Em 1978, Julián Abdala, então Presidente do Jockey Club da Venezuela, sugeriu agregar os Jockeys Clubes da América Latina em uma associação que representasse seus interesses comuns. Em princípio, a idéia encontrou pouco respaldo. No entanto, o Jockey Club Argentino, através de seu presidente, o arquiteto Roberto Vazões Mansilla, aprovou o projeto e levou adiante a questão, embora sem a companhia de seus correspondentes Hipódromos de Palermo e de La Plata.
Em parte, era natural a situação. Os dois companheiros de Buenos Aires não atravessavam bom momento hípico e, principalmente, financeiro. Um não possuía hipódromo próprio; o outro tinha sede hípica, mas não tinha permissão para,
formalmente, organizar corridas. Baseado nesse importante apoio, o incansável Abdala embarcou em todos os voos disponíveis e percorreu as capitais sul-americanas em busca das assinaturas (dos Jockeys Clubes) necessárias para a formação da entidade. Graças a seu esforço, o sucesso aconteceu.
Os principais mandatários do turfe sul-americano formaram uma família coesa, com fortes laços de amizade e solidariedade em torno da ideia proposta por Abdala. Entre eles, Don Alfredo de Castro Pérez, presidente do Jockey Club de Montevideu e do Hipódromo Nacional de Maroñas, e Francisco Eduardo de Paula Machado, do Jockey Club Brasileiro. Assim nasceu a Associação Latinoamericana de Jockeys Clubes, embrião da prova estrelar.
O presidente Abdala sonhava com uma atividade comum entre os clubes, baseado, principalmente, em programas culturais e sociais. Era um grande amante dos cavalos e fervoroso aficionado pelo turfe, porém, a instituição que presidia não tinha autonomia sem o concurso efetivo do Estado que controlava o Hipódromo La Rinconada, na Venezuela.
A primeira reunião da Associação Latinoamericana foi realizada em Buenos Aires, em 1980. Uma reunião revestida de entusiasmo, cordialidade e esperança de um futuro duradouro. Daquela pauta surgiu a ideia da novel associação organizar uma corrida internacional, diferente de todas as que se realizavam.
As denominadas corridas internacionais de então eram somente provas locais, com alguns visitantes estrangeiros e em comparação com os cavalos nacionais não se atingia a plenitude pela falta de parâmetros e seleção, tanto em qualidade como
em quantidade, para as bandeiras que se faziam representar nas competições.
Alfredo de Castro Pérez, titular do Jockey Club de Montevidéu, foi eleito presidente da Associação e sua cidade, por lógica consequência, a primeira sede do acontecimento, na época, “perigoso e desejado”. A bolsa de prêmios recebeu cotas dos Jockeys associados: Argentina, Brasil, Uruguai e Venezuela aportaram com cotas iguais e, em menor valor, Chile e Peru.
Foi uma festa inesquecível. Unificou a atividade hípica do continente em 1981. A prova recebeu apoio da marca Marlboro e o Clássico Associação Latinoamericano de Jockeys Clubes (Malboro Cup) teve a vitória do brasileiro Dark Brown, de propriedade do gaúcho Mathias Machiline.
Diante da difusão, não apenas na América Latina, mas nos principais países do mundo, e do sucesso de público, os Jockeys Clubes reiteraram a decisão de realizar anualmente a corrida, na distância de 2.000 metros e incluída no calendário oficial da Organização Sul Americana de Fomento, já estabelecendo que a 2ª edição do Latino teria como local a cidade de Buenos Aires, com organização do Jockey Club Argentino, em sua sede hípica, o majestoso Hipódromo de San Isidro.
Realizado em um cenário poucas vezes visto no circo do norte da capital portenha, a disputa foi coroada de êxitos, e o Brasil novamente compareceu no alto do marcador, com a vitória de Duplex. O craque brasileiro nascido no Haras Guanabara, de Roberto Grimaldi Seabra e Nelson Seabra, era de propriedade de Carlos Eduardo Salles Gomes (Stud Jupiá).
Em menos de uma década, o Latino deu a volta pela América do Sul. Os primeiros anos foram de total predomínio nacional, com Dark Brown, Duplex, Derek e Old Master.
Este ano, nas doze quadras da areia de Palermo, a principal carta nacional no “XXVIII Grande Premio Asociación Latinoamericana de Jockey Clubes e Hipódromos (G I)”, é o incansável Mr. Nedawi, um notável stayer, admirado como poucos na Argentina. Entretanto, Stockholder (montaria do astro Jorge Ricardo), cavalo “arenático” por excelência e o estreante em provas estrelares de nível internacional, Pirâmide Solar, podem trazer para o Brasil a Medalha de Ouro do turfe sul-americano.
por Mário Rozano
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