É uma das mais tradicionais provas brasileiras, uma das mais antigas do calendário clássico nacional. Antes da construção do Hipódromo Tarumã, as corridas eram no velho Hipódromo do Guabirotuba. Alguns hábitos amadorísticos atravessaram os anos, e como quando do GP Bento Gonçalves, a raia é invadida por gente inadequada, que teria que ser proibida da invasão, se querendo aparecer e perturbando aqueles que tem o direito de participar. É uma marca de falta de segurança, e pior do que isso, enseja a possibilidade do contato de estranhos com o cavalo e com o jóquei, dando oportunidade a irregularidades. É uma pena, que isso aconteça todos os anos.
Por outro lado, a fidalguia como os “forasteiros” são tratados, é digna de nota. Os bons turfistas paranaenses recebem os cariocas, os paulistas e os gaúchos de braços abertos.
O GP Paraná teve a sua primeira realização em 1942, quando foi vencido pelo rosilho argentino Con Ochos, de propriedade de Manoel Ribas, então interventor no Estado do Paraná. Um administrador inteligente e capacitado, na verdade, um benemérito do turfe paranaense, que além da implantação pelo governo do Estado, de núcleos de preparação de pessoal especializado em todos os aspectos criacionais do cavalo de corridas (casqueiros, nutrição, cuida dos animais, administração da atividade, manejo etc), ainda determinou um desconto especial nos impostos dos fazendeiros que tivessem pelo menos uma égua P.S.I. em criação. Com essa ideia singular, disseminou a prática da criação do puro-sangue de corridas, no Estado.
Os deuses do turfe entenderam de premiar Manoel Ribas com o privilégio de ele ser o proprietário do primeiro ganhador do GP Paraná, que desde 1942 só não foi realizado uma vez, em um ano em que a gripe eqüina impediu a realização de corridas por alguns meses (hoje em dia, e já de algum tempo, a prática da obrigatória vacinação específica anual corrigiu esse problema).
A raia de areia do Tarumã é peculiar, tem muita areia, é fofa, e é comum cavalos que nela trabalham pela primeira vez enfrentarem problemas até para firmar, o que naturalmente é corrigido com a sequência dos trabalhos. Quando chove, a raia fica mais firme, ensejando, como no Paraná de 2011, um tempo a décimos do recorde. Aliás, a impressão que ficou do páreo foi a de que, se Altair Domingos não tivesse sabiamente corrido para não arriscar a perda, se em lugar disso deixasse Jéca dar vazão às suas qualidades mesmo desrespeitando a vantagem de 7Kg que dava ao seu único competente competidor, o recorde teria sido batido.
A terra de jóqueis de altíssima classe como Luiz Rigoni, Antonio Bolino, Pierre Vaz, Altair Domingos e muitos outros, além de treinadores renomados como Elidio Pierre Gusso, Pedro Nickel, Anísio Andretta, Eduardo Gosik, e tantos outros bons jóqueis e treinadores.
Muitos cavalos muito bons, e muitos ótimos tiveram grande repercussão como Much Better, Sandpit e Giant, dentre outros, mas sempre fora das pistas paranaenses, pois as condições locais são insuficientes. Se é que há alguma responsabilidade a respeito, salta aos olhos a acomodação do Jockey Club do Paraná, que através dos muitos anos não luta adequadamente para uma real melhoria das suas corridas, satisfeito em ter uma prova secundária, mas classificada como Grupo 1. O primeiro passo, para uma real melhoria, seria manter uma comissão permanente e ativa dirigida especificamente para esse setor, mantendo um relacionamento maior e melhor possível com os proprietários dos melhores cavalos em atividades em Cidade Jardim e Gávea, para que eles prestigiassem as melhores provas do Tarumã, essas preparadas para prêmios melhores.
Não sou eu que serei ou posso indicar os melhores caminhos para uma evolução técnica e financeira, na prática, são os dirigentes do Jockey Club do Paraná que deveriam intensificar os seus esforços para melhorar, e não ficarem acomodados com a injusta classificação da sua maior prova anual.
por Milton Lodi
Nenhum comentário:
Postar um comentário