Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sábado, 17 de dezembro de 2011

Floreando, por Milton Lodi


SITUAÇÕES E PERSPECTIVAS

As perspectivas para o turfe brasileiro, para os próximos anos, ainda não estão definidas. No que diz respeito à criação, a coragem dos criadores que investem em terras gaúchas, e também em proporções menores em São Paulo e no Paraná, trazendo da Europa garanhões em regime de “shuttle” de superior categoria, certamente, elevará substancialmente o padrão de nossos corredores. Aliás, com o declínio evidente do turfe sul-americano, principalmente, da Argentina, em função de importações desastradas, importando reprodutores dependentes de drogas para correr e sempre visando distâncias curtas, isso resultou no prevalecimento do cavalo brasileiro.

Assim, no momento atual, e pelo menos até mais alguns anos, o Brasil vai bem. O que prejudica a melhoria mais intensa é a baixa premiação oferecida pelos clubes, isso se refletindo, naturalmente, na valorização adequada dos animais e desanimando boa parte dos criadores, com isso mantendo a produção nacional em apenas cerca de 3.000 (três mil) potros/ano. Os Estados de São Paulo e do Paraná estão com a produção numérica aquém de suas possibilidades. Só para lembrar, o Paraná tinha pelo menos até há pouco, 750 (setecentas e cinqüenta) éguas reprodutoras registradas, equivalendo aproximadamente a 600 (seiscentos) potros/ano, enquanto que só no município de Bagé/Aceguá, no RS, nascem 1.000 (mil) potros/ano.

Há um evidente desânimo e/ou uma falta de perspectiva, o que resulta em menor produção do que seria desejado. É claro que o que acontece nos clubes promotores de corrida se reflete na coletividade. O Jockey Club do Paraná está desde algum tempo, desde 1º de março de 2011, em mãos daqueles que perderam as eleições, e que se mantém nos cargos por práticas judiciais. A Vila Hípica do Tarumã está diminuindo, não há folga no número de boxes, as corridas são de padrão sofrível e os prêmios muito pequenos.

Os programas de corridas, que são quinzenais, muitas vezes, são feitos com pressão da Diretoria, ante a falta de inscrições espontâneas suficientes. O Jockey Club do Rio Grande do Sul atravessa, há doze meses, um bom momento financeiro, o padrão de sua cavalhada melhorou, realiza programas semanais e, além disso, está no Estado maior produtor de cavalos de corridas do nosso país, em qualidade e quantidade. O Jockey Club de São Paulo, após alguns anos em mãos delirantes e inadequadas, está agora nas mãos dos turfistas. As evidentes melhoras mostram que ele está a caminho de reassumir a liderança nacional, é só esperar que decorram uns dois anos de trabalho da sua atual Diretoria.

Já, no setor criacional, São Paulo decaiu muito, muitos haras fecharam por motivos vários, e embora ainda seja um importante centro criacional, a incompetência da Direção do Clube, por vários anos refletiu-se na criação. Esses dois Estados: Paraná e São Paulo precisavam desde logo, aumentar o volume de suas produções, pois a decadência qualitativa e numérica dos cavalos norte-americanos concomitantemente com o crescimento do turfe chinês vai proporcionar um grande volume na necessidade do abastecimento dos oito ou dez hipódromos novos em construção na China. Essa demanda será de mais de 10.000 (dez mil) animais, que correrão sob regulamentos europeus, isto é, com proibição de medicações para correr. Os animais sangradores não terão vez.

O Jockey Club Brasileiro é atípico, pois dos quatro maiores é o único que não conta com o suporte de uma criação do próprio Estado e que aguarda uma eleição em maio de 2012. No momento, o Jockey Club de São Paulo conta com uma Diretoria de turfistas, por isso, ele vai voltar a assumir a liderança nacional, e o Jockey Club Brasileiro, pelo menos até maio de 2012, tem uma Diretoria em grande parte bem intencionada, mas constituída em sua maioria por turistas e não turfistas. A diferença de uma Diretoria de bons turfistas e de uma de bons turistas é enorme, não é uma diferença, mas a diferença.

O Jockey Club de São Paulo tem como objetivo maior o possível permanente aumento de prêmios, lutando com a péssima situação financeira deixada pela Diretoria anterior, e o Jockey Club Brasileiro, em boa situação financeira e podendo melhorar os baixos prêmios, prefere encaminhar os recursos para fazer mais piscinas, quadras de tênis etc. No último aumento dos prêmios, o Jockey Club Brasileiro teve que acompanhar o Jockey Club de São Paulo, que à base de sacrifícios havia determinado o novo aumento. O atual Clube rico copiando a prática do atual Clube pobre. Alguém pode ainda ter dúvidas quanto ao que deve acontecer ao final de mais dois anos?

Vamos aguardar as eleições do Jockey Club Brasileiro em maio de 2012.

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