo III para nova geração no mês de abril (machos e fêmeas separadamente), duas de grupo II em maio (também separados machos e fêmeas), e uma prova, uma só prova de Grupo I para os produtos da nova geração, em 1.600 metros, mista aquela que deve indicar o melhor produto de 2 anos da Gávea. O páreo saiu numeroso, qualitativo, espetacular, com 16 boas inscrições. E é nesse mesmo dia que o JCSP (que tem até prova de Grupo I em abril em 1.400 metros restrita para potrancas de 2 anos), realizou o Festival com as suas pálidas quatro provas, um páreo em 1.000 metros em que havia somente um nome de alta expressão, os 2.000 com um nome destacado e mais um também com valor, e as duas tristes provas em 1.600 metros para os 2 anos. E foi nesse mesmo dia da única e espetacular prova de Grupo I para a nova geração na Gávea.
O queixume (?) Ravagnani tem razão, mas também tem solução, é deplorar as conseqüências de uma Diretoria que felizmente já se foi e merece ser esquecida, e ter confiança na Nova Diretoria eleita em março de 2011, que tem todos os atributos necessários para consertar os equívocos, projetar modernidades, preparar um calendário clássico que seja adequado ao turfe Paulista e ao Carioca, que seja inteligente, harmônico, adequado, afim de facilitar ao JCSP à volta à liderança nacional, que é o que tudo indica vai acontecer, pois a nova Diretoria Paulista é composta maciçamente por criadores e proprietários, e a do JCB por sócios não turfistas em sua esmagadora maioria, poucos, muito poucos conhecem e/ou vivem o dia a dia do turfe.
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