Jeane Alves
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Josiane Gulart desfila talento nas raias de Cidade Jardim, por Paulo Gama
A talentosa Josiane Gulart
Aos 27 anos, a gaúcha Josiane Gulart, natural de Carazinho, interior do Rio Grande do Sul, vive o melhor momento de sua carreira. A joqueta ocupa o quarto lugar na estatística de jóqueis do Hipódromo de Cidade Jardim, em São Paulo. A sua trajetória, entretanto, não foi nada fácil. Ela teve de enfrentar, de peito aberto, os preconceitos de um meio machista e alguns acidentes graves nas raias. Hoje, se sente orgulhosa de ter conquistado espaço muito mais por seu talento para montar do que pelo indiscutível charme de ser uma bela mulher.
Filha do treinador José Gulart, mais conhecido por Nêgo Zé, especialista no preparo de cavalos de cancha reta, e irmã do treinador e ex-jóquei, Acedenir Gulart, Josiane começou em Carazinho, nas retas. Posteriormente, deu seqüência ao seu trabalho na escola de aprendizes da Gávea, para finalmente se firmar no turfe paulista. A joqueta admite a influência da família em sua carreira. O pai foi um professor exigente, rigoroso e, algumas vezes rude. O irmão nunca aliviou sua barra também. Em sua estréia, inclusive, foi seu rival numa reta. Josiane jura que deu empate depois de duas pencas disputadas entre eles.
“Reconheço a importância do meu pai e do meu irmão em minha vida profissional. Aprendi muito com eles. Mas chegou um determinado momento em que tive de me virar sozinha. E aí conquistei espaço por meus próprios méritos. Não foi nada fácil chegar até aqui, mas hoje me sinto confiante. Conquistei o respeito de proprietários e treinadores e atravesso o melhor momento da minha carreira”, afirma.
Depois de 11 anos de atividade no eixo Rio/São Paulo, Josiane não precisa pensar duas vezes para dizer que prefere montar no turfe paulista. Depois de somar mais de 150 triunfos no turfe carioca, a joqueta já passou de 500 vitórias em sua carreira, com mais de 380 páreos ganhos em Cidade Jardim. “A transferência para São Paulo foi à melhor escolha que fiz na minha vida. A corrida é muito mais limpa e dentro do meu estilo, ou seja, gosto de correr com calma, e acionar os cavalos na hora certa. Na Gávea é um Deus nos acuda. A corrida tem ritmo frenético, alucinante, muito acelerado, e com vários partidos aplicados por parte dos jóqueis. O jóquei que monta com sucesso lá consegue montar em qualquer hipódromo do mundo”, analisa Josiane.
Com o peso pluma de 51 quilos, Josiane tem tido muitas oportunidades dos treinadores Edemir Garcia, Luiz Carlos Soares, Altair Oliveira e Lucas Quintana, entre outros. Feliz com o espaço conquistado pelas mulheres no turfe, ela assegura que foi fruto de muito esforço de todas elas. “Nós conseguimos espaço com garra, trabalho e dedicação. Hoje recebemos o mesmo tratamento dos homens e a vantagem de dois quilos. No início de minha carreira, a maioria me olhava com desconfiança, com olhos curiosos, como se fosse coisa de outro mundo uma mulher montar um cavalo de corrida. Teve um cara que chegou a dizer que eu devia aproveitar o fato de ser magrinha para seguir na profissão de modelo. Eu tinha chegado há pouco tempo do interior e fui bastante malcriada com ele”, conta e solta uma deliciosa gargalhada.
Josiane considera Vagner Leal o provável campeão da estatística paulista. Lamentou bastante a contusão de Francisco Leandro, segundo ela, um profissional correto e trabalhador que vivia um momento mágico em sua carreira. A joqueta acha que José Aparecido é o seu rival na disputa do terceiro lugar, que segundo ela, já seria motivo de orgulho. “O meu objetivo é ficar entre os cinco primeiros colocados. Estou quase chegando lá. A queda que sofri recentemente me assustou. Mas logo percebi que não havia quebrado nada. O acidente mais grave que sofri foi na Gávea. Foi preciso tirar o baço. Não gosto de lembrar. É uma profissão perigosa”, afirma.
O maior sonho na profissão é um dia montar em Dubai. Enquanto isso não acontece Josiane desfruta o bom momento de sua carreira em Cidade Jardim. Admite, entretanto, que um se um dia pudesse montar no exterior ficaria exultante. “No momento, o melhor lugar do mundo é aqui em São Paulo. Mas as corridas de Dubai, com aquela maravilhosa infra-estrutura, os belos hipódromos, as pistas bem cuidadas, todos aqueles jóqueis famosos até parece um conto das mil e uma noites. Talvez, algum dia eu tenha a chance de montar e vencer um páreo por lá. Seria o máximo ser aplaudida por todos aqueles sheiks”, brinca.
transcrito do Site Raia Leve
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