Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

PAPO DE TURFE – Gilberto Solanes





Proprietário do Centro de Treinamento e Haras Verde Preto, Gilberto Solanes é o convidado especial da coluna de entrevistas do site do Jockey Club Brasileiro.

Como conheceu o turfe?

GS: Através do meu pai, Eurico Solanes. Lembro bem, tinha cerca de sete anos, meu pai comprou um cavalo, Porungo. Animal treinado por Henrique de Souza e que costumava a ser montado pelo Arthur Araujo. Ganhou quatro ou cinco páreos.

O que as corridas de cavalos representam para você?

GS: É a minha vida! E hoje é meu trabalho também, por conta do Centro de Treinamento Verde e Preto.

Quais são melhores cavalos que já viu correr?

GS: Sem dúvida foi o Gualicho.

Melhores éguas?

GS: Éguas vi muitas. Tirolesa, Courageuse, Elamiur e Clareira são inesquecíveis.

Cavalo/égua mais bonito que já viu?

GS: Radar, do Stud Seabra. Inclusive lembro uma particularidade dele: sempre que ia correr, entrando na pista, ele parava, olhava para direita, depois para esquerda, parece que olhando para o publico, e depois entrava na pista.


Melhor cavalo de sua propriedade e/ou criação?

GS: Não foi de minha criação e sim de propriedade. Bakari, um argentino que teve uma campanha incrível. Estreou dia 1 de julho em 1.600 metros na pista de areia ganhando fácil. Dez dias depois venceu um Handicap em 2.000 metros na grama. Dia 18 do mesmo mês (!) ganhou com o Rigoni o GP 16 de Julho em 2.400 metros na grama. Um mês depois de sua estréia, dia 1 de agosto, encarou os melhores corredores da America do Sul do GP Brasil (na foto ao lado) e chegou no terceiro posto a pescoço de El Aragonês e Joiosa. Foi um páreo espetacular, Luiz Diaz montou meu cavalo, dominou a carreira nos 1.600 finais, brigou com todo mundo e deixou a vitória escapar em cima do disco, para desespero meu e do treinador Pedro Gusso Filho, que passou anos digerindo a derrota. Quinze dias depois foi segundo nos 2.400 metros do “Dr. Frontin”, na época G1, e no mês seguinte venceu fácil o GP Jockey Club Brasileiro, também Grupo 1, só que em 3.200 metros.

Quais jóqueis fazem a diferença?

GS: Dos que vi, com certeza, Luiz Rigoni.

E quais os melhores treinadores em sua opinião?

GS: Dois que conheci foram Ernani de Freitas, Pedro Gusso Filho, João Limeira e, talvez o melhor deles, o argentino Julio Penna.

Melhores garanhões da atualidade no turfe nacional?

GS: Talvez os que vieram agora em shutling, mas, dos que têm seus filhos correndo, não vejo nenhum grande destaque.

Melhores da história do turfe brasileiro?

GS: Fort Napoleon, Waldmeister, Locris e Roi Normand.

O que espera do turfe brasileiro nos próximos anos?

GS: Espero que o turfe se una, eleja um presidente que agrade tanto a situação, quando a oposição. Sem união fica difícil o turfe melhorar. Temos um grande exemplo no Jockey Club de São Paulo, que voltou a evoluir.


Seu momento inesquecível no turfe?

GS: Como proprietário, o GP Brasil de 1958, com Espiche, e os dois Derbys, um com a Courageuse e o outro com Revolution, que veio da cancha reta. E outro momento inesquecível foi à vitória do meu filho, Beto, no GP Brasil com Moryba.

Algum páreo marcante?

GS: O mais marcante o “Brasil” de 58. Foi uma carreira sensacional, mesmo se o Espiche corresse o mesmo páreo 100 vezes, acho que não ganharia de novo. Fez tudo pela baliza um, conseguiu uma passagem incrível nos últimos metros e venceu por ponta de focinho para cima dos favoritos, que desgarraram e vieram pelo externo da pista.

Qual foi sua maior tristeza com cavalos?

GS: New Come. Um cavalo que meu pai comprou a pedido do Buarque de Macedo, um argentino, que aparentemente era completamente são, mas que já tinha corrido algumas vezes e não havia rendido nada. Achamos uma broca que tomou 3/4 de um de seus cascos, demoramos oito meses, mas conseguimos curá-lo. Ganhou a primeira por mais de 50 metros e depois venceu mais sete carreiras. Fomos corrê-lo no “Velocidade” em Cidade Jardim, que na época era disputado em 1.200 metros. Vinha de galope com o Marchant, ia ganhar muito fácil, mas, quando o jóquei fez correr, ele quebrou. Foi uma tristeza muito grande.

O que você diria para um novo proprietário que está começando a investir em cavalos de corrida?

GS: Acho que começar bem é fundamental. Então é imprescindível escolher um bom treinador, honesto, educado, descente. Um profissional de confiança.



Por Celson Afonso – Fotos: João Cotta

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