Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Odontologia em cavalos de corrida



A odontologia equina é uma prática rotineira de inspeção da cavidade oral ultilizada no mundo inteiro. Ela pode revelar inúmeras anormalidades possíveis de reparação. Os resultados dessa prática são facilmente observados em curto, médio e longo prazo. Os cuidados dentários proporcionam maior conforto ao animal, maior aproveitamento dos alimentos, melhor performance e longevidade. Há aumento na eficiência da transformação dos custos da atividade em resultados, beneficiando todos os setores envolvidos na cadeia produtiva da equinocultura.

O exame dentário deve ser realizado duas vezes ao ano como parte indispensável de um programa preventivo. Apesar de ser culturalmente negligenciado no Turfe brasileiro, esta prática é fundamental aos profissionais que almejam melhores resultados como também assegura o bem estar animal. A exigência por precocidade e performance em idade tenra, enquanto modificações fisiológicas ainda estão por acontecer na dentição como crescimento, desgaste e troca dentária, acabam por ocasionar situações de dor e desconforto, ressaltando assim a importância desse procedimento em cavalos de corrida.

O confinamento em baias e o fornecimento de rações com diminuição da quantidade de fibras causa alterações de desgaste dentário favorecendo a formação de pontas, rampas e ganchos. Outra mudança na alimentação é o fornecimento de dietas em cochos. A diferença com relação a altura entre o pastejo mais baixo e o consumo do alimento no cocho mais alto, modifica o atrito entre os dentes pela influência nos movimentos mandibulares. Em situações de sedentarismo pelo confinamento em baias, diversas estereotipias são apresentadas pelos animais. Muitas delas levam ao desgaste incorreto e exessivo dos dentes incisivos, principalmente a aerofagia ou tique de apoio.

As alterações mais intensas do desgaste dentário acontecem pela restrição do tempo de mastigação. Quando em vida selvagem, o cavalo passa em torno de 60% do seu tempo pastando. Ao ser confinado em baias este período é reduzido a 15% e diminui a quantidade de fibra da dieta com o fornecimento de concentrado. Os dentes, próprios para resistirem ao atrito intensivo da trituração de fibras, sofrem menos desgaste e crescem exageradamente. Os dentes permanentes dos equinos crescem indefinidamente ao longo da vida (02 a 04 milímitros por ano) formando pontas de esmalte dentário (substância orgânica mais rígida do corpo) causadoras de lesões ulcerativas na mucosa oral e língua, necessitando assim a correção dessas pontas.

Outro fato predisponente as alteracões dentárias é a seleção de reprodutores sem levar em consideração as características dentárias dos indivíduos que tem por consequência o favorecimento de deformidades congênitas ou predisposições as alterações adquiridas durante a vida de seus produtos.

O primeiro dente pré-molar (dente de lobo) quando presente, provoca muito encomodo pois é constantemente traumatizado pela embocadura. Resultados positivos são observados rapidamente com a extração do dente de lobo.

A extração das capas dentárias (dente de leite) evita doenças periodontais e anormalidades de crescimento. Dentes extras e fraturas podem causar sinusites, abscessos e fístulas, necessitando assim ser extraído.

O "bit sit" é o arredondamento feito no bordo rostral dos segundos dentes pré molares, formando um encaixe perfeito da embocadura, evitando movimentos irregulares da mesma no momento da corrida e lesões na comissura labial (encontro dos lábios).

Falhas no processo de mastigação e trituração causam alterações significativas na digestibilidade. O escore corporal ruim, pêlos opacos e eriçados, apatia, perda de peso e histórico de cólicas recentes e suas frequências podem revelar sinais de problemas com o trato digestório, inclusive problemas na boca e nos dentes. Halitose (mau hálito) também é sinal de problemas na boca, ocorre quando há acúmulo de comida entre os dentes. Outro fato importante de se observar é se o animal deixa cair o alimento da boca enquanto mastiga ou para de se alimentar repentinamente.

O exame odontológico deve ser realizado por um Médico Veterinário, com o cavalo devidamente sedado, de preferência em lugar próprio e com equipamentos adequados. Uso de tronco de contenção ou brete, suporte de cabeça e abre bocas é indicado. É inapropriado o grosamento dos dentes realizado por "leigos" sem a ultilização de abri bocas, usando como contenção física o "cachimbo" e segurando a língua . Além de traumático, não permite a visualização completa da cavidade e causa lesões nas mucosas que já foram motivo para fortait veterinário.



Juliano Battisti
Médico Veterinário - Hospital Octávio Dupont
CRMV /RJ 10914

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