Fraudes em plantões provocam demissões
Nomeado no fim da tarde de segunda-feira (20) como interventor do Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), Luís Cláudio de Azevedo Silva tem prazo de 60 dias para fazer um diagnóstico dos problemas assistenciais e administrativos nos três hospitais que integram o complexo – Santa Lucinda, Leonor Mendes de Barros e Regional.
As denúncias da polícia e do Ministério Público já provocaram duas baixas no governo estadual. O coordenador estadual de Saúde, Ricardo Tardelli, pediu demissão. Ele é acusado de ter conhecimento do esquema de fraudes.
No dia anterior, o secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Jorge Roberto Pagura, que é médico do SUS (Sistema Único de Saúde), pediu demissão após gravações autorizadas pela Justiça que mostravam o seu envolvimento no esquema. Pagura nega o envolvimento e afirma que não tinha vínculo salarial com o hospital.
Diretor executivo do Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), Luís Cláudio é esperado em Sorocaba (90 km de São Paulo) ainda nesta terça-feira (21) para tomar conhecimento da situação e conversar com médicos e enfermeiros.
Na noite de segunda-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) determinou que sejam realizadas auditorias em todos os hospitais do Estado onde são realizados plantões. As unidades de saúde envolvidas na denúncia terão de fazer um levantamento de todos os plantões realizados nos últimos três anos. O governador determinou ainda a implantação de pontos eletrônicos, em 90 dias, em todos os hospitais do Estado.
Na quinta-feira passada, 12 pessoas foram presas acusadas de participar de um esquema de fraudes em escalas de plantões e desvios de verbas públicas. Oito ainda seguem detidas. Três foram liberadas pela polícia e aguardam as investigações em liberdade. O então diretor do CHS, Heitor Consani, também conseguiu a liberdade provisória, no sábado, por meio de um habeas corpus.
De acordo com a policia, 40 pessoas eram favorecidas pelo esquema. Elas recebiam por plantões não trabalhados. A quadrilha pode ser indiciada por estelionato, falsificação de documentos, fraudes e favorecimento em licitações.
A prisão dos oito suspeitos foi prorrogada pelo menos até sábado (25). “Os suspeitos terão de ser ouvidos novamente, pois recebemos mais informações de testemunhas”, informou o delegado do Grupo Antissequestro de Sorocaba (GAS), Wilson Negrão. “Cerca de 50 funcionários do CHS estiveram aqui (no GAS) levando mais denúncias que confirmam a fraude.”
O promotor de Justiça Wellington Veloso calcula que as fraudes sejam de milhões de reais. “Já existe uma denúncia confirmada de favorecimento em licitação no valor de R$ 5 milhões”, disse.
As escutas telefônicas revelam que o diretor do Conjunto Hospitalar mostrou um edital de licitação antes da publicação no Diário Oficial, o que é proibido. Além disso, o hospital receberia materiais muito inferiores aos que constavam nas notas fiscais. “Temos milhares de páginas de documentos para analisar”, diz Wilson Negrão.
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