Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Venâncio Nahid, o bicho-papão visitou Cidade Jardim..., por Paulo Gama



​Para este experiente jornalista foi um privilégio acompanhar durante os últimos 30 anos a carreira profissional de Venâncio Nahid. Comecei a escrever sobre turfe em 1982, no lendário Jornal do Brasil, que hoje só existe on-line. Era uma época de ouro, com uma redação cheia de estrelas. Alguns jornalistas, eu jamais tinha sonhado ver tão de perto e muito menos dividir espaço na mesma atmosfera profissional. A motivação era absoluta e tratei de aproveitar a oportunidade na editoria de esportes. Trabalhava com Marcos Ribas de Faria e Jorge Perri de Freitas e os dois me incentivaram bastante ao perceber que eu era um autêntico pé de boi. O saudoso João Saldanha adorava turfe e sempre parava para saber de mim das novidades antes de escrever a sua famosa coluna. Este fato me dava tremenda moral com os demais colegas de outros esportes.

​No prado carioca conheci logo pessoas bastante receptivas e, sem dúvida, uma das que mais me ajudou foi Alberto Nahid, o pai de Venâncio. Ele só o chamava de Neném. Era um homem bom, mas rígido e exigente. Para dizer a verdade ele não dava moleza para os filhos Roberto e Venâncio. Nos exercício de distância e nos aprontos, seu Alberto orientava o ritmo ideal para que os cavalos ficassem na conta. E se alguma coisa não saía bem ele não aliviava a barra. Era aquela tremenda bronca nos garotos, na frente de todo mundo. Os dois jovens eram geniosos, principalmente o Roberto, mas eles jamais cresciam para cima do pai. Este pulso firme do Seu Nahid influenciou demais na personalidade de Venâncio. Por isso, sempre que o Neném ganha estes páreos importantes, lá estou eu a escrever sobre o seu pai. Tenho absoluta convicção que o Venâncio reconhece isto. Este seu lado disciplinado, obstinado e criterioso vem do sangue quente, mas generoso do seu Alberto. Um homem de bom coração.

​Venâncio Nahid é um autêntico bicho-papão das provas nobres de São Paulo. O treinador coleciona títulos e troféus com vitórias memoráveis obtidas por puros-sangues extraordinários, todos preparados com aquela classe excepcional que ele possui. Na entrevista do jóquei, José Aparecido, após o Grande Prêmio São Paulo, do último domingo, ele ressaltou a sua alegria e realização por finalmente vencer a prova depois de 19 anos. A declaração do piloto dá a dimensão exata do quanto é difícil ganhar um páreo deste nível. Pois não é que o Neném ganhou quatro dos cinco GPS São Paulo dos últimos cinco anos, com Jeune-Turc, Flymetothemoon, Sal Grosso e Invictus. Se o João Moreira é o Fantasma de Cidade Jardim, então o Venâncio Nahid é o Mister São Paulo.

​Vale ressaltar também o triunfo no dia anterior da potranca I Scream, do Haras Doce Vale, no Grande Prêmio Organização Sul-Americana de Fomento Ao Puro- Sangue de Corrida. O sucesso foi fruto de planejamento bem feito e perfeita execução. Depois de correr bem as duas primeiras provas da coroa carioca Venâncio achou por bem poupar sua pensionista do desgaste do confronto com a tríplice-coroada, Old Tune. O resultado foi o melhor possível. Old Tune chegou ao cobiçado título e I Scream venceu prova de Grupo I fora de casa com direção perfeita de Altair Domingos. Agora sim, ela evoluiu o que era preciso e, no futuro, já pode enfrentar de igual para igual a poderosa campeã.

​Parabéns ao Venâncio Nahid e a toda a sua maravilhosa equipe no Vale do Itajara. Posso dizer ao vitorioso profissional que os seus inúmeros fãs turfistas, e eu me incluo entre eles, ficaram orgulhosos da maneira brilhante como representou o Rio de Janeiro em São Paulo. Aos paulistas agradeço em nome de todos os cariocas que lá estiveram à hospitalidade e o alto nível das disputas. Foi pena a ausência de Jorge Ricardo. Só pelo desempenho espetacular de Altair Domingos dá para gente imaginar a falta que nos faz a presença de profissionais do nível deles e de outros brasileiros como João Moreira, Tiago Josué Pereira, Manuel Nunes, Fausto Durso e Silvestre de Sousa, entre tantos outros. Mas eles estão por aí, a conquistar espaço para o turfe do Brasil em todo o muno. Parece-me uma boa ideia tentar trazer a todos no Grande Prêmio Brasil. E um convite ao canadense Russel Base também cairia muito bem. Imaginem um confronto entre ele e o Ricardinho aqui no Brasil. O nosso país está em alta por causa da Copa do Mundo e posteriormente as Olímpiadas. Todos sabem disso. E em todos os seguimentos da sociedade a turma pensa grande. Está na hora do turfe começar a fazer o mesmo.


transc. Site Raia Leve

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