Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sábado, 14 de maio de 2011

CRIAÇÃO DO PSI E O MODELO DE TURFE

A CRIAÇÃO DO PSI E O MODELO DE TURFE
Fino Trato, por Orlando Lima



A CRIAÇÃO DO PSI E O MODELO DE TURFE

I – INTRODUÇÃO

Dando sequência à série de Artigos sobre os Temas da Entrevista que concedi ao RAIA LEVE, vou abordar dois Temas que guardam uma estreita correlação entre si, ou seja, a posição da Criação brasileira do PSI e os Modelos de Turfe que predominam nos dois principais Centros das Corridas de Cavalos da atualidade.

A correlação entre estes dois aspectos, prende-se ao fato de que a Criação do PSI deve ser compatível com o Modelo de Turfe praticado.

Há dois Modelos de Turfe bem nítidos e distintos em suas características básicas, ou seja, o Modelo norte americano e o Modelo europeu.

Temos que ressaltar, entretanto, que apesar do Modelo de Turfe norte americano apresentar características próprias e distintas do Modelo de Turfe europeu, a Criação norte americana, ao longo de sua evolução, contou com a presença de vários e importantes Reprodutores europeus que delinearam seu desenvolvimento, até que ficassem bem nítidas e fixadas as características de Linhagens, “Bloodlines” e Alinhamentos compatíveis com o Modelo de Turfe praticado na América do Norte, particularmente nos Estados Unidos.

Vem ocorrendo, atualmente, no âmbito da Criação européia, uma peculiaridade marcante e com notáveis resultados, que se reporta ao “blending” (mistura) de “strains” (estirpes genéticas) de alta qualidade típicos da Criação européia e da Criação norte americana, evidenciando e confirmando um procedimento bem sucedido adotado pela Criação européia.

Esta tendência se constitui num autêntico marco para a Criação do PSI em âmbito internacional, reunindo padrões genéticos aparentemente diversos e contrastantes.

II – OS MODELOS DE TURFE

O Puro Sangue Inglês (PSI) pode ser resumido em dois predicados de fundamental importância: VELOCIDADE e STAMINA.

A Velocidade traduz o desempenho no menor tempo para uma determinada distância.

A Stamina envolve a Consistência e Resistência indispensáveis para abordar as diversas faixas de distâncias, proporcionando o apoio essencial para a sustentação da Velocidade para essas distâncias, particularmente, para as distâncias mais longas.

O Modelo de Turfe praticado na Europa privilegia a Stamina, procurando não perder a intensidade da Velocidade proporcional a cada distância, o que conceituei como Velocidade Elástica, priorizando em seu Calendário Nobre, Provas em distâncias mais longas, em particular a distância dos 2400 m, na pista de grama.

Assim sendo, o Modelo de Turfe europeu elegeu os 2400 m, pista de grama, como a distância clássica por excelência, em que são disputadas as principais Provas do Calendário europeu, como o Arco do Triunfo, o King George VI and the Queen Ellizabeth Stakes, o Derby de Epsom, o Irish Derby, entre outras.

Os principais Hipódromos europeus, coerentes com as características do Modelo europeu, apresentam o traçado de suas pistas, com Curvas amplas e abertas e Retas longas, particularmente as Retas finais.

O que pode diferir de um Hipódromo para o outro é o Sentido em que são disputadas as corridas, em sua maioria, disputadas no Sentido Anti-Horário.

O Calendário Nobre europeu reflete diretamente as características do seu Modelo de Turfe, privilegiando as distâncias entre os 1600 m e os 2800 m, sempre na pista de grama, pontuando, sobretudo, os 1600 m, 2000 m e 2400 m.

O Modelo de Turfe praticado na América do Norte, em particular nos Estados Unidos da América (USA), privilegia a Velocidade em sua expressão mais elevada, deixando a Stamina num plano secundário, já que está limitada, praticamente, aos 2000 m, pista de areia ou sintética.

Para refletir essas características básicas de distância e pista, os principais Hipódromos nos USA, apresentam traçado de pista caracterizado por Curvas mais fechadas, Retas mais curtas, exigindo um “pace” mais apurado antes de chegar à Reta Final, tendo como pistas principais as de areia / sintéticas.

Devemos ressaltar que o Turfe nos USA mantém Provas disputadas em pista de grama na faixa de distâncias entre os 1600 m e 2000 m, poucas na distância dos 2400 m, mas num plano de importância secundário.

Como conseqüência inequívoca dessas características do Modelo do Turfe nos USA, há cerca de 34 anos não há um Tríplice Coroado, pois cerca de 13 Potros que lograram vencer as duas primeiras Provas da Tríplice Coroa, o Kentucky Derby (2000 m) e o Preakness (1900 m), perderam nos 2400 m do Belmont Stakes, a 3ª Prova da Tríplice Coroa.

O Modelo de Turfe no Brasil foi montado e desenvolvido, integralmente, a partir do Modelo de Turfe europeu, o que se encontra refletido, primordialmente, no traçado e na principal pista de seus dois mais importantes Hipódromos, Gávea e Cidade Jardim, que apresentam Curvas amplas e Retas longas, tendo como pista principal a de grama.

Como não poderia deixar de ser, o Calendário Nobre desses dois Hipódromos reflete, a semelhança com os respectivos Calendários Nobres da Europa, privilegiando, em sua importância, as Provas em distâncias mais longas, na pista de grama.

Para manter a coerência com seus respectivos Calendários Nobres, a Criação do PSI na Europa, nos USA e no Brasil, deveriam se ajustar e refletir as características das Provas privilegiadas em seus respectivos Calendários Nobres.

III – CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DA CRIAÇÃO DO PSI

A Criação do PSI na Europa permaneceu fiel às características de suas Provas mais importantes, criando, primordialmente, animais refletindo um certo predomínio da Stamina sobre a Velocidade, integralmente voltados para a pista de grama, mas não se descuidando do padrão de Velocidade proporcional a essas distâncias privilegiadas, o que convencionei chamar de Velocidade Elástica, em apoio ao alcance dessas distâncias, sobretudo as de maior Alcance Estamínico.

No meio turfístico, a evolução da qualidade do PSI deve ser o parâmetro a ser constantemente perseguido e a Criação européia percebeu ao final do século 20 e início do século 21, que precisava elevar o padrão de Velocidade do seu PSI, sobretudo para seus Fundistas e, inclusive para seus “Stayers”, sendo YEATS (excepcional “stayer”) é um nítido exemplo deste objetivo.

A Criação européia chegou à conclusão de que a fórmula mais adequada para aumentar a intensidade da Velocidade sem prejudicar seu nível de Stamina, seria a de incorporar “strains” altamente qualificados típicos da Criação norte americana, historicamente mais voltados para a Velocidade do que para a Stamina.

O resultado dessa política teve repercussão imediata nos recentes resultados obtidos por extraordinários “racehorses” e “racemares” que podem ser resumidos nas figuras de ZARKAVA, SEA THE STARS e, atualmente, na figura do invicto FRANKEL que, apesar dos Pais irlandeses, evidencia em seu Genótipo expressiva participação de “strains” típicos da Criação norte americana.

Nesse diapasão, a Criação européia encontrou a “fórmula mágica”, mas de lógica cristalina, para alcançar seu objetivo em elevar a intensidade de Velocidade sem perder seu padrão de Stamina.

Historicamente, sobretudo no transcurso das primeiras seis décadas do século 20, a Criação norte americana do PSI importou extraordinários Reprodutores europeus, como SIR GALLAHAD III e seu irmão próprio, BULL DOG, BLENHEIM, MAHMOUD, NASRULLAH, RIBOT, entre outros, que proporcionaram o apoio indispensável de Stamina para seus Produtos, embora mantendo sua distância clássica por excelência refletida nos 2000 m, privilegiando a pista de areia e, mais recentemente, as pistas sintéticas.

Na mão inversa da Criação européia, a Criação norte americana, a partir da década de 70, optou por intensificar a Velocidade, deixando a Stamina em plano secundário.

A princípio essa filosofia deu certo, mas na continuidade de sua adoção, começaram a surgir problemas, entre os quais o fato de não ter um Tríplice Coroado a cerca de 34 anos, como vimos acima, pois sua 3ª Prova é disputada em 2400 m, dificultando o êxito dos Potros que lograram vencer as duas primeiras Provas.

Seus animais melhor qualificados por resultados obtidos nas pistas, não conseguem concluir a Temporada dos 3 anos, seja por lesões, seja por serem retirados, preservando seu alto valor como Reprodutores, evitando possíveis lesões que afetariam seu valor.

Como reflexo da continuidade da adoção dessa filosofia de Criação, priorizando a Precocidade e Velocidade em detrimento da Stamina, o Turfe norte americano passou a dar grande importância à Temporada dos 2 anos, concedendo maior valor aos Produtos que se destacaram nas pistas, muitos dos quais, desde já, negociados virem a atuar como futuros Reprodutores.

Para alcançar um alto nível de Precocidade e Velocidade, a Criação norte americana intensificou a adoção exagerada de descendentes de poucas “Bloodlines” o que, como não poderia deixar de ser, acelerou o processo de Consanguinidade, reduzindo o nível de Vigor Híbrido de seu PSI, fragilizando e aumentando o seu nível de vulnerabilidade, com conseqüências nefastas para sua Criação.

Quero ressaltar que não estou entrando no mérito da questão da Medicação, comum e amplamente adotada no Turfe norte americano, contribuindo para agravar a integridade do PSI norte americano.

Há fortes indícios que as autoridades do Turfe e Criadores norte americanos estão procurando reverter essa situação, mas a crise da Economia norte americana, vem dificultando e retardando essa recuperação, sobretudo pela desvalorização de seu PSI, no Mercado internacional.

Torcemos e acreditamos que a Criação norte americana irá encontrar o caminho para sua recuperação, pois isto é da maior importância para o PSI a nível internacional, sobretudo quando fica evidenciada a mútua dependência entre a Criação européia e a norte americana para a evolução do PSI.

A Criação brasileira, como vimos anteriormente, foi montada e desenvolvida a partir da Criação européia, privilegiando a Stamina e procurando manter um aceitável padrão de Velocidade.

Até a década de 70, nossas importações, em sua maioria quase absoluta, eram direcionadas para Reprodutores e Matrizes provenientes da Criação européia.

A partir da década de 80, entretanto, a Criação brasileira dirigiu suas baterias para a Criação norte americana, praticamente, de forma radical, importando Reprodutores norte americana, em sua maioria, de qualidade, no mínimo duvidosa, em razão da limitação de nossas possibilidades econômico-financeiras e do alto valor dos Reprodutores norte americanos de melhor qualificação genética.

A situação da Criação brasileira só não foi mais contundente, em razão da vinda de alguns Reprodutores norte americanos e europeus de melhor padrão de qualidade, trazidos no sistema de “shuttle”.

Essa invasão de “strains” norte americanos, necessariamente, repercutiu no PSI brasileiro que, de alguma forma começou a perder sua identidade em relação às suas características européias, tanto no que refere ao Genótipo, quanto ao Fenótipo, ambos não compatíveis com as características das principais Provas do Calendário Nobre de nossos dois Hipódromos mais importantes.

Essa situação ainda repercute até hoje, sobretudo, em nossos Fundistas e “Stayers” que, em sua maioria, perderam considerável parcela de suas características genéticas compatíveis com as características das principais Provas de nosso Calendário Nobre.

Reconhecendo a necessidade de voltar às origens européias e de elevar o nível médio da Qualidade da Criação do PSI brasileiro, importantes Criadores, a partir da segunda metade desta primeira década do século 21, deram partida à importação, através do sistema de “shuttle”, contemplando “strains” de elevada qualidade genética de Reprodutores típicos da Criação européia, assim como, da Criação norte americana.

Desta forma, aos poucos, mas com excelente padrão de qualificação, estamos retomando o caminho que já vem sendo trilhado, com amplo sucesso, pela Criação européia e, em breve estaremos presenciando Fundistas melhor qualificados exibindo-se nas principais Provas de nosso Calendário Nobre.

IV – CONCLUSÃO

Recentemente, produzi uma série de Artigos exibidos no RAIA LEVE, assinalando por Linhagens de Referência, “Bloodlines” e Alinhamentos, Reprodutores, comprovados e outros iniciantes com grande potencial genético, que poderão contribuir para elevar o nível de qualidade de nossa Criação, importados, seja pelo sistema de “shuttle”, seja pela aquisição definitiva, mas preferencialmente, por ambos procedimentos.

Torna-se de fundamental importância, entretanto, que sejam adequadamente aproveitados, Reprodutores nacionais respaldados por expressivas Campanhas nas pistas de corrida, com muito bom potencial genético e que estão perfeitamente adaptados e influenciados por nosso Meio Ambiente, fator de capital importância, seja para fixar um padrão típico do PSI brasileiro, seja para a obtenção de bons e mais imediatos resultados nas pistas.

Dois exemplos nítidos e insofismáveis do bom mas restrito aproveitamento de Reprodutores nacionais, encontramos em HARD BUCK e SUSPICIOUS MIND, Pais, respectivamente, de MORYBA e de SUSPICIOUS MIND, 1º e 2º lugar do último GP Brasil e dois dos melhores Fundistas do Turfe brasileiro na Temporada de 2010.

Da mesma forma, devemos aproveitar o acesso permitido pelo Mercado internacional do PSI, sobretudo o europeu e o norte americano, para a aquisição de Matrizes mas particularmente de Potrancas e Éguas que estejam se retirando das pistas com Campanhas menos expressivas, mas com bom potencial genético, que estão sendo oferecidas em importantes Leilões na Europa e nos USA, a preços convidativos e acessíveis a Criadores brasileiros comprometidos com a evolução do PSI brasileiro.

Em primeiro lugar, porque nosso Plantel de Matrizes atingiu um número preocupante na Temporada de Monta de 2009, sinalizando com apenas 3776 Matrizes servidas nessa Temporada, quando na Temporada de Monta de 1988 nosso Plantel acusava um total de cerca de 9500 Matrizes servidas e nominadas pelo Stud Book Brasileiro, registrando-se, desta forma, uma queda de 61% nestes 21 anos, ocorrência incontestável da redução da atividade criatória do PSI no Brasil.

Em segundo lugar, porque a transmissão de características genéticas proporcionada pelas Matrizes, usualmente, é mais duradoura, consistente e efetiva do que as proporcionadas pelos Reprodutores, fator que manteve um nível, pelo menos aceitável, de “strains” europeus, durante a autêntica invasão de Reprodutores típicos da Criação norte americana promovida pela Criação brasileira no período entre 1980 e 2005.

Em última análise, vejo a Criação brasileira procurando, com muita propriedade, alcançar um padrão de qualidade que permita a sua definitiva inserção no contexto da Criação internacional, possibilidade sinalizada pelo desempenho de HARD BUCK na Europa, e pelos recentes desempenhos de GLÓRIA DE CAMPEÃO em Dubai e de EINSTEIN nos USA.

Finalmente, torna-se de fundamental importância para dar continuidade e consolidar o movimento direcionado para elevar o padrão de qualidade da Criação brasileira, que seja ampliado o leque de opções refletido no melhor aproveitamento de Reprodutores sediados no Brasil e / ou que venham a ser importados, seja pelo sistema de “shuttle”, seja definitivamente, descendentes das Linhagens de HYPERION, TEDDY, St. SIMON, MAN O’WAR, HURRY ON, HIMYAR, DARK RONALD e das “Bloodlines” / Alinhamentos de NASRULLAH, ROYAL CHARGER, BUCKPASSER, SHARPEN UP, DAN CUPID, GREY SOVEREIGN, A.P. INDY, SADLER’S WELLS, DANEHILL, que poderão ser identificados na série de Artigos que escrevi para o RAIA LEVE, a partir de julho de 2010.

FIM

Orlando Lima - omlimapsi@gmail.com
Blog: www.goldblendconsultoria.blogspot.com
Acesso pelo RAIA LEVE: Links / Brasil / Goldblend Consultoria



I – INTRODUÇÃO

Dando sequência à série de Artigos sobre os Temas da Entrevista que concedi ao RAIA LEVE, vou abordar dois Temas que guardam uma estreita correlação entre si, ou seja, a posição da Criação brasileira do PSI e os Modelos de Turfe que predominam nos dois principais Centros das Corridas de Cavalos da atualidade.

A correlação entre estes dois aspectos, prende-se ao fato de que a Criação do PSI deve ser compatível com o Modelo de Turfe praticado.

Há dois Modelos de Turfe bem nítidos e distintos em suas características básicas, ou seja, o Modelo norte americano e o Modelo europeu.

Temos que ressaltar, entretanto, que apesar do Modelo de Turfe norte americano apresentar características próprias e distintas do Modelo de Turfe europeu, a Criação norte americana, ao longo de sua evolução, contou com a presença de vários e importantes Reprodutores europeus que delinearam seu desenvolvimento, até que ficassem bem nítidas e fixadas as características de Linhagens, “Bloodlines” e Alinhamentos compatíveis com o Modelo de Turfe praticado na América do Norte, particularmente nos Estados Unidos.

Vem ocorrendo, atualmente, no âmbito da Criação européia, uma peculiaridade marcante e com notáveis resultados, que se reporta ao “blending” (mistura) de “strains” (estirpes genéticas) de alta qualidade típicos da Criação européia e da Criação norte americana, evidenciando e confirmando um procedimento bem sucedido adotado pela Criação européia.

Esta tendência se constitui num autêntico marco para a Criação do PSI em âmbito internacional, reunindo padrões genéticos aparentemente diversos e contrastantes.

II – OS MODELOS DE TURFE

O Puro Sangue Inglês (PSI) pode ser resumido em dois predicados de fundamental importância: VELOCIDADE e STAMINA.

A Velocidade traduz o desempenho no menor tempo para uma determinada distância.

A Stamina envolve a Consistência e Resistência indispensáveis para abordar as diversas faixas de distâncias, proporcionando o apoio essencial para a sustentação da Velocidade para essas distâncias, particularmente, para as distâncias mais longas.

O Modelo de Turfe praticado na Europa privilegia a Stamina, procurando não perder a intensidade da Velocidade proporcional a cada distância, o que conceituei como Velocidade Elástica, priorizando em seu Calendário Nobre, Provas em distâncias mais longas, em particular a distância dos 2400 m, na pista de grama.

Assim sendo, o Modelo de Turfe europeu elegeu os 2400 m, pista de grama, como a distância clássica por excelência, em que são disputadas as principais Provas do Calendário europeu, como o Arco do Triunfo, o King George VI and the Queen Ellizabeth Stakes, o Derby de Epsom, o Irish Derby, entre outras.

Os principais Hipódromos europeus, coerentes com as características do Modelo europeu, apresentam o traçado de suas pistas, com Curvas amplas e abertas e Retas longas, particularmente as Retas finais.

O que pode diferir de um Hipódromo para o outro é o Sentido em que são disputadas as corridas, em sua maioria, disputadas no Sentido Anti-Horário.

O Calendário Nobre europeu reflete diretamente as características do seu Modelo de Turfe, privilegiando as distâncias entre os 1600 m e os 2800 m, sempre na pista de grama, pontuando, sobretudo, os 1600 m, 2000 m e 2400 m.

O Modelo de Turfe praticado na América do Norte, em particular nos Estados Unidos da América (USA), privilegia a Velocidade em sua expressão mais elevada, deixando a Stamina num plano secundário, já que está limitada, praticamente, aos 2000 m, pista de areia ou sintética.

Para refletir essas características básicas de distância e pista, os principais Hipódromos nos USA, apresentam traçado de pista caracterizado por Curvas mais fechadas, Retas mais curtas, exigindo um “pace” mais apurado antes de chegar à Reta Final, tendo como pistas principais as de areia / sintéticas.

Devemos ressaltar que o Turfe nos USA mantém Provas disputadas em pista de grama na faixa de distâncias entre os 1600 m e 2000 m, poucas na distância dos 2400 m, mas num plano de importância secundário.

Como conseqüência inequívoca dessas características do Modelo do Turfe nos USA, há cerca de 34 anos não há um Tríplice Coroado, pois cerca de 13 Potros que lograram vencer as duas primeiras Provas da Tríplice Coroa, o Kentucky Derby (2000 m) e o Preakness (1900 m), perderam nos 2400 m do Belmont Stakes, a 3ª Prova da Tríplice Coroa.

O Modelo de Turfe no Brasil foi montado e desenvolvido, integralmente, a partir do Modelo de Turfe europeu, o que se encontra refletido, primordialmente, no traçado e na principal pista de seus dois mais importantes Hipódromos, Gávea e Cidade Jardim, que apresentam Curvas amplas e Retas longas, tendo como pista principal a de grama.

Como não poderia deixar de ser, o Calendário Nobre desses dois Hipódromos reflete, a semelhança com os respectivos Calendários Nobres da Europa, privilegiando, em sua importância, as Provas em distâncias mais longas, na pista de grama.

Para manter a coerência com seus respectivos Calendários Nobres, a Criação do PSI na Europa, nos USA e no Brasil, deveriam se ajustar e refletir as características das Provas privilegiadas em seus respectivos Calendários Nobres.

III – CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DA CRIAÇÃO DO PSI

A Criação do PSI na Europa permaneceu fiel às características de suas Provas mais importantes, criando, primordialmente, animais refletindo um certo predomínio da Stamina sobre a Velocidade, integralmente voltados para a pista de grama, mas não se descuidando do padrão de Velocidade proporcional a essas distâncias privilegiadas, o que convencionei chamar de Velocidade Elástica, em apoio ao alcance dessas distâncias, sobretudo as de maior Alcance Estamínico.

No meio turfístico, a evolução da qualidade do PSI deve ser o parâmetro a ser constantemente perseguido e a Criação européia percebeu ao final do século 20 e início do século 21, que precisava elevar o padrão de Velocidade do seu PSI, sobretudo para seus Fundistas e, inclusive para seus “Stayers”, sendo YEATS (excepcional “stayer”) é um nítido exemplo deste objetivo.

A Criação européia chegou à conclusão de que a fórmula mais adequada para aumentar a intensidade da Velocidade sem prejudicar seu nível de Stamina, seria a de incorporar “strains” altamente qualificados típicos da Criação norte americana, historicamente mais voltados para a Velocidade do que para a Stamina.

O resultado dessa política teve repercussão imediata nos recentes resultados obtidos por extraordinários “racehorses” e “racemares” que podem ser resumidos nas figuras de ZARKAVA, SEA THE STARS e, atualmente, na figura do invicto FRANKEL que, apesar dos Pais irlandeses, evidencia em seu Genótipo expressiva participação de “strains” típicos da Criação norte americana.

Nesse diapasão, a Criação européia encontrou a “fórmula mágica”, mas de lógica cristalina, para alcançar seu objetivo em elevar a intensidade de Velocidade sem perder seu padrão de Stamina.

Historicamente, sobretudo no transcurso das primeiras seis décadas do século 20, a Criação norte americana do PSI importou extraordinários Reprodutores europeus, como SIR GALLAHAD III e seu irmão próprio, BULL DOG, BLENHEIM, MAHMOUD, NASRULLAH, RIBOT, entre outros, que proporcionaram o apoio indispensável de Stamina para seus Produtos, embora mantendo sua distância clássica por excelência refletida nos 2000 m, privilegiando a pista de areia e, mais recentemente, as pistas sintéticas.

Na mão inversa da Criação européia, a Criação norte americana, a partir da década de 70, optou por intensificar a Velocidade, deixando a Stamina em plano secundário.

A princípio essa filosofia deu certo, mas na continuidade de sua adoção, começaram a surgir problemas, entre os quais o fato de não ter um Tríplice Coroado a cerca de 34 anos, como vimos acima, pois sua 3ª Prova é disputada em 2400 m, dificultando o êxito dos Potros que lograram vencer as duas primeiras Provas.

Seus animais melhor qualificados por resultados obtidos nas pistas, não conseguem concluir a Temporada dos 3 anos, seja por lesões, seja por serem retirados, preservando seu alto valor como Reprodutores, evitando possíveis lesões que afetariam seu valor.

Como reflexo da continuidade da adoção dessa filosofia de Criação, priorizando a Precocidade e Velocidade em detrimento da Stamina, o Turfe norte americano passou a dar grande importância à Temporada dos 2 anos, concedendo maior valor aos Produtos que se destacaram nas pistas, muitos dos quais, desde já, negociados virem a atuar como futuros Reprodutores.

Para alcançar um alto nível de Precocidade e Velocidade, a Criação norte americana intensificou a adoção exagerada de descendentes de poucas “Bloodlines” o que, como não poderia deixar de ser, acelerou o processo de Consanguinidade, reduzindo o nível de Vigor Híbrido de seu PSI, fragilizando e aumentando o seu nível de vulnerabilidade, com conseqüências nefastas para sua Criação.

Quero ressaltar que não estou entrando no mérito da questão da Medicação, comum e amplamente adotada no Turfe norte americano, contribuindo para agravar a integridade do PSI norte americano.

Há fortes indícios que as autoridades do Turfe e Criadores norte americanos estão procurando reverter essa situação, mas a crise da Economia norte americana, vem dificultando e retardando essa recuperação, sobretudo pela desvalorização de seu PSI, no Mercado internacional.

Torcemos e acreditamos que a Criação norte americana irá encontrar o caminho para sua recuperação, pois isto é da maior importância para o PSI a nível internacional, sobretudo quando fica evidenciada a mútua dependência entre a Criação européia e a norte americana para a evolução do PSI.

A Criação brasileira, como vimos anteriormente, foi montada e desenvolvida a partir da Criação européia, privilegiando a Stamina e procurando manter um aceitável padrão de Velocidade.

Até a década de 70, nossas importações, em sua maioria quase absoluta, eram direcionadas para Reprodutores e Matrizes provenientes da Criação européia.

A partir da década de 80, entretanto, a Criação brasileira dirigiu suas baterias para a Criação norte americana, praticamente, de forma radical, importando Reprodutores norte americana, em sua maioria, de qualidade, no mínimo duvidosa, em razão da limitação de nossas possibilidades econômico-financeiras e do alto valor dos Reprodutores norte americanos de melhor qualificação genética.

A situação da Criação brasileira só não foi mais contundente, em razão da vinda de alguns Reprodutores norte americanos e europeus de melhor padrão de qualidade, trazidos no sistema de “shuttle”.

Essa invasão de “strains” norte americanos, necessariamente, repercutiu no PSI brasileiro que, de alguma forma começou a perder sua identidade em relação às suas características européias, tanto no que refere ao Genótipo, quanto ao Fenótipo, ambos não compatíveis com as características das principais Provas do Calendário Nobre de nossos dois Hipódromos mais importantes.

Essa situação ainda repercute até hoje, sobretudo, em nossos Fundistas e “Stayers” que, em sua maioria, perderam considerável parcela de suas características genéticas compatíveis com as características das principais Provas de nosso Calendário Nobre.

Reconhecendo a necessidade de voltar às origens européias e de elevar o nível médio da Qualidade da Criação do PSI brasileiro, importantes Criadores, a partir da segunda metade desta primeira década do século 21, deram partida à importação, através do sistema de “shuttle”, contemplando “strains” de elevada qualidade genética de Reprodutores típicos da Criação européia, assim como, da Criação norte americana.

Desta forma, aos poucos, mas com excelente padrão de qualificação, estamos retomando o caminho que já vem sendo trilhado, com amplo sucesso, pela Criação européia e, em breve estaremos presenciando Fundistas melhor qualificados exibindo-se nas principais Provas de nosso Calendário Nobre.

IV – CONCLUSÃO

Recentemente, produzi uma série de Artigos exibidos no RAIA LEVE, assinalando por Linhagens de Referência, “Bloodlines” e Alinhamentos, Reprodutores, comprovados e outros iniciantes com grande potencial genético, que poderão contribuir para elevar o nível de qualidade de nossa Criação, importados, seja pelo sistema de “shuttle”, seja pela aquisição definitiva, mas preferencialmente, por ambos procedimentos.

Torna-se de fundamental importância, entretanto, que sejam adequadamente aproveitados, Reprodutores nacionais respaldados por expressivas Campanhas nas pistas de corrida, com muito bom potencial genético e que estão perfeitamente adaptados e influenciados por nosso Meio Ambiente, fator de capital importância, seja para fixar um padrão típico do PSI brasileiro, seja para a obtenção de bons e mais imediatos resultados nas pistas.

Dois exemplos nítidos e insofismáveis do bom mas restrito aproveitamento de Reprodutores nacionais, encontramos em HARD BUCK e SUSPICIOUS MIND, Pais, respectivamente, de MORYBA e de SUSPICIOUS MIND, 1º e 2º lugar do último GP Brasil e dois dos melhores Fundistas do Turfe brasileiro na Temporada de 2010.

Da mesma forma, devemos aproveitar o acesso permitido pelo Mercado internacional do PSI, sobretudo o europeu e o norte americano, para a aquisição de Matrizes mas particularmente de Potrancas e Éguas que estejam se retirando das pistas com Campanhas menos expressivas, mas com bom potencial genético, que estão sendo oferecidas em importantes Leilões na Europa e nos USA, a preços convidativos e acessíveis a Criadores brasileiros comprometidos com a evolução do PSI brasileiro.

Em primeiro lugar, porque nosso Plantel de Matrizes atingiu um número preocupante na Temporada de Monta de 2009, sinalizando com apenas 3776 Matrizes servidas nessa Temporada, quando na Temporada de Monta de 1988 nosso Plantel acusava um total de cerca de 9500 Matrizes servidas e nominadas pelo Stud Book Brasileiro, registrando-se, desta forma, uma queda de 61% nestes 21 anos, ocorrência incontestável da redução da atividade criatória do PSI no Brasil.

Em segundo lugar, porque a transmissão de características genéticas proporcionada pelas Matrizes, usualmente, é mais duradoura, consistente e efetiva do que as proporcionadas pelos Reprodutores, fator que manteve um nível, pelo menos aceitável, de “strains” europeus, durante a autêntica invasão de Reprodutores típicos da Criação norte americana promovida pela Criação brasileira no período entre 1980 e 2005.

Em última análise, vejo a Criação brasileira procurando, com muita propriedade, alcançar um padrão de qualidade que permita a sua definitiva inserção no contexto da Criação internacional, possibilidade sinalizada pelo desempenho de HARD BUCK na Europa, e pelos recentes desempenhos de GLÓRIA DE CAMPEÃO em Dubai e de EINSTEIN nos USA.

Finalmente, torna-se de fundamental importância para dar continuidade e consolidar o movimento direcionado para elevar o padrão de qualidade da Criação brasileira, que seja ampliado o leque de opções refletido no melhor aproveitamento de Reprodutores sediados no Brasil e / ou que venham a ser importados, seja pelo sistema de “shuttle”, seja definitivamente, descendentes das Linhagens de HYPERION, TEDDY, St. SIMON, MAN O’WAR, HURRY ON, HIMYAR, DARK RONALD e das “Bloodlines” / Alinhamentos de NASRULLAH, ROYAL CHARGER, BUCKPASSER, SHARPEN UP, DAN CUPID, GREY SOVEREIGN, A.P. INDY, SADLER’S WELLS, DANEHILL, que poderão ser identificados na série de Artigos que escrevi para o RAIA LEVE, a partir de julho de 2010.

FIM

Orlando Lima - omlimapsi@gmail.com
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