Jeane Alves
sexta-feira, 6 de abril de 2012
C.G.Neto, o Gugu, dá primeiros passos como treinador, por Paulo Gama
Aos 38 anos, César Gustavo Neto, o popular Gugu é conhecido dos turfistas há muito tempo na atividade de jóquei. Mas nos últimos cinco anos ele começou a flertar com a profissão de treinador. Jorge Marcondes, titular da Fazenda e Haras Harmonia, incentivou Gugu a se dedicar por completo no preparo dos seus cavalos. Os resultados foram aparecendo com os animais da própria coudelaria e também os do Stud Alto da Boa Vista e Stud Cristo Redentor. Motivado com o novo trabalho, ele decidiu enfrentar o calor do verão carioca no Posto de Fomento, em Teresópolis. As evidentes melhoras dos puros-sangues tem dado a certeza ao jóquei que também vai obter sucesso no que ele chama de uma nova jornada.
“Eu nunca tive problemas de peso. Até hoje mantenho os 53 quilos e meio sem maiores esforços. A profissão de jóquei só é desgastante para aqueles que lutam contra a balança. O perigo das quedas é comum a todos, uma realidade da profissão. Com o passar dos anos a gente aprende a lidar com o fantasma da possibilidade de sofrer algum acidente nos treinos ou nas corridas. Treinar é mais complicado. É como se fosse um jogo de xadrez. Os cavalos não falam, mas sempre dão algum indício de que você está fazendo o que eles precisam ou não. Mas tem sempre alguma novidade na cocheira e sem dúvida absorve mais tempo do seu dia a dia”, explica.
Gugu faz questão de lembrar que foi criado dentro de uma cocheira por que seu pai, o treinador Daniel Neto, lhe ensinou a lidar com os cavalos desde de criança. Aos 12 anos, ele já sabia aplicar soro nos animais e também cuidar do serviços comuns a qualquer cavalariço. Admite ter aprendido bastante observando o pai no dia a dia, mas o seu jeito introvertido, bem diferente dele próprio, nunca permitiu conversas demoradas sobre treinamento. A profissão de jóquei, entretanto, lhe permitiu montar para vários treinadores famosos e ele faz questão de afirmar que aprendeu muitos detalhes com cada um destes mestres.
“O fato de ter sempre trabalhado com grandes profissionais me proporcionou pegar um pouco de cada um. Com o João Limeira percebi a necessidade de ser agressivo nos treinos para os cavalos estarem sempre em forma. Com o Bebeto Morgado aprendi a importância de ser detalhista para não esquecer coisas fundamentais que as vezes são colocadas de lado pelo foco ficar apenas na parte principal. Com o Mário Campos tive uma lição de simplicidade. A sua maneira de tratar a todos de sua equipe com atenção e conversa, mas sem exercer qualquer tipo de pressão. Tem pessoas que não lidam bem com a pressão e acabam fazendo alguma besteira que pode por tudo por água a baixo. E com João Maciel, que foi um gênio, consegui ter a dimensão exata do valor de ser arrojado. Identificar a real capacidade de cada cavalo e se ele for bom e estiver em forma ter a confiança de que pode enfrentar qualquer páreo por mais forte que seja”, ensina.
Os problemas de joelho e na coluna cervical motivaram Gugu a se dedicar a sua nova profissão. Ele já pensa em parar de montar e só não tomou a decisão de forma definitiva por que pretende primeiro deslanchar como treinador. “No momento eu cuido de 15 cavalos apenas. São 12 no Posto de Fomento, em Teresópolis e três na Gávea. Pretendo montar por algum tempo ainda. Pelo menos até me sentir seguro de que posso sustentar a minha família com o novo serviço. Não quero anunciar a minha aposentadoria e depois, devido a dificuldades financeiras, ter que voltar as pistas. O cara fica queimado dos dois lados. Tudo que é feito de forma precipitada é ruim. Além do mais ainda tenho forma atlética para brigar com a garotada. Os cavalos que treino são preparados na raia por mim mesmo. Ou seja, todo dia eu faço exercício suficiente para estar em ritmo de competição. Agora, se a sorte me sorrir e conseguir um bom contingente de puros-sangues para trabalhar eu penduro o chicote”, afirma.
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