Os cascos, cujo eco dá vida às vilas hípicas e pistas de corridas do Brasil à fora, por menor que seja o seu tamanho em comparação a outras partes do animal, são os responsáveis pela sustentação de um arranjo físico extremamente complexo. São músculos, ossos, veias, tecidos fibrosos, enfim, uma série de estruturas que dão corpo, literalmente, a esta paixão – comum a todos nós – que é o cavalo. Tudo parece funcionar de maneira tão certeira, e há tanta força armazenada naquelas curvas e articulações, que muitas vezes pensamos ser o animal uma verdadeira máquina.
E quando toda essa perfeição vem a falhar? Seja pela falta de sensatez humana, seja pelas mais do que naturais fragilidades dos organismos, fato é que o eqüino, independentemente da sua raça ou estado, também pede por ajuda. E é nessas horas que os troféus, dinheiro, poder e os nomes constantes nos programas saem de cena, deixando recair a responsabilidade do cuidado nas mãos de um Veterinário.
São anos e anos de estudo visando aperfeiçoar uma vocação que, na maioria das vezes, já se manifesta desde a infância do referido profissional. As noites trocadas pelos livros se misturam com uma experiência continua, angariada no dia-a-dia, e que contempla esta tão incrível profissão. Findos os esforços acadêmicos, chega a hora de se colocar todo o conhecimento até ali adquirido em prática, e, no caso do Veterinário, com um adicional no tocante aos desafios: não obstante as dificuldades e exigências postas frente a um profissional da saúde, o Veterinário tratará de “pacientes” mais do que especiais, e que, pasmem, não dizem uma palavra sequer.
Portanto, não basta apenas a habilidade clínica, o entendimento na hora de se analisar uma radiografia, por parte do Veterinário. Suas convicções e entendimentos precisam ser emergidas numa boa dose de feeling, para que o contato homem-animal seja o mais produtivo possível. E é tão marcante a figura do Veterinário, que, tomemos como exemplo o nosso meio, o mundo do turfe: será ele que estará puxando os anteriores do potro na hora do parto, assim como lhe caberá a ingrata missão de aplicar a injeção letal no corredor seriamente lesionado, que precisa ser sacrificado.
Quantos são os “craques” que só puderam desfrutar da glória das vitórias por intervenções bem sucedidas de um Veterinário? Aliás, com o avanço da tecnologia e um consequente maior poder de alcance da medicina, o bom Veterinário é indispensável a uma equipe que vise galgar bons resultados no turfe, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. A sua (positiva) interferência é cada vez maior, e hoje, contrariando um quadro que se via há algumas décadas atrás, não se trata apenas de um luxo contar com um qualificado Veterinário amparando todo o trabalho de uma cocheira ou de um haras. Eis uma real necessidade, haja vista os males que podem ser evitados, e as melhoras possíveis de serem conseguidas, pelas mãos de pessoas assim.
Quando “os competidores cruzam a linha de chegada”, as emoções do turfista refletem as comemorações do jóquei, à vibração do treinador, ao troféu erguido pelo proprietário no púlpito de premiação. Injustamente, o Veterinário muitas vezes passa despercebido neste processo, pois o mesmo “não joga para a torcida”, atuando muito mais nos bastidores, do que perante as câmeras e aplausos. Contudo, isso nunca será motivo para que se deixe em segundo plano indivíduos tão fundamentais para toda uma atividade, e que têm no amor pelo animal o seio do seu profissionalismo.
Hoje, 9 de Setembro, Dia do Veterinário, o Raia Leve cumprimenta e, presta uma singela homenagem, a esta formidável classe profissional.
Parabéns a todos os Veterinários, em especial aos que se dedicam ao turfe.
Nosso muito obrigado.
Diretoria da ACPCPSI
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