Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Floreando, por Milton Lodi

DETALHES E FATOS CURIOSOS E INTERESSANTES

Detalhes curiosos aconteceram na época de ouro do Jockey Club São Paulo, sob as presidências de Luiz Oliveira de Barros, João Adhemar de Almeida Prado e Hernani Azevedo Silva.

Surgiu uma relação de garanhões oferecidos, da França, para o Posto de Monta. Dessa relação constava Coaraze, ótimo corredor e de régio pedigree, que havia pouco se iniciara na reprodução. O Capitão Bela Wodianer, que trabalhava no setor de fomento, instigou o então Diretor do setor, José (Juca) Homem de Mello, a tentar comprá-lo. Informações oficiosas, mas acreditáveis deram como explicação para a inopinada venda para o fato de que, logo na sua primeira geração, Coaraze tivera cerca de cinco casos de gêmeos. O Juca quis desistir, mas foi a insistência do Capitão, dizendo que gestações gemelares são da responsabilidade das éguas-mães e não do reprodutor em nada desabonavam Coaraze. O cavalo tinha que vir para o Brasil e era uma oportunidade única. Foi difícil convencer o Juca, que acabou cedendo. Coaraze veio, e foi um marco na criação brasileira.

Na antevéspera de um GP São Paulo, o então diretor do Fomento, o saudoso Antonio Luiz Ferraz foi informado que a bordo de um navio que aportara em Santos, estava em filho do invicto Ribot, em trânsito para a Argentina, e sendo trazido da Europa por um húngaro radicado nas cercanias de Buenos Aires. Esse húngaro, que viera fugido da guerra de 1939 a 1945, costumava passar o seu mês de férias basicamente na Hungria, na Áustria e na Alemanha, e sempre voltava em um navio cargueiro levando animais para vender. No sábado de manhã, o Antonio Luiz convidou a mim e ao Capitão para ir ver o cavalo no navio. Era um alazão grande, forte, não tinha nada parecido com o ilustre pai, e tinha horrorosos tendões dos anteriores. O Antonio Luiz perdeu grande parte do entusiasmo, mas mesmo assim admitiu comprar o cavalo por um preço razoável, pois apesar dos pesares era um Ribot. À tarde durante as corridas em Cidade Jardim, Brecher era o assunto de todos, e o bom Juca fez as maiores restrições à compra do cavalo, inclusive dizendo que “os nossos professores argentinos” que estavam em São Paulo para o Grande Prêmio, desaconselhavam a compra, era apenas um rebotalho do fantástico Ribot e Brecher seguiu viagem para a Argentina, e quando desceu do navio já estava comprado pelos “Professores” argentinos. Brecher não foi nada extraordinário, mas foi pai de bons ganhadores até de provas nobres.

Um filho do criador Anthony Assumpção, do primitivo Haras Castelo, em Jaguariúna, era o Diretor de Fomento, e foi à Inglaterra para escolher e comprar um garanhão para o Posto de Fomento. Comprou um cavalo de porte médio para pequeno, de físico não avantajado, mas com bom pedigree, um milheiro. Quando o cavalo chegou da Inglaterra, choveram as críticas ao Breeder’s Dream de tal ordem que o tal Diretor pediu demissão. Breeder’s Dream produziu satisfatoriamente, nada de espetacular, mas bem e dentre os seus melhores filhos estão Duplex, grande ganhador clássico internacional e Inertia Star, que produziu Interallie, líder da geração feminina aos 2 e aos 3 anos na Gávea.

O Haras Casupá foi durante muitos anos o grande destaque da criação uruguaia. O seu proprietário, Dom Juan Amoroso, era conhecido como o “Tesio sul-americano”. As éguas do Casupá produziram extraordinariamente fora do Uruguai e também no Brasil, principalmente em mãos do expert José Paulino Nogueira. O Ipiranga comprou várias potrancas das linhas femininas do Casupá através do Dr. Paulino, e grande parte do seu sucesso deveu-se a isso. Mas ao inverno do sucesso na área feminina, o mesmo não aconteceu com os machos que de lá foram comprados. Mirón e Lunar foram dois exemplos, o primeiro chegou a vencer o GP Brasil, e o outro foi um dos melhores corredores de sua época na Gávea. Mas talvez pelo fato de não terem forte aceleração, eram galopadores, características basicamente inadequada para garanhões, pelo menos e principalmente no Brasil, onde de um modo geral a velocidade é uma tônica. Mirón e Lunar, mesmo nas mãos do genial José Paulino Nogueira, fracassaram. A bem da verdade, José Paulino fez tentativas nas quais ele mesmo não tinha fé, não acreditava. Ele sabia das coisas.

Muitos dos grandes corredores argentinos, que vieram para ganhar com autoridade as nossas melhores provas nobres, não corresponderam na reprodução, alguns deles até sem ou com poucos filhos. Atlas, Tatan, Mangangá, Arturo A. e outros são alguns de muitos exemplos.

O treinador Pedro Gusso Filho tinha uma égua de criação do Haras Bela Esperança, de José Paulino Nogueira, filha de Wood Note em linha do Casupá. Pediu-me uma cobertura, dei do Flamboyant de Fresnay, nasceu Cíncia, líder de sua geração em São Paulo. Pedro Gusso Filho era o treinador dos animais do Tito Melo Zarvos, dono do Haras Pirajussara, e lá foi criada Cíncia, que depois da reprodução deu o excelente velocista Odysseus.

Há muita coisa interessante no mundo dos cavalos de corrida.

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