Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

domingo, 9 de outubro de 2011

Especial: O GP Paraná nos últimos anos


Fort Bird: quarto, terceiro e primeiro no GP Paraná

mais um Grande Prêmio Paraná de turfe. Motivo de orgulho para a genuína comunidade turfística paranaense, desde os tempos do extinto Hipódromo do Guabirotuba, o GP Paraná também se reveste, porém, de uma importância cuja abrangência alcança todos os cantos do nosso país.

Várias são as festividades e provas tradicionais disputadas pelo nordeste brasileiro, ou ainda por hipódromos interioranos no Sul do Brasil, onde os parelheiros competem sobre a pista de areia. No entanto, em se tratando de uma avaliação técnica, são somente duas as provas ao longo de todo o calendário clássico nacional que oferecem aos seus inscritos a graduação máxima. Ou seja, somente através dos Grandes Prêmios Paraná e Bento Gonçalves é que um animal poderá vencer um grupo I em pista de areia, no Brasil.

Não apenas nas linhas do Raia Leve, como também em muitas “rodinhas” e reuniões de turfistas (além, é claro, de outros veículos), se manifestam, “volta e meia”, alguns questionamentos em relação ao merecimento – ou não – do nível técnico ostentado pelo páreo, em continuar sendo lastreado por um grupo I. E, na lide desta reportagem, serão levados ao público leitor os resultados dos Grandes Prêmios Paraná disputados do ano 2000 até 2010, de uma forma detalhada em relação aos três primeiros colocados em cada edição, além de observações que sejam pertinentes a alguns casos.

Não seria justo utilizarmos dados advindos de três, quatro décadas atrás, quando as condições do turfe no Brasil eram muito melhores, e através disso o páreo em questão pôde contar com competidores a exemplo de Clackson, Kigrandi, Big Lark, Riadhis etc. Logo, se fará apenas esta retomada partindo da véspera da virada milenar – tentando, justamente, endossar a nossa tentativa de fuga a respeito de qualquer juízo de valoração sobre o assunto, coisa que, em nossa opinião, deve ficar a cargo de cada turfista, de cada leitor.

Isto posto, vamos aos dados:

2000

1º Mr.Pleasentfar – 10 vitórias em 51 saídas produzidas entre Brasil, Emirados Árabes e Estados Unidos – compõe o contingente de cavalos brasileiros que conseguiram vencer provas de grupo na América do Norte – Red Smith Handicap (gr.II).

2º Horowicks – 12 vitórias em 51 saídas – naquele ano venceu 3 provas graduadas na pista de areia, em São Paulo (Grandes Prêmios Piratininga (gr.II), Hipódromo Paulistano (gr.II) e 7 de Setembro (gr.III)), além de ter levado a melhor GP Bento Gonçalves (gr.I), no Cristal.

3º Aiortrophe – 9 vitórias em 41 saídas – ganhador do Grande Prêmio Brasil (gr.I).

2001

1º Impardonnable – 9 vitórias em 18 saídas – Passou invicto pela raia de areia no ano de 2001, vencendo 4 provas clássicas (Grandes Prêmios Presidente do Jockey Club (gr.II), Linneo de Paula Machado (gr.II), Hipódromo Paulistano (gr.II) e 7 de Setembro (gr.III)) em Cidade Jardim, antes do seu desembarque em Curitiba.

2º Wiseguy – 11 vitórias em 38 saídas – Líder de geração e múltiplo ganhador clássico no Paraná, Wiseguy ainda argolou colocações em provas de black-type disputadas na capital paulista (foi terceiro para o próprio Impardonnable no GP Piratininga (gr.II), segundo para Toca Forte no GP 14 de Março (gr.II) e também segundo para Gorylla no GP Oswaldo Aranha (gr.I)).

3º Mucho Diñero – 7 vitórias em 32 saídas – Ganhador do Grande Prêmio Protetora do Turfe (gr.II), em Porto Alegre, onde também levantou clássicos regionais, como os GGPP Ministro da Agricultura e A. J. Peixoto de Castro.

Obs: o 9º colocado nesta edição foi o castanho Gorylla, que dois anos depois venceria o Gran Premio Carlos Pellegrini (gr.I) na Argentina.

2002

1º Baccarat – 7 vitórias em 18 saídas produzidas entre Brasil, Cingapura e Emirados Árabes Unidos – Na sua exibição anterior ao GP Paraná, Baccarat venceu o derby-winner Guacho no Grande Prêmio Pres. Antonio Correa Barbosa (gr.II), disputado em Cidade Jardim.

2º Hero’s Son – 9 vitórias em 35 saídas produzidas entre Brasil e Uruguai – Bicampeão do Grande Prêmio Bento Gonçalves (gr.I) no Cristal, também faturou o GP 7 de Setembro (gr.III) em Cidade Jardim, a Prova Especial Reynato Sodré Borges na Gávea e o Gran Premio Reinauguración Hipódromo Nacional de Maroñas, em Maroñas.

3º Old Saybrook – 8 vitórias em 17 saídas – Vencedor de uma trinca de provas especiais no Tarumã.

2003

1º Nugget do Faxina – 6 vitórias em 33 saídas – Ganhador também do Grande Prêmio 7 de Setembro (gr.III) e do Clássico Delegações Turfísticas (L), em Cidade Jardim – Reprodutor clássico.

2º Reisinho – 4 vitórias em 12 saídas produzidas entre Brasil e Chile – Vitorioso nos Grandes Prêmios Pres. Antonio Correa Barbosa (gr.II, em recorde) e Piratininga (gr.II), em Cidade Jardim, Reizinho foi ainda segundo colocado no Gran Premio Asociacion Latino Americana de Jockey Clubs y Hipódromos (gr.I) e no Gran Premio Hipódromo de Chile (gr.I), disputados no Chile.

3º Del Piero – 2 vitórias em 10 saídas – Primeiro colocado no Clássico Paulo Pimentel (L), em Curitiba.

2004

1º Dá-lhe Grison – 6 vitórias em 31 saídas – Vencedor, além do GP Paraná, de duas Listed Races e uma prova especial, em Curitiba. No Hipódromo de Cidade Jardim foi terceiro no GP 14 de Março (gr.II) e no Clássico 7 de Setembro (L).

2º Special Day – 5 vitórias em 41 saídas – Terceiro no Grande Prêmio Derby Paranaense (gr.III) de 2005.

3º Fort Bird – 8 vitórias em 28 saídas – Quarto em 2003, terceiro em 2004 e primeiro em 2005: foi esta a jornada de Fort Bird no GP Paraná. No início de 2005 foi até Cidade Jardim e levantou o Grande Prêmio Piratininga (gr.II) – prova na qual já havia se colocado em 2004 – sendo que também em São Paulo, o castanho argolou colocação em prova de grupo I (foi quinto no GP Oswaldo Aranha (gr.I) de 2004, vencido por Thignon Boy).

2005

1º Fort Bird – Vide acima.

2º Escriba – 4 vitórias em 21 saídas – Também quinto no ano anterior, e quarto no ano seguinte, Escriba obteve ainda colocações em provas especiais e de Listed Race, no Paraná, assim como colocou-se em provas clássicas disputadas na capital paulista (foi quarto no GP Piratinga (gr.II) vencido pelo já citado Fort Bird, segundo para Top Hat no GP Linneo de Paula Machado (gr.II) – páreo no qual finalizaria em quinto no ano seguinte – e quinto no Clássico 9 de Julho (L)).

3º Thompson Rouge (IRE) – 6 vitórias em 22 saídas produzidas entre Brasil, Estados Unidos, França e Itália – Vencedor ainda de uma prova especial em Curitiba e do Grande Prêmio Pres. Rafael A. Paes de Barros (gr.II) em São Paulo, Thompson Rouge, em pistas estrangeiras, conseguiu colocações em provas como o Prix du Conseil de Paris (gr.II, tirou segundo), Prix Hocquart (gr.II, tirou terceiro) e Woodward Stakes (gr.I, tirou quinto).

Obs: o 13º colocado, Deuteronômio, havia finalizando em quarto no GP Brasil (gr.I) e em quinto no GP São Paulo (gr.I) daquele ano. Em seu retrospecto, observamos, dentre outras colocações clássicas, vitórias nos Grandes Prêmios Antonio da Silva Prado (gr.III) e Linneo de Paula Machado (gr.III).

2006

1º Fogonaroupa – 5 vitórias em 33 saídas – Vencedor ainda de uma prova especial no Tarumã e quinto colocado no Grande Prêmio Derby Paranaense (gr.III).

2º Bucaneer – 5 vitórias em 36 saídas produzidas entre Brasil, Peru e Uruguai – Terceiro no GP ABCPCC – Velocidade (gr.III) no Tarumã, e quarto no GP Shiphon (gr.II) em Cidade Jardim, Bucaneer foi ainda primeiro colocado no Gran Premio de Honor (gr.II) e segundo no Gran Premio Jose Pedro Ramírez (gr.I), ambos disputados em Maroñas.

3º Sib Danzig – 9 vitórias em 48 saídas – Finalizou também em terceiro no Grande Prêmio José de Souza Queiroz (gr.III) e quarto no Grande Prêmio Siphon (gr.II) – embates estes promovidos em Cidade Jardim.

Obs: o 5º colocado, Pantaleon, vencedor do Clássico 9 de Julho (L), em Cidade Jardim, finalizaria em terceiro no Grande Prêmio São Paulo (gr.I) de 2007, mesmo ano no qual se colocou em duas provas de grupo disputadas na Gávea.

2007

1º Alucard – 7 vitórias em 21 saídas – Ganhador, também, dos Grande Prêmio Professor Nova Monteiro (gr.III) e do Clássico Inverno (L) na Gávea, Alucard, em terrenos paulistanos, foi o quarto no Grande Prêmio Piratininga (gr.II) e no Clássico 9 de Julho (L).

2º Uno Campione – 5 vitórias em 16 saídas – Múltiplo ganhador clássico e recordista em Curitiba, foi o primeiro colocado no Grande Prêmio Derby Paranaense (gr.III), Clássico Alô Ticoulat Guimarães (L) e no Clássico Delegações Turfísticas (L), sendo este último promovido em Cidade Jardim. Foi o quarto colocado no GP Paraná do ano seguinte, mesma posição por ele ocupada nas edições 2009 e 2010 do Grande Prêmio Piratininga (gr.II).

3º Recompensado – 5 vitórias em 18 saídas – Ganhador do Clássico Delegações Turfísticas (L) em Cidade Jardim e dos Grandes Prêmios Governardor do Estado de Pernambuco e Edísio Pereira, realizados no Hipódromo de Madalena.

2008

1º Tango Uno – 2 vitórias em 13 saídas produzidas entre Brasil e Estados Unidos – Segundo no Grande Prêmio Ricardo Lara Vidigal (gr.III) em Cidade Jardim, Tango Uno foi exportado para a América do Norte logo após vencer o GP Paraná.

2º Ama-Tiri – 4 vitórias em 20 saídas – Para encarar o GP Paraná de 2008, o alazão trazia duas vitórias seguidas, obtidas nos Grandes Prêmios Pres. Antonio Corrêa Barbosa (gr.II) e Ricardo Lara Vidigal (gr.III), disputados em Cidade Jardim. Também em São Paulo, foi ele segundo e quarto, respectivamente, nos Grandes Prêmios Antenor de Lara Campos (gr.II) e Duplex (gr.II).

3º Amigo Gaúcho – 8 vitórias em 33 saídas – No mesmo ano em que foi terceiro no GP Paraná, já havia finalizado em segundo nos Grandes Prêmios Francisco Eduardo de Paula Machado (gr.I) e Cruzeiro do Sul (gr.I), disputados na Gávea. Posteriormente, venceu 4 grandes prêmios em Madalena, no Recife.

Obs: o 5º colocado, Starman, foi bicampeão do Grande Prêmio Bento Gonçalves (gr.I), disputado no Cristal, e também primeiro colocado no Grande Prêmio Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (gr.III), e nos Clássicos Primavera (L) e Much Better (L), disputados na Gávea.

2009

1º Mr.Nedawi – 14 vitórias em 38 saídas produzidas entre Argentina, Brasil e Uruguai – Também ganhador de provas de graduação máxima por ocasião do Gran Premio Dardo Rocha (gr.I, ARG) e Jose Pedro Ramírez (gr.I-URU), Mr.Nedawi, que segue, até hoje, em campanha na Argentina, venceu recentemente, neste país, o Clásico Belgrano (gr.III). No Hipódromo de Cidade Jardim, onde iniciou sua campanha, nunca foi derrotado em pista de areia (chegou a se tornar recordista dos 2.200 metros), raia na qual faturou os Grandes Prêmios Piratininga (gr.II) e Pres. Antonio Corrêa Barbosa (gr.II), tendo sido bicampeão em ambos os páreos. Também conta com vitórias na grama do Hipódromo Paulistano, onde levantou os Grandes Prêmios Oswaldo Aranha (gr.III) e S.C.P.C.C.S.P. (gr.III).

2º Brilhante Mineral – 3 vitórias em 27 saídas – No Hipódromo de Cidade Jardim, foi segundo no GP Ricardo Lara Vidigal (gr.III), terceiro no GP Pres. Antonio Corrêa Barbosa (gr.II) e quarto no Clássico 9 de Julho (L). Na Gávea, arrematou em quinto no GP Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro (gr.III).

3º Rei do Rock – 3 vitórias em 8 saídas produzidas entre Brasil e Uruguai – Segundo colocado no GP Derby Paranaense (gr.III), que marcou a Tríplice Coroa de Vitalino Mestre, Rei do Rock foi exportado para Maroñas após a sua exibição no GP Paraná. E no Uruguai, o neto de Baligh argolou um quarto no Clásico Carlos Pellegrini (gr.III), vencido pelo ganhador de grupo I, Relento.

2010

1º Jaburú Vip – 2 vitórias em 5 saídas – Antes de vencer o “Paraná”, Jaburu Vip já havia escoltado Nebbione no GP Pres. Carlos Paes de Barros (gr.II), disputado em Cidade Jardim. Exportado para o Uruguai, o alazão, vitimado por uma laminite, foi sacrificado este ano, antes mesmo de estrear em Maroñas.

2º Landau – 4 vitórias em 19 saídas – Em Cidade Jardim foi o segundo colocado no Clássico 9 de Julho (L), terceiro no Clássico Delegações Turfísticas (L) e quarto no Clássico Ano Novo (L).

3º Nozze di Fígaro – 8 vitórias em 29 saídas – Contra as fêmeas, venceu o Clássico Donética (L) em Cidade Jardim e foi segunda colocada no Clássico Octavio Dupont (L), na Gávea. Já competindo em meio aos machos, Nozze di Fígaro levantou, na capital paulista, o Clássico 9 de Julho, e, na Gávea, foi a primeira colocada no Grande Prêmio Professor Nova Monteiro (gr.III) e no Clássico Delegações Turfísticas (L).

Obs: o 9º colocado, Jéca, finalizaria em quarto no GP Derby Paulista (gr.I) do mesmo ano, vencido por Xin Xu Lin. Vitorioso nos Grandes Prêmios Linneo de Paula Machado (gr.III) e Natal (gr.III), além do Clássico Pres. Rafael A. Paes de Barros (L), disputados em Cidade Jardim, Jéca arrematou em segundo para Timeo e Too Friendly nos GGPP São Paulo (gr.I) e ABCPCC Matias Machline (gr.I), respectivamente, além de ter finalizado em terceiro no GP Brasil (gr.I) vencido por Belo Acteon.

Expondo tal levantamento, e alcançando o intuito de, não apenas “apimentar”, como também de embasar novas discussões a respeito do tema, passamos o foco ao GP Paraná deste ano. Com 10 animais inscritos, dos quais 3 são ganhadores de provas clássicas (corridas em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro), muito se comenta – e se discute – sobre a proximidade com o GP Pres. Antonio Corrêa Barbosa (gr.II) ter debilitado a composição do lote, e a respeito da possibilidade do nome do favorito Jéca ter “espantado” alguns competidores (principalmente os radicados em São Paulo, que teriam correndo “em casa” o já citado páreo, sem a necessidade do deslocamento até Curitiba para enfrentar o defensor do Haras Rio Iguassu). Mas entre acertos e desacertos, opiniões concordantes e divergentes à parte, a única certeza é de que a festa pede passagem em Curitiba, mais uma vez. E que vença o melhor.

por Victor Corrêa
foto Raia Leva

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