Jeane Alves
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
CÓLICA EM EQUINOS
Por maiores que sejam nossos cuidados com a saúde dos cavalos, a cólica sempre será um grande problema para os proprietários e treinadores.
É comum jornais e revistas sobre cavalos publicarem artigos sobre cólica e, mesmo assim, constantemente ficamos sabendo de mortes causadas por ela.
Mas por que a cólica é tão temida? Porque o cavalo é tão sensível a ela? Porque tantos cavalos morrem de cólica?
Uma coisa é certa, “os cavalos não são predestinados à cólica, mas sim à falta de cuidados e atenção, que na maioria das vezes é a causadora deste problema”.
Sinais Clínicos:
As cólicas começam com uma dor abdominal e o animal “cava” o solo com as mãos, dá coices, olha o flanco, se agita, deita, rola, transpira, se mantém em posição de urinar ou defecar, tem frequência cardíaca elevada, etc.
Mesmo que elas se resolvem rapidamente, as cólicas são causas frequentes de mortalidade equina.
Causas:
O estômago do cavalo é muito pequeno e seu volume não passa dos 15 litros, sua entrada é formada de um esfíncter chamado cárdia que permanece sempre fechado impedindo o refluxo, ou seja, a volta dos alimentos à boca para melhor mastigação ou vômito.
Se por acaso ele absorve uma quantidade grande demais de água ou comida, o estômago dilata provocando grande desconforto e dor, podendo até ocorrer a ruptura estomacal, com consequente morte do animal.
Tratamentos:
As cólicas benignas são as mais frequentes. Na maioria das vezes são causadas pelo stress ou por sobrecarga alimentícia. O tratamento é clássico. Passagem de sonda nasogástrica e utilização de anti-inflamatórios.
Algumas vezes medicamentos são utilizados via sonda para tratamentos de cólicas causadas por impactações.
A soroterapia também é importante para manter o animal hidratado.
Algumas vezes os casos são mais complicados, com torções e deslocamentos de partes do intestino, sendo o tratamento indicado a cirurgia.
Tipos de cólicas:
1- CÓLICA GASOSA: É uma dilatação do estômago produzida pela ingestão de alimentos fermentáveis ou processos obstrutivos na região do piloro (passagem estômago-intestino delgado).
É de grande incidência nos haras, devido ao excesso de alimentos, pelo modo como ele está sendo utilizado.
Os equinos, como vimos, têm o estômago pequeno e o hábito de comer pouco e varias vezes ao dia.
Quando fica muito tempo sem se alimentar, ao ser fornecida uma quantidade excessiva de ração, o animal ingere um volume que muitas vezes não está condizente com a sua atividade (pouco exercício), advindo a cólica. Muitas vezes, o volume de ração que se está fornecendo a um animal sob atividade intensa, sem causar problemas, pode ser demais para aqueles que estão desenvolvendo uma atividade menor.
Logo, o criador deve relacionar o volume de ração com a atividade do cavalo, que pode ser: manutenção, trabalho leve, moderado ou intenso, ou ainda condicionamento (ganhar peso).
A cólica gasosa ocorre principalmente pela rápida ingestão de ração ou grãos em grande quantidade, fermentando e formando gazes, dilatando, dessa forma, o estômago.
A água é de extrema importância aos equinos, pois auxilia na digestão e no trânsito do bolo alimentar pelo trato digestivo.
2- TORÇÃO DO INTESTINO DELGADO: É uma cólica causada pelas alterações dos movimentos intestinais e são várias as causas: diarréias, espasmos, etc.
Os equinos possuem outra característica anatômica do trato entérico, que são fortes movimentos e poucos pontos de fixação do intestino no organismo, levando-os a propensão às torções.
Após ocorridas, elas prejudicam a irrigação vascular dos tecidos. O tratamento indicado é a cirurgia até 6/8horas, após o inicio da cólica. Depois deste período o processo se agrava tornando a resolução do problema bastante difícil.
3- TORÇÕES E DESLOCAMENTO DO INTESTINO GROSSO: Semelhante à descrita anteriormente (torção), só que ocorrerá no intestino grosso, causando a obstrução da passagem do conteúdo intestinal e suprimindo a irrigação sanguínea.
4- COMPACTAÇÃO: São acúmulos de alimentos que ocorrem em qualquer parte do trato intestinal, ocasionando bloqueio total ou parcial ao livre trânsito do conteúdo intestinal. A baixa ingestão de água favorece seu aparecimento.
5- TIMPANISMO: É o acumulo de gases devido à fermentação dos alimentos, ocasionando distenção intestinal. Pode ser ocasionado por fermentação de alimentos ou excesso destes, causando alterações do peristaltismo.
6- ESPASMO INTESTINAL: É uma contração da musculatura da parede do intestino, provocando alterações na irrigação sanguínea.
7 - CÓLICA TROMBOEMBÓLICA: É ocasionada por larvas de vermes intestinais (comumente Strongyllus sp) que bloqueiam total ou parcialmente a passagem intestinal afetando a irrigação sanguínea com consequentes alterações na irrigação sanguínea.
8- ENTEROLITÍASE (pedras, cálculos): É a obstrução do intestino por enterólitos, que se formam por deposição de minerais, tendo no centro fragmentos diversos, pequenas pedras ou partículas de madeira, barbantes, etc, podendo levar o animal à morte.
O que deve ser feito enquanto o veterinário não chega?
- Caminhar com o animal para eliminar os gazes.
- Manter o animal em local aberto para evitar que se machuque.
- Administrar analgésicos, antiinflamatórios.
- Nunca administrar drogas com efeito diurético.
Rosalie Joslin Kowal
CRMV-RJ: 5728
Patologia Clínica – Hospital Veterinário Octávio Dupont
Jockey Club Brasileiro
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