A importância da coleta de sangue de forma correta é fundamental para a fidedignidade do exame uma vez que, realizada inadequadamente pode levar a perda da amostra (coagulação) e até mesmo a erros na interpretação dos resultados.
Condições que submetam o cavalo a sentir medo, tensão, exercício muscular, etc, produzem respostas fisiológicas capazes de afetar uma série de parâmetros hematológicos e bioquímicos. Isto é bastante evidente no cavalo que apresenta marcantes elevações no número de hemácias circulantes, que é altamente instável, devido à uma grande reserva delas no baço, que prontamente contrai-se sob influência do medo ou atividade muscular, liberando-as na circulação. Quando isto ocorre, a contagem de hemácias e o hematócrito podem subir em até 30%.
O aumento dos leucócitos é induzido com a mobilização do “pool” marginal para a circulação geral. A tensão prolongada resulta na liberação de corticosteróides endógenos, que produzem a típica “resposta de tensão” no leucograma.
Por isto, em termos práticos, deve-se coletar o sangue do animal ao abrir a cocheira pela manhã antes de escovar ou oferecer-lhe comida. Ele deve estar calmo, o ideal é o tratador coletar o sangue, pois o cavalo está familiarizado com ele.
Amostras de sangue são facilmente obtidas por punção da veia jugular em tubos a vácuo contendo vários tipos de anticoagulantes. Para determinações séricas os tubos sem anticoagulantes são os mais indicados (tampa vermelha ou amarela). Para a maior parte da rotina de determinação hematológica o EDTA é o anticoagulante de escolha (tubos de tampa roxa), porque é o que melhor se presta para uso em contadores automáticos. O tubo deve encher até o final do vácuo, pois, a quantidade de anticoagulante é exata para 5 ml que corresponde à capacidade de sucção do tubo. Após a coleta, o tubo deve ser movimentado suavemente por inversão por várias vezes para que se obtenha uma mistura homogênea do sangue com o anticoagulante e deve ser identificado, escrevendo o nome do animal. Os tubos podem ser solicitados ao laboratório que os fornecerá junto com a agulha e a requisição do exame.
As amostras devem ser encaminhadas o mais rápido possível ao laboratório, pois a avaliação deve ser feita em 2 a 4 horas (longos períodos podem provocar mudanças na morfologia das células), preferencialmente REFRIGERADAS e nunca podem ser CONGELADAS. As amostras nunca devem ser deixadas dentro do carro sob calor intenso. O armazenamento em recipiente com gelo ou sob refrigeração, prolonga o tempo disponível para realização correta dos exames.
Costumamos dividir o hemograma completo do cavalo em 2 partes: o eritrograma, que avalia o número total de hemácias, a concentração de hemoglobina, o hematócrito e a interrelação entre eles. E o leucograma, que avalia as células brancas (leucócitos).
Visando esclarecer o que foi citado anteriormente damos um exemplo da variação da contagem de hemácias e do hematócrito antes e depois do exercício:
Antes do exercício Depois do exercício
Número total de hemácias 8.640.000/mm³ 11.720.000/mm³
Hematócrito 42% 58%
Dessa forma, pode-se observar a hemoconcentração que ocorre devido ao esforço físico.
Também é importante lembrar que a interpretação dos resultados deve ser feita por um médico veterinário que poderá solicitar outros exames complementares para avaliação do estado do animal.
Por Rosalie Joslin Kowal
CRMV RJ: 5728
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