Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Fazendeiro oferece égua a homem que perdeu animal de estimação no interior de São Paulo

Sensibilizado com a história do faxineiro Cristiano Verola, 28, que perdeu sua égua de estimação em um acidente na terça-feira passada (21) em Serrana (a 313 km de São Paulo), o fazendeiro Juarez Schmitel, 54, decidiu oferecer um outro equino à família do rapaz. O animal, batizado de Estrela, tinha 13 anos e teve que ser sacrificado após sofrer várias fraturas nas patas depois que um carro bater contra a carroça que ela puxava.

No momento do acidente, a carroça estava sendo conduzida por Sebastião Verola, 58, pai de Cristiano. Algum tempo depois da batida, Cristiano chegou ao local, viu a égua Estrela agonizando e chorou junto ao corpo do animal. “Nós somos assinantes do UOL, e eu vi no site a foto do rapaz com a égua, chorando. Foi muito triste”, conta o fazendeiro.

Schmitel mora na zona sul de São Paulo e tem uma fazenda de eucalipto em Itapeva, no interior do Estado, na qual cria burros, carneiros, cavalos e cerca de 80 éguas mestiças das raças manga larga marchador e mineiro. “Eu dou um animal para ele, mando levar até lá, rapidinho. Só preciso saber se ele prefere uma égua ou um cavalo”, disse o fazendeiro à reportagem.

Os animais do fazendeiro, no entanto, terão de ser amansados pela família Verola. “São animais de cela, nenhum de carroça. Eles vão ter que amansar”, afirmou.

Doações
A Prefeitura de Serrana está coletando doações em dinheiro para comprar um animal para a família Verola. De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, as doações estão sendo recebidas pelo Fundo Social de Solidariedade. O objetivo é comprar outro cavalo para o faxineiro, ao custo de R$ 1.500. Já manifestaram interesse em ajudar pessoas de Campinas, São Paulo, Belo Horizonte e moradores de Serrana.

Os interessados em colaborar devem ligar para (16) 3987-1321 ou escrever para imprensa@serrana.sp.gov.br. Até a manhã desta terça-feira (28), a assessoria de imprensa da prefeitura já tinha contabilizado cerca de 90 e-mails, além de dezenas de telefonemas para o Fundo Social de Solidariedade do município.

A ideia é entregar as doações em dinheiro para a família para que os Verola decidam o que fazer: se compram um novo animal ou outra carroça, já que a que tinham ficou completamente destruída pelo acidente.

“Mas, pelo interesse que esse fato despertou, os Verolas vão precisar de um haras para colocar tantos cavalos doados”, disse a assessora de imprensa da prefeitura Aline Faian.

Família
O acidente deixou ferido Sebastião Verola, 58, pai de Cristiano, que perdeu a orelha direita e recebeu vários pontos na cabeça. A égua, embora pertencesse a Cristiano, era usada pelo pai. Sebastião transportava, com a ajuda de Estrela, restos de comida que recolhia na cidade para alimentar os porcos que cria no quintal de casa. Agora, diz, vai ser preciso usar a bicicleta para buscar a lavagem.

“O Cristiano deixava eu usar a égua só duas vezes por semana. Outra condição que ele impunha era não deixar ela se esforçar muito. Quando eu desrespeitava esse acordo, ele brigava comigo”, afirmou o pai no último domingo ao UOL Notícias, com a cabeça ainda enfaixada devido aos ferimentos do acidente.

Estrela era o xodó não só de Cristiano, mas de toda a família, principalmente das três irmãs mais novas, que choraram muito ao saber do sacrifício. “A Estrela era muito mansinha. A gente brincava muito com ela. Está fazendo uma falta muito grande”, disse Juliana, 12. Já Cristiano, segundo os irmãos, dava banhos constantemente em Estrela. A égua foi adquirida pelo faxineiro por R$ 1.400, de forma parcelada.

A família Verola ficou espantada com a repercussão da morte de Estrela e com o interesse das pessoas em doar outro animal. “Gente do Brasil todo, né?”, perguntou Sebastião. A família mora na beira da estrada vicinal que liga Serrana a Altinópolis, onde ocorreu o acidente. Sebastião, a segunda mulher, Jesonita, 37, e os cinco filhos vivem numa casa simples, em cuja entrada está escrito, numa tabuleta em forma de peixe, “Família Verola”.

Cristiano, assim como o pai e a madrasta, é faxineiro. Ele tem paixão por cavalos e frequenta a casa de um vizinho que comercializa animais. “Eu conheço o Cristiano desde quando ele era molequinho. Ele sempre foi louco por cavalos”, afirma o vizinho Sebastião Paulino Caetano, 66, que compra e vende equinos.

*Com reportagem de José Bonato, em Serrana (SP)

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