Em matéria assinada pelo jornalista Andrew Beyer, o importante jornal americano The Washington Post, do dia 31 de agosto, comenta a ascensão e queda da furosemida (Lasix) nos EUA, e conclui afirmando que o uso de medicação para correr “continua a corromper a confiança do público apostador” nas corridas de cavalo da América.
Mais enfático, arremata: “A batalha contra o Lasix foi definida há muito tempo, e agora é muito tarde para mudar seu resultado.”
São três os principais tópicos do artigo:
1. Após a conclusão da mesa redonda patrocinada pelo “augusto The Jockey Club” sobre os grandes problemas do turfe na América (vide resumo no editorial do Raia Leve), as autoridades da “Breeder’s Cup” anunciaram que vão proibir qualquer medicação para correr – principalmente o Lasix – em potros de 2 anos, a partir de 2012. E, a partir de 2013, será proibido medicar em qualquer corrida, de qualquer idade, em provas do citado festival.
2. Seguindo-se a isso, o Comitê Norte-Americano de Corridas de Grupo, o órgão que outorga as importantes graduações das provas da programação clássica americana, anunciou que vai se recusar a graduar como “Black Type” a qualquer prova de potros de 2 anos onde seja permitido o Lasix, também a partir de 2012. Ou seja, quem permitir que juvenis corram com Lasix, perde a graduação “Black Type.”
3. Finalmente, o The Jockey Club se pronunciou formalmente contra o Lasix, através de seu vice-presidente Stuart Janney III, que completou: “Acreditamos que esta indústria se verá mais beneficiada ao tomar medidas para que se disputem corridas sem medicação.”
O começo da queda de prestígio do uso da furosemida no turfe americano, data das décadas de 1970/80, quando prevaleceu o argumento (depois provado falso) de que “como os animais estavam agora correndo durante todo o ano, inclusive no inverno, eles não podiam suportar o crescente rigor do esporte.” E como tal, precisavam ser medicados para correr, seja com butazolidina, seja com Lasix.
Ocorre que, antes disso, os cavalos americanos eram apresentados em média 10 vezes por ano. Com a liberação da política de medicação, este número foi caindo progressivamente, até chegar a uma média preocupante de 6,11 largadas por ano, em 2010.
A conclusão, segundo a matéria, é uma só: pouco a pouco, os cavalos americanos se tornaram menos duráveis e menos produtivos que seus similares nos países que adotam políticas restritivas quanto à medicação para correr. Nesses países, prossegue o artigo, não houve “epidemias de sangramento.” Em Hong Kong, onde medicar é terminantemente proibido, a média de hemorragias é de 4,6 incidentes de sangramento pulmonar por 1.000 animais corridos.
“O resto do mundo hípico vê com desdém as políticas de medicação nos EUA. E este opróbrio foi, em parte, o motivo da decisão da Bredeers’ Cup. Seu presidente, Craig Fravel, afirmou que a eliminação gradual da medicação ‘assegurará que sejamos competitivos com outras nações hípicas do mundo’, prossegue o artigo.
E termina: “Grande parte do público americano também vê o esporte com desdém. Pode ser que não entenda os matizes do tema da medicação, mas acredita que todos os cavalos competem ‘drogados’ em todas as corridas norte-americanas. Esta percepção significou um desastre de relações públicas para o esporte e contribuiu para delinear a posição do The Jockey Club.”
transcrito do Raia Leve
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