Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Foi dada a largada, por Jéssica Dannemann

“Agenda de eventos”, o flagelo de uma auto-condenação

Introdução

Após tentativa frustrada de valorizar a escola de aprendizes a jóquei no justo instante em que tentava judicialmente desvalorizar os profissionais lutando para cortar-lhes o seguro saúde, a atual administração do JCB enfim reconhece a sua culpa.

Com uma nota no site oficial, denominada “Agenda de Eventos”, que a princípio teria sido publicada apenas com interesses políticos, o “presidente” LECCA acaba de assinar embaixo dos inúmeros artigos de protesto e ações de salvaguarda, proporcionados por uma oposição que vem se constituindo no único ativo que o clube conseguiu formar nos últimos 12 anos.

A confissão

O “presidente” anuncia que em 2012, o clube vai conseguir R$ 2,5 milhões com a locação de parte do vasto espaço disponível, e ainda, através disso, angariar a verba necessária das empresas produtoras de eventos para financiar 70% das “Copas” programadas para o próximo ano, conforme descrito na publicidade.

A “nota”, com pretensões outras, involuntariamente, acaba por confessar aos sócios, aquilo tudo que a oposição vem denunciando e cobrando com enorme sentimento de propriedade durante os últimos quatro anos (e porque não dizer doze) quando as três últimas administrações deixaram de arrecadar com os eventos anunciados, no mínimo R$ 30 milhões de reais, número muitas vezes superior ao obtido com o proibido, questionado e investigado aluguel da nossa Carta Patente, que levou de quebra a nossa honra e o CNPJ do clube.

O flagrante da nudez

Como escreveu o doutor Marcello Macedo, em brilhante texto que chegou as minhas mãos recentemente: “o rei ficou nu!”, sendo a matéria do site, um verdadeiro auto-retrato do flagelo de uma administração que passou todo o mandato tentando utilizar perversamente as áreas do clube (conseguindo em algumas oportunidades como no caso do Armazém) deixando de tirar proveito coletivo de uma vasta estrutura disponível.

Percebe-se pelo anúncio do JCB que sai a LECCA Financeira (Que com 10 mil reais conseguiu frequentar durante meses a capa do clube na Internet) e entra a Almanaque Produções.

Chega a Original Eventos e desaparece o Haras das Estrelas.

Sai de cena o Vale do Itajara e entra em seu lugar o Expresso do Oriente, enquanto o Stud TNT dá lugar a uma festa de reveillon.

No peão do prado some de vez uma famigerada “praça púbica” de um enlouquecido Boulevard e entra o Fashion Business, enquanto a Feira Hype, trazida ainda no final dos anos 90, vai seguir ocupando a área que um dia foi “trabalhada” em Brasília para servir de estacionamento para a exploração de uma “feira” de máquinas caça-níqueis ao sabor da máfia dos jogos de azar.

Parágrafo único

Fico só imaginando o dia em que o clube conseguir voltar a arregimentar também parceiros de peso, atrair marcas consagradas, formadoras de opinião, que possam patrocinar integralmente muitos Grandes Prêmios da programação clássica como já foi feito em grande número no passado.

As conquistas da oposição

A oposição conseguiu manter viva e erguida as Vilas Hípicas;
A oposição conseguiu recuperar a estrutura de treinamento que estava totalmente destruída;
A oposição conseguiu evitar a “caçaniquelandia” no interior das tribunas;
A oposição conseguiu desvendar o esquema ilegal de uma banca de apostas;
A oposição denunciou a lavanderia espanhola;
A oposição conseguiu obstruir a destruição de novos armazéns;
A oposição conseguiu moralizar as assembléias de Prestação de Contas;
A oposição está moralizando a contabilidade do JCB;
A oposição vem conseguindo levantar os tapetes e abrir as gavetas do clube;
A oposição conseguiu preservar o seguro saúde dos profissionais do turfe;
A oposição está cobrando na justiça a reparação de todos os prejuízos do clube;
A oposição conseguiu até mesmo que a atual administração conseguisse agora pronunciar a palavra marketing, criando uma “agenda de eventos”, pasmem os menos céticos;
A oposição conseguiu finalmente tirar a roupa do rei ao deixá-lo nu diante de um inferno sem qualquer precedente na história do clube.

Mas a oposição vem realizando algo ainda mais valioso do que tudo isso ao preservar a Carta Patente e a Lei do Turfe, conseguindo mantê-las de pé, em franco vigor. A oposição está conseguindo ainda, no lugar do clube, fomentar a criação nacional de PSI, deixando acesa a chama da esperança na mesa de toda classe de operários do turfe nas regiões mais distantes do país.

A missão decisiva

A oposição precisa agora decidir por um novo Presidente para comandar o clube, realizar a tarefa de escolher alguém que possa se apresentar à altura de tudo aquilo que foi feito nos últimos anos, à custa de muito desgaste, sacrifício, dinheiro e principalmente obstinação.

O Jockey Club Brasileiro está esperando por um Presidente que respeite os equipamentos sociais, mas que represente com clareza os interesses primordiais de um clube hípico, sejam dos turfistas a ele associados, dos funcionários, dos profissionais, dos criadores, dos proprietários e de seus brilhantes cavalos de corrida, que devem estar acima dos próprios sócios e de qualquer outro interesse.

O Jockey Club Brasileiro precisa agora de um Presidente que possa dar continuidade a um legado surpreendente de conquistas obtidas pela oposição em meio a todo o caos instalado, que só foram possíveis graças a ações firmes e objetivas, que não só conseguiram impedir a ruptura definitiva da instituição como barrar a demolição de outras maternidades fundamentais da atividade hípica.

A vigília

Hoje, um contingente enorme de pessoas tem a oposição como grande baluarte, reconhecem nela a insigna da luta pelos direitos do clube, vulnerados por uma administração nociva que há muito já perdeu a governabilidade, que perdeu a moral diante do MPF, a credibilidade diante da justiça, o respeito diante dos proprietários e criadores, mas, sobretudo, perdendo a confiança dos profissionais, que hoje se envergonham abraçados pelas calçadas, segurando faixas de protesto para garantir direitos tão primários a luz de toda sociedade.

A oposição, portanto, não pode parar de escrever nunca, ao contrário, precisa intensificar a escrita, renovar a carga das canetas, manter os olhos abertos e ocupar com dignidade os postos de sentinela. A oposição precisa caminhar com seu dever inafiançável de proteger os corredores do clube, para que hoje e sempre, esta marcha de pessoas de bem possa seguir revertendo com sucesso ações criminosas diante de objetivos menores que não espelhem a importância da instituição, a tradição do clube e a riqueza das corridas de cavalo.

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