TOMBAMENTO SALVA JCSP DE PENHORA E LEILÃO DO HIPÓDROMO PAULISTANO
Perdida nas entrelinhas de reportagem publicada semana passada pelo jornal O Estado de S. Paulo (Prefeitura vai cobrar 394 mil IPTUs atrasados e leiloar imóveis devedores), uma interessante notícia passou totalmente desapercebida pela comunidade turfística. Segundo a reportagem do Estadão, a municipalidade vai penhorar e leiloar 100 imóveis cujos proprietários devem Imposto Predial e Territorial Urbano há mais de duas décadas e estão inscritos na dívida ativa. Outros 394 mil imóveis receberão avisos de cobrança.
Podem entrar no rol de penhorados sedes de clubes de futebol, associações mantenedoras e outras entidades sócio-esportivas como é o caso, por exemplo, do Jockey Club de São Paulo, que, segundo a reportagem, lidera o ranking dos devedores do IPTU com R$ 147 milhões em dívidas (que é de R$ 83 milhões de acordo com a diretoria que geriu o clube até março passado, pois aderiu ao Programa de Parcelamento Incentivado). Só que, aponta a reportagem, “devedores que têm área tombada pelo patrimônio histórico, como o Jockey Club, que lidera o ranking... não poderão ser penhorados”.
O processo de tombamento da área do Jockey Club de São Paulo elimina, por assim dizer, a possibilidade um dia aventada pela Prefeitura de transformar o hipódromo num parque público, como se essa região da zona sul da capital fosse carente de tal tipo de equipamento. Elimina também a possibilidade da construção de novas edificações em toda a extensão dos 620 mil metros quadrados da área, a não ser que o documento final do tombamento delineie o que é histórico e o que não é.
Um problema a menos para a atual diretoria do Jockey Club, que doravante poderá se empenhar pela manutenção dos demais imóveis da entidade como Chácara do Ferreira, Centro de Treinamento de Campinas e Sede da Rua Boa Vista – todos eles, exceto a Sede, envolvidos em um projeto imobiliário levado ao conhecimento dos sócios pela gestão anterior. Entendeu um conjunto de associados, à época, que o projeto não atendia aos interesses da entidade turfística, seguindo-se então um processo na Justiça que, pelo seu lento caminhar, acabou por inviabilizar a transação que levaria à construção de um moderno centro de treinamento na cidade de Porto Feliz, distante cerca de 100 quilômetros da capital. Em troca, construtora e incorporadora responsáveis pela obra construiriam quatro torres empresariais onde hoje se localiza a Vila Hípica de Cidade Jardim, sendo que o JCSP, entre outros pontos positivos, teria participação contratual no faturamento dos estacionamentos dessas torres.
Findo esse processo, ficou a dúvida sobre o futuro do alojamento dos cavalos e dos treinamentos feitos hoje no próprio hipódromo, já que é ponto comum entre criadores, proprietários e treinadores que os centros de preparação fora de áreas urbanas são mais adequados para tais funções. E que os centros atualmente existentes não dariam conta de uma grande expansão com a saída de Cidade Jardim, caso dos bem-sucedidos espaços de Campinas e Porto Feliz. Como resolver essa questão – que é política, econômica e técnica –, será a discussão pautada para os próximos anos para dirigentes do clube, das associações classistas, dos criadores, proprietários e profissionais do turfe.
créditos ...Cyro Queiroz Fiuza/Jornal do Turfe
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