Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

LINGUA AMARRADA


Alguns animais apresentam uma disfunção respiratória chamada “Deslocamento Dorsal do Palato Mole - DDPM”. Esta estrutura é responsável pela divisão da faringe em cavidade nasal e oral nos cavalos. Devido ao cavalo ser um respirador nasal obrigatório, é extremamente importante que o Palato Mole fique numa posição ventral (abaixo) à cartilagem Epiglote, exceto durante a deglutição para evitar que ingesta (água, alimentos, ou saliva) passe para o trato respiratório. O deslocamento dorsal (para cima) desta estrutura causa uma obstrução funcional a passagem do ar durante a expiração que pode levar a queda de rendimento e performance. Por tratar-se basicamente de uma estrutura muscular, o “amarramento” da língua tensiona rostralmente (para fora) o Palato, tendendo a impedir que ele se desloque dorsalmente, mantendo a passagem do ar para os pulmões.

Este procedimento pode permitir que o animal desempenhe sua função atlética de maneira adequada. Outra maneira de tentarmos prevenir este deslocamento é através do uso de um aparelho que “pressiona” o Palato Mole ventralmente, na intenção de mantê-lo em sua posição anatômica. Temos também o uso de equipamentos (cabeçadas) que restringem a abertura da boca durante o exercício. Estes equipamentos diminuem o efeito desestabilizante da respiração no Palato Mole. Em nosso hipódromo, os profissionais utilizam uma série de materiais para proceder a amarração, tais como, ataduras de crepe, meias femininas de seda, tiras de nylon com velcro, elásticos de borracha, etc.

Por ser uma estrutura extremante vascularizada e sensível, é imprescindível que a amarração da língua seja feita por profissional com extrema experiência neste tipo de procedimento. Algumas ocorrências verificadas nestes casos são a realização do nó extremante apertado, o que causa uma brutal diminuição do fluxo sanguíneo; nó frouxo que se solta durante o galope ou até mesmo na corrida; colocação do nó na posição errada, causando mordeduras da língua, entre outras.

O tratamento definitivo desta patologia é a correção cirúrgica que pode ser realizada através de diversas técnicas. Uma pesquisa recente realizada no Reino Unido mostra que cavalos, que tiveram a Língua Amarrada em corridas consecutivas, tiveram um aumento significativo de ganho em prêmios comparados a suas corridas antes da utilização deste procedimento, concluindo que a Língua Amarrada parece ter um efeito benéfico na performance do Puro Sangue Inglês.


Luís Renato Oseliero
Médico Veterinário – CRMV-SP: 11070

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