No galope de apresentação os cavalos por ele treinados chamam atenção pela beleza e disposição. O turfista, de imediato, olha o número e ao procurar responsável pelo preparo do puro-sangue no programa sente aquela sensação de confiança para apostar. C.H.Coutinho. Nos últimos meses tem sido a senha do sucesso. Aos 54 anos, Carlos Henrique Coutinho faz jus, literalmente, a expressão dar a volta por cima. Membro ilustre e prodígio de uma família das mais tradicionais do turfe brasileiro, Carlinhos aprendeu os segredos da raia com o seu pai, Expedito Coutinho, e na cocheira, com o tio, Edio Polo Coutinho.
“Sempre gostei dos cavalos. Seguia o meu pai por todo canto e acompanhava os trabalhos e aprontos com curiosidade. O meu tio Edio Polo era uma fera na cocheira e sempre observei com atenção a sua maneira de trabalhar. Ele tinha uma equipe de cavalariços de primeira linha e pude aprender bastante nesta época. Nunca passou pela minha cabeça fazer outra coisa que não fosse treinar cavalos de corrida”, conta.
A carreira teve início vertiginoso. Tirou matrícula pela primeira vez em 1982, embora já estivesse na lida há algum tempo. A primeira oportunidade foi dada pelo veterinário José Roberto Taranto e por Sérgio Cherman, do Stud Shangri-lá. Foi uma avalanche de vitórias. Carlos Henrique Coutinho lembra com saudade dos excelentes corredores do Stud Shangri-lá, com destaque para a velocista Hatu, segundo ele uma égua de exceção. Algum tempo depois apareceria em sua carreira o Stud Landinho, de Orlando Careca, que lhe proporcionaria a vitória na estatística de treinadores no final dos anos 80. “Foi um período maravilhoso. As arquibancadas do hipódromo lotadas e um ambiente de festa. Eu tinha nas mãos excelentes animais, alguns inclusive que chegaram com sucesso à esfera clássica como Tropic Show e Fast Poker”.
Com a morte do titular do Stud Landinho, as oportunidades de Carlos Henrique diminuíram. Ficou com poucos cavalos e por consequência um elenco frágil e reduzido. Carlinhos admite que não tenha sabido lidar bem com isso e ficou desanimado. ”Nunca gostei de pedir cavalos de outros colegas e nem favores a ninguém. Sou tímido por natureza. Fiquei uns três anos sem entrar no hipódromo. Foram tempos difíceis. Depois entrei naquele período de voltar e desistir devido ao fraco material. Fiquei num autêntico vai e vem”.
Mas quem tem amigos sempre pode recuperar-se. O turfista e proprietário Marcelo Palhares Imbroisi, o popular Boloinha, segundo Carlinhos o seu “amigo do peito”, nunca deixou de ter fé no talento de Carlos Henrique Coutinho. Ele foi o responsável por apresentá-lo a Reinaldo Tersitano Filho, titular do Haras The Best. Além deles, Carlinhos lembra com carinho das palavras de incentivo de Jorge Pragana, que lhe deu o primeiro cavalo para treinar nesta retomada da profissão.
“O Jorge foi demais. Ele me deu força e fez a minha cabeça. Além disso, trouxe para os meus cuidados o cavalo Emouffe, que abriu os caminhos desta nova etapa. Com ele veio o Claudio Mesqueu, do Stud Mesqueu, o Mauro Moneró e depois o Stud Queiroz e o Stud Ana Paula Felipe. Com todos eles, e evidentemente, o Haras The Best, o proprietário com maior número de cavalos. Hoje tenho 47 pensionistas, entre eles 15 potros de dois anos, com boas perspectivas”.
Satisfeito com o Haras Bela Vista, segundo ele, um centro de treinamento bastante funcional, Carlos Henrique Coutinho admite que devido à pista bem diferente da grandeza da raia da Gávea aonde sempre trabalhou esperava dificuldades de adaptação. Mas isto não aconteceu. “Foi tudo muito rápido. A raia faz bem aos cavalos e as vitórias aconteceram. Os bons resultados de todos os treinadores que já passaram por aqui comprovam isto. Não tenho animais de fundo, mas até os 1.600 metros não tenho dificuldade para preparar nenhum dos cavalos por mim treinados”, afirma.
Carlinhos admite estar muito feliz, segundo ele vive nas nuvens nos últimos tempos. A companheira Rafaela, com quem está há quase dois anos, é uma das responsáveis por sua alegria. Ela está sempre ao seu lado. Incentiva e lhe dá motivação. O treinador ressalta também que sua auto estima está bem alta devido ao orgulho que os seus cinco filhos sentem do seu sucesso profissional. Carolina, Carlos Henrique, Paola, Thaiana e Camilla acompanham as vitórias do pai na televisão e na internet.
por Paulo Gama
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