Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Entrevista com o criador e proprietário Luiz Antonio Ribeiro Pinto


A proximidade do dia 15 de abril, data da realização das etapas finais das Tríplices Coroas cariocas - este ano com candidatos entre os potros (Plenty of Kicks) e entre as potrancas (Old Tune) – mexe com todos os turfistas e, mais especialmente, com todos os que estão diretamente ligados aos competidores mais visados.

Hoje, entrevistamos Luiz Antonio Ribeiro Pinto, titular do Stud São Francisco da Serra, criador e proprietário de Plenty of Kicks, ganhador das duas primeiras provas da Coroa com o campeão Jorge Ricardo. Ele fala com carinho do passado, mostra a expectativa com o futuro mais próximo e revela seus sonhos.

RL - Como começou no turfe?

Aos 7 anos, pelas mãos de meu pai, Francisco de Paula Pinto. Ia assistir às corridas de cavalos espetaculares da época, principalmente as dele, tais como as argentinas Chenille e Terzica, entre outros. De manhã, ele me levava para a cocheira de Claudemiro Pereira, onde comecei a ter contato mais próximo com os cavalos.

RL - Qual a razão do nome do stud?

Uma homenagem a meu pai, nascido em Petrópolis. Por isso, o nome de São Francisco da Serra.

RL - Como se sente perto de ter um produto tríplice coroado no Rio?

Como qualquer turfista se sentiria, ansioso para a concretização desse sonho e feliz por ter chegado até aqui.

RL - Plenty of Kicks é mesmo o seu melhor produto até agora?

Sem dúvida, é o meu melhor produto de minha criação e propriedade. Invicto na grama e ganhador de seis provas, inclusive de quatro Grupo I.


RL - Quais são seus outros destaques?

Lapslap, filho de Slap Jack e La Pileta, ganhador de prova de Grupo e de Listed em 1.000 metros; a geração da minha letra “H”, que revelou Tanta Honra, Lignon’s Hero, Ursula’s Home, West Hope; na geração seguinte, Northern Ireland; depois, Le Kinoplex e Sending Kisses. Para o ano que vem, tem um potro que está pitando maravilhoso, Tanto Luxo é o nome dele (irmão próprio de Tanta Honra).

RL - Qual é a fórmula para produzir tantos craques?

Muita paciência, persistência, amor ao turfe e estudo de linhagens. Um grande amigo, Sergio Barcellos, é meu guia para a escolha das linhagens. E claro, ter muita sorte também. Além disso, conto com Ulisses Lignon Carneiro, que me entrega os potros criados, prontos e perfeitos.

RL - Você adquiriu o Crimson Tide, de grande sucesso, após muitos estudos e análises. Há outro garanhão em vista?

Estava em Londres, abri um catálogo de animais em treinamento e deparei com Crimson Tide, filho do excelente Sadler’s Wells em égua da criação Aga Khan. Comprei-o no escuro. E sozinho, arcando com todas as despesas trouxe-o para o Brasil. Plenty of Kicks será garanhão meu no futuro. E ainda tenho Eco Challenger, com quem pretendo cobrir filhas de Crimson Tide. Eco Challenger é um Royal Academy, descende da linha da Vada, que era de meu pai, ganhadora de oito carreiras do Grupo I. Do Plenty of Kicks eu não me desfaço por nada. Hoje vivo pensando nele, acordo e durmo com ele na mente e no coração.

RL - Nesse bom momento do Stud São Francisco da Serra e você sendo um turfista internacional, alguma matriz recentemente adquirida ou sendo comprada para tentar produzir um campeão, que é o sonho de qualquer criador?

Importo sempre grandes ventres. Comprei entre outras a Tana-Am, mãe de Tanta Hora, e também adquiri a alemã Cameo Role (por Akathenango). Recentemente, importei uma filha do Galileo chamada Bombey Bicicle, cheia de Alfred Nobel, cobertura por indicação de Sergio Barcellos. Tenho por preferência a Europa para as minhas importações,especialmente por os cavalos não serem medicados naquele continente.


RL - Qual a maior alegria que o turfe lhe proporcionou?

Ver o Plenty of Kicks ganhar a milha internacional tão cedo. Ele tinha apenas 3 anos na época. Falei com o Julio (Cezar Sampaio, treinador) que devíamos inscrevê-lo naquela prova contra os mais velhos e experientes. Deu certo, embora o “Alemão” achasse prematura a inscrição.

RL - Cite um páreo inesquecível.

Autoridade Maxima ganhando a milha internacional paulista de 2005 em marca recorde.

RL - Qual o melhor jóquei que você já conheceu?

Tenho três jóqueis de minha preferência, mas de épocas diferentes. O primeiro foi o argentino Irineo Leguisamo. Depois, o inglês Lester Piggott. Hoje, evidentemente, Jorge Ricardo, o nosso campeão.

RL - Que cuidados especiais são tomados por sua equipe nos dias de grandes clássicos?

Todos os cuidados possíveis e especiais. O Sampaio é muito responsável, caprichoso e meticuloso e todos da equipe o respeitam. Sampaio é completo. Por exemplo, a cama de Plenty of Kicks tem 70 sacos de serragem. A equipe é fantástica, e todo cuidado é pouco para um grande campeão como ele. Temos o cavalariço Sirlei, que cuida com carinho dos meus cavalos. E os veterinários Cristina Vieira e Flavio Carneiro, que dão um suporte maravilhoso para o “Alemão”.

RL - Fale um pouco mais sobre Plenty of Kicks. Suas manias, tipo de treinamento, cuidados especiais, alimentação, se costuma trabalhar bem, qual é o planejamento?

Foi um cavalo excepcional desde que chegou. É muito manso. Quando potro, o Alemão vaticinou: "Esse é o potro". Não tem mania alguma, graças a Deus. É muito fácil de manusear. O “Alemão” faz seus treinamentos visando a abrir seu fôlego. Apenas nos aprontos Plenty of Kicks é um pouco mais exigido. Ainda assim, sem exageros - e assim ele segue ganhando sempre.

RL - Que sonhos Luiz Antonio Ribeiro Pinto acalenta?

Construiu-se um sonho para mim após a primeira prova e a Tríplice Coroa tornou-se o maior sonho e talvez possa com a conquista dela compensar uma grande decepção de meu pai, em 1971, com a derrota de Fitz Emilius para Orff na Tríplice Coroa paulista. Sempre me lembro de meu pai, meu mentor no turfe. No futuro, seja o que Deus me reservar nesse mundo do turfe.

por Rodrigo Pereira
copiado do Site Raia Leve

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