TURFE E TV
Duas são as conclusões do uso da TV na maior divulgação do turfe, a primeira delas, até certo ponto surpreendente: (a) a televisão continua sendo o melhor veículo para difusão das corridas de cavalo no mundo, e a maioria dos espectadores nos EUA é constituída, quem diria, por mulheres; (b) se ao público feminino é dada a oportunidade de jogar, seja através da INTERNET, seja por outros meios, o resultado se torna ainda mais efetivo.
Nos EUA, a cadeia aberta NBC transmite o Kentucky Derby e o Preakness Stakes, razão do recrutamento de novos seguidores do turfe; a ABC e a ESPN transmitem o Belmont Stakes e o “meeting” da Bredders’ Cup. Em 2010, graças à TV, o Kentucky Derby foi o segundo evento esportivo mais acompanhado na televisão americana, superando a audiência de 1989, quando os dois craques, Sunday Silence e Easy Goer, se enfrentaram.
Um breve comentário: a ligação turfe-público feminino é algo conhecido, desde que o cavalo de corrida foi inventado pelos ingleses. Mas para que isso ocorra, duas condições são fundamentais: (i) a correção das instalações dos hipódromos; e (ii) a criação de um ambiente de glamour em torno do esporte. Tudo se passa como se a capacidade de provocar emoção estética no homem, um dos principais atributos do thoroughbred, exercesse permanente atração sobre o público feminino. Parodiando a Lei de Newton, no turfe que se preza, “Beleza atrai beleza na razão direta do respeito à liturgia do esporte, e na razão inversa dos ambientes degradados onde ele se realiza.”
A expressão máxima desse conceito, é o famoso “Ladies Day” do Royal Meeting de Ascot. Nesse dia, desfilam nas tribunas de Ascot as mulheres mais belas da Inglaterra, e talvez da Europa. O mesmo no meeting de Saratoga, nos EUA; na semana do Prix de l’Arc du Triomphe, na França; nos grandes eventos de Goodwood, Epsom e Newmarket; em Chantilly, nos dias do Derby e do Diana franceses; em San Isidro, no Pellegrini de dezembro, e assim por diante. Talvez a grande definição a respeito, tenha sido fornecida por Federico Tesio na primeira vez que foi a Ascot: “Quando vi os cavalos brilhando ao sol como demônios, e as mulheres boticellianas do Royal Enclosure, parecia que tinha chegado às portas do paraíso.”
por Sergio Barcellos
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