Floreando, por Milton Lodi
A atual liderança Sul-Americana do turfe Brasileiro não se deve apenas ao declínio nos outros países. Enquanto a liderança do uso de medicamentos para correr no Peru, no Chile, na Argentina e no Uruguai vem minando dia a dia a saúde dos animais, transformando-os em dependentes de drogas, em nosso país há uma legislação oriunda da Associação Brasileira que controla os excessos. Concomitantemente, com a audácia dos melhores criadores na importação de boas matrizes e de garanhões em especial em “shuttles”, o padrão brasileiro vem evoluindo, ainda mais que a obsessão pela vinda de garanhões dos Estados Unidos e da Argentina, quase sempre de animais de qualidade duvidosa, vem sendo substituída pela vinda periódica de animais europeus, sadios, nunca medicados para correr, principalmente, vindos de fontes das mais expressivas e melhores do turfe internacional. Cite-se, como exemplo, a ligação, através do hipólogo Samir Abujamra, com o Darley Stud, organização internacional, onde cerca de 100 garanhões de muito boa qualidade são disponibilizados para “shuttles” no 2º semestre.
A citada organização, com vários Haras na Irlanda, Inglaterra, Austrália, Japão e Estados Unidos, é um mundial ponto de referência. Há, também, outras fontes de garanhões melhoradores, como a Coolmore e o Aga Khan, que tem, também, reprodutores de arrendamento com preços diversos, não em função só de qualidade, como também de prestígio.
Um dos problemas para receber um garanhão de alta qualidade em “shuttle”, como Shirocco, Manduro e Refuse to Bend, por exemplo, é ter-se uma séria e competente organização para a recepção.
Em São Paulo, Haras como São Quirino, Calunga e San Francesco, entre outros, já se mostraram habilitados. No Paraná, os elogios do qualificado “stud groom” que acompanhou recentemente Shirocco foram definitivos quanto ao Haras Santa Rita da Serra, mas há outros que tem condições de receber bem garanhões internacionais, dentro outros o vitorioso Santarém. No Rio Grande do Sul há muitos Haras habilitados. Old Friends, Nacional, TNT, Santa Maria de Araras, Bagé do Sul, Anderson, Castelo, Doce Vale, Mondesir e Santa Ana do Rio Grande, como exemplos dentre outros, já dão um bom “comitê” de recepção. Representantes da Darley, principalmente, já vieram e tem vindo para conhecer as condições de recepção dos valiosos cavalos. Não seria necessário lembrar como exemplo que, Manduro custou ao Sheikh Mohammed, só para a reprodução, 35 milhões de dólares. Além do natural conforto quanto à acomodação dos garanhões, é necessária e obrigatória a presença de um veterinário competente em tempo integral e ainda mais, um ambiente acolhedor, com pessoas interessadas, que não trabalhem só pelo dinheiro, mas com satisfação, com prazer de participar da importante e agradável atividade. É o que tem encontrado aqui os estrangeiros que tem vindo.
A habitual vinda em “shuttle” de bons animais da Europa tem diminuído o número das melhores éguas para os garanhões sediados no país. Há ainda, um detalhe, a ser levado em conta, qual seja, a idade maior que 15 anos de um bom número de bons reprodutores. No catálogo que venda de coberturas da Associação Brasileira, figuram 69 cavalos, que com o do Haras Anderson que não participou, completa um grupo de 70, que pode ser considerado como o principal. O Stud TNT também não apresentou seus garanhões no catálogo, e dos 6, metade já passou dos 15 anos.
Já estão com mais de 15 anos de idade Holzmeister (USA-17), Inexplicable (USA-16), Mensageiro Alado (BRZ-16), Nedawi (GB-16), Pioneering (USA-18), Shiphon (BRZ-16), Plublic Purse (USA-17), Redattore (BRZ-16), Spring Halo (ARG-17), Signal Tap (USA-16), Torrential (USA-16), Voando Baixo (BRZ-17), Wild Event (USA-18) Yagli (USA-18), Choctaw Ridge (USA-22), Crimson Tide (IRE-17), Capetown (USA-16), Arambaré (BRZ-16), Bonapartiste (FRA-17), Blade Prospector (BRZ-16), Calcáreo (BRZ-19), Dubai Dust (USA-17), Vettori (IRE-19), Our Emblem (USA-16).
E essas idades não tem cunho alarmante, pelo contrário, são naturais no contexto. Por exemplo, Mensageiro Alado, agora com 20 anos, até os últimos 2 ou 3 anos cobria mais de 90 éguas/ano, e só recentemente passou a cobrir pouco mais de 60 por ano, por medida de natural precaução.
Em casos semelhantes estão outros, funcionado bem e regularmente apesar de já terem passado dos 15 anos de idade. Os bons “shuttles” fazem grande bem ao turfe brasileiro, são bem vindos, pois alem de participarem da proposta seletiva, ao natural diminuem as chances dos garanhões piores, que ficam sem ou com menos éguas. Além de tudo, o bom aproveitamento dos nacionais ganhadores de Grupo I na Gávea ou em Cidade Jardim, vão ajudando aos poucos na necessária substituição dos que mostraram-se incompetentes ou que morreram.
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