Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Floreando por Milton Lodi


Em todos os meus artigos através dos anos, procuro ser comedido ao apreciar animais do Haras Ipiranga, pois não teria sentido eu me aproveitar do privilégio de escrever para enaltecimentos inadequados. Mas agora peço licença, pois no presente assunto, tenho que especificamente falar do Haras Ipiranga.

Como faz habitualmente há muitos anos, o Jockey Club Brasileiro homenageia com um Grande Premio de Grupo III o fundador do Haras Ipiranga. O Haras foi implementado em 1950, e além de reprodutoras nacionais, uruguaias, argentinas e italianas, contou com uma base pedigrística fantástica, com a importação de 15 éguas francesas saídas da criação de Marcel Boussac, que dividia com o Aga Khan, com sua criação na Irlanda e na Inglaterra, basicamente, o domínio da criação mundial do cavalo de corrida. Além dessas éguas, Euvaldo Lodi trouxe garanhões da Itália, da França e da Irlanda, e com uma estrutura criacional planejada pelo Hipólogo Húngaro Capitão Bela Wodianer, permitiu que o Haras Ipiranga se colocasse como um dos melhores.

Mas o objetivo principal no momento não é falar do Haras em si, mas dos animais por ele produzidos, de 1950 até janeiro de 1956, e de lá em diante por mim até o ano de 2006. Foram cerca de 55 anos de bons resultados.

Nos quatro programas do fim de semana de 23, 24, 25 e 26 de março, todos os páreos levaram nomes dos principais corredores do Haras Ipiranga. Dos 39 páreos, um tinha o nome do homenageado e outro do Haras, restando 37 páreos para os cavalos. Modéstia à parte, alguns dos melhores não figuraram, pois eram mais de 37 merecedores de menção, como um simples exemplo GOLF (Flamboyant de Fresnay), grande ganhador clássico e bom pai clássico. Mas os 37 dão uma boa ideia do que foi o potencial do Haras.

Assim, sem empáfia e com um mini resumo dos 37, passo a discriminá-los, pela ordem de suas colocações nos quatro citados programas, do 1º páreo de sexta-feira ao 9º páreo de segunda-feira.

KALAPALO - (Kameran Khan e Faustina, por Four Hills) – Bom frequentador de boas turmas, várias vitórias, inclusive, um GP na milha em Cidade Jardim. Era um típico Grupo III, mas aquela época ainda não havia grupagem.

JUNDIÁ – (Manguarí e Gargalhada por Maharajá) – Ganhadora clássica em Cidade Jardim, e boa mãe.

FOUR HILLS – (Moroni e Four Bells, por Tetratema) – Bom milheiro, ganhador clássico na Gávea, pais clássico.

HIGH CLASS – (Kameran Khan e Florence, por Vatellor) – Uma das melhores de sua ala feminina em Cidade Jardim, com vitória e colocações em importantes provas clássicas.

EXÓTICO – (Negroni e Show Girl, por Xadrez) – Ganhador de Grupo II na Gávea e muitas colocações clássicas, inclusive, um 4º lugar no G.P. Brasil.

DE TRÓIA – (Minotauro e Fille de Troie, por Priam) – Boa campanha clássica em Cidade Jardim.

HIALEAH (Flamboyant de Fresnay e Pan-America, por King Salmon) – Uma das primeiras líderes de turma em Cidade Jardim, depois mãe clássica.

FUJI-YAMA – (Kameran Khan e Marsa, por Seventh Wonder) – Um dos expoentes de sua geração, vitórias e colocações clássicas.

AL MABSOOT – Não foi do Ipiranga, seu nome foi colocado pelo Jockey Club Brasileiro como homenagem por ser o pai do melhor corredor produzido pelo Ipiranga. AL MABSOOT, criação Aga Khan, foi importado pelo Jockey Club de São Paulo e ficava no Posto de Monta em Campinas.

BERCEUSE – (Galcador e Hypanis, por Jock) – Veio importada no ventre. Estreou na Gávea com 2 ½ anos de idade, em 1.200 metros na areia, vencendo por vários corpos e em tempo record. O seu pai era um francês de Marcel Boussac que venceu o Derby de Epsom. Berceuse, além de outros bons filhos e do melhor Kurrupako, também foi mãe de Happy, por Manguarí, a melhor velocista clássica em sua época.

TUTSI BONBON – (Xadrex e Gandaia, por Flamboyant de Fresnay) – Égua franzina que era só qualidade, venceu a seleção de potrancas em Cidade Jardim, foi boa mãe.

SWEET DOCA – (Kurrupako e Fama, por Kameran Khan) – Ganhadora aos 3 anos de idade em Cidade Jardim, comprada pelo Hipólogo Bertrand Kauffmann para o Haras São José da Serra, lá é a responsável maior pelo grande sucesso daquele Haras, com suas descendentes Sweet Eternity, Sweet Honey e muitas outras, constituindo-se a espinha dorsal da vitoriosa criação do São José da Serra.

KURRUPAKO – (Al Mabsoot e Berceuse, por Galcador) – Venceu facilmente as suas duas primeiras corridas, foi 2º na primeira prova da Tríplice Coroa, e em preparo para o Derby, como favorito antecipado para as duas últimas etapas da Tríplice, fraturou o sesamóideo trabalhando em Cidade Jardim. Corredor extraordinário, na reprodução foi até campeão da estatística no Jockey Club de São Paulo, mesmo cobrindo um relativo número de éguas. Só para citar dois de seus filhos: San Pablo venceu a 3ª prova da Tríplice Coroa Paulista, e Tálio venceu a Taça de Prata.

HAPPY – (Manguarí e Berceuse, por Galcador) – Com uma velocidade fora do comum foi à melhor velocista clássica de sua época.

PORTOIRE – (Priam e Bourleilles, por Brantome) – Uma das melhores reprodutoras importadas da França, mãe e avó clássica, grande influência na criação brasileira.

HYPANIS – (Jock e Tharida, pro Tourbillon) – Grande velocidade nas pistas francesas, reprodutora transmissora de classe, representando o que de melhor foi importado da França.

FAMA – (Kameran Kahn e Portoire, por Priam) – 7 vitórias na Gávea em boas provas de velocidade, responsável por inúmeros ganhadores clássicos, como mãe e como avó.

FIORELLINA (Four Hills e Jocosa, por Seventh Wonder) – Entre outras importantes vitórias, a Seleção de Potrancas em Cidade Jardim.

S’IMBORA – (Kurrupako e Mais Oui, por Takt) – Mãe dentre outros de Latino, ganhador de Grupo I.

GIULIANO – (Flamboyant de Fresnay e Aurora, por Goyama) – Corredor fora de série, dentre outras provas venceu de ponta a ponta e com extrema facilidade a 1ª prova da Tríplice Cora Carioca.

GOURMET – (Negroni e St. Tropez, por Xadrez) - Dentre as suas vitórias, uma por boa vantagem no G.P. Brasil.

MOUSTACHE – (Takt e Elizabeth, por Kameran Khan) – Entre as suas vitórias, o Grande Prêmio São Paulo.

FAUSTINA – (Four Hills e Campana, por Pharis) - Líder de sua turma feminina, vencedora entre outras importantes provas da Seleção de Potrancas na Gávea. Corredora e mãe clássica.

ITAMARATY – (Kameran Khan e Frolic, por Djebel) – Grande ganhador clássico, inclusive da milha internacional do dia do Pellegrini, em San Isidro.

NEGRONI – (Flamboyant de Fresnay e Aurora, por Goyama) – O melhor corredor nas pistas brasileiras de areia, grande ganhador clássico, pai clássico, inclusive, de Gourmet (G.P. Brasil).

HARAS IPIRANGA – instalado em Jaguariúna, SP – Em seus cerca de 55 anos de vida útil, produziu aproximadamente 1.350 produtos.

Grande Prêmio Euvaldo Lodi – O verdadeiro responsável pelo sucesso do Ipiranga, com compra de boas matrizes no Brasil e no exterior, compras arranjadas em função da implantação de um poderoso plantel, o que foi conseguido.

DERAH – (Minotauro e Marsa, por Seveth Wonder) – Grande ganhadora clássica, inclusive de milha internacional em Palermo, em maio de 1960. Foi também boa mãe.

INTERLAGOS – (Manguarí e Cantorelle, pro Fairy King) _ Ganhador clássico em Cidade Jardim, um típico Grupo III.

HUDSON – (Kameran Khan e Quicé, por King Salmon) – Primeiro líder de sua geração na Gávea, ganhador clássico.

FLAMBOYANT DE FRESNAY – (Pharis e Djezima, por Asterus) – Importado da França para reprodução, da criação de Marcel Boussac, foi o garanhão no Ipiranga que transmitiu mais classe. O seu pedigree altamente internacional e com um físico clássico impressionante, correspondeu a tudo que se poderia esperar dele. Flamboyant de Fresnay era um espetáculo.

KAMERAN KHAN – (Tehram e Bibibeg, por Bahram) – Importado da Irlanda com vistas para uma futura reprodução, tinha como ponto forte a avó materna, Mumtaz Begum, a melhor velocista da Europa em sua época. Se por um lado foi um corredor limitado, 1 vitória na Irlanda e 4 vitórias comuns na Gávea, encontrou nas éguas, principalmente, nas da criação Boussac, cruzas do que havia de melhor à época, garanhão Aga Khan em éguas Boussac. Sua produção foi extraordinária.

TAKT – (Gondomar e Takonia, por Oleander) – Cavalo alemão ganhador do Derby Austríaco, veio para internacionalizar. O resultado foi muito bom, inclusive, como um dos exemplos no G.P. São Paulo com Moustache (Takt em filha de Kameran Khan em filha de Pharis.

MANGUARÍ – (King Salmon e Globera, por Sparus) – Grande campeão, ganhador de duas provas da Tríplice Coroa na Gávea, inclusive do Derby, foi grande ganhador clássico, por duas vezes, recordista dos 2.000 metros na grama. Produziu ganhadores clássicos de provas de velocidade e também de distância até 2.400 metros. Manguari era o predileto de meu pai.

MINOTAURO – (Ortello e Michela, por Cranach) – Na Itália foi um ótimo ganhador de páreos de Handicap, e importado para a reprodução teve muitos filhos bons ganhadores, com destaque para Derah e De Tróia.

ST. TROPEZ – (Xadrez e I Love You, por Paradiso) – Não correu por ter-se acidentado quando em trabalhos no partidor para estrear. Era uma égua leve, teve poucos filhos, dentre eles Gourmet (G. P. Brasil).

GOETHE – (El Asteróide e Show Girl, por Xadrez) – Ganhou 7 corridas em Cidade Jardim, inclusive, a 3ª prova da Tríplice Coroa Paulista (3.000 metros de ponta a ponta).

OBELISCO – (Kameran Khan e Drósera, por Destino) – Ganhador clássico em Cidade Jardim e exportado para os Estados Unidos, onde na Califórnia foi muito bem.

SAN PABLO – (Kurrupako e Drósera, por Destino) – Ganhador dentre outras da 3ª prova da Tríplice Coroa Paulista.

Fora da citada relação, dos nomes dos páreos da semana de 23, 24, 25 e 26 de março de 2012, houvesse mais páreos e outros nomes importantes poderiam ser aduzidos como, por exemplo, o garanhão italiano Destino e o francês Fairy King. Mas foi apenas uma despretensiosa relação feita à base de memória e, assim, muita coisa boa ficou de fora. E, também por falta numérica de páreos naquele fim de semana.

Repito que o presente artigo não tem a pretensão de autoelogios de enaltecer méritos próprios, mas apenas ilustrar com um mini resumo o que decorreu da implantação do Haras Ipiranga pelo meu pai. É uma justificativa da denominação dos páreos.

Com licença e com todo o necessário respeito às verdades, tenho que dizer que o assunto foi para mim muito agradável, fez com que eu me recordasse de muita coisa boa.

Um comentário:

  1. ei como se da o nome dessa mascara que os cavalos usam na hora da corrida...

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