Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

quarta-feira, 9 de março de 2011

CENTROS E TREINAMENTOS DE PSI

Floreando, por Milton Lodi

CENTROS DE TREINAMENTOS

Houve época em que turfistas cariocas entenderam de criar cavalos de corrida na região serrana. Chegaram a ser implantados mas de quarenta haras, foi conseguido de graça um terreno da prefeitura, o Jockey Club Brasileiro ajudou com dinheiro, e foi construído um Posto de Monta. Fundaram uma Associação cujos estatutos só davam direito de mando aos sócios - fundadores, e o fruto desse trabalho permaneceu vivo por alguns anos. Aquela época, a grande força da criação brasileira vinha de excelentes veterinários gaúchos, paranaenses e paulistas, e o Posto de Monta em Campinas era o núcleo central de técnica. Os eventos do Posto comandado pelo saudoso e extraordinário Ulrich Ralph Reiner, promotores de cursos de todas as espécies, era o pólo do progresso. Veterinários do Rio Grande do Sul, do Paraná e de São Paulo iam habitualmente participar desses eventos, enriquecendo os seus conhecimentos. Após a morte do alemão Professor Merkt no Rio Grande do Sul, de Heliodoro Duboc no Paraná, do Professor Stronard em São Paulo, e do Professor Octavio Dupont no Rio de Janeiro, o Posto de Monta do Jockey Club de São Paulo passou a ser a melhor fonte de modernidades veterinárias. Mas os técnicos que gravitavam pelos haras fluminense, pelo Posto da Associação do Rio de Janeiro e do turfe carioca de um modo geral, via de regra, lá não iam, esporadicamente comparecia Homero Assis Brasil, brilhante veterinário gaúcho radicado no Rio de Janeiro e poucas vezes o carioca José Roberto Taranto, e só. A criação fluminense ficou a mercê de uns poucos veterinários isolados do grande contexto. O resultado não podia ser outro, com a desatualização da veterinária praticada, com uma Associação cada vez menos forte e consistente, com a morte de fundadores, e com evidente inadequação das terras serranas fluminenses para a criação do P.S.I., os haras foram fechando as suas porteiras, e hoje só há cerca de meia dúzia de haras remanescentes, com um total de menos de 30 éguas, e a Associação, abandonada pela maioria dos fundadores ainda vivos, ficou e é praticamente inerte. Conta para sobreviver com a ajuda do Jockey Club Brasileiro, que instituiu a taxa de um por cento para Associação de todos os eventos turfísticos ou não, realizados no Tattersall da Gávea.

Eis que do clima geral de abandono e desinteresse, despontou uma nova e qualificada força, os Centros de Treinamento. O primeiro deles foi inaugurado e começou a funcionar com pleno êxito em 1958, e aos poucos, em bom clima, boa água e altitude compatível com o desejado, foram surgindo mais Centros de Treinamento, alguns bem sofisticados, com bons treinadores residentes (ou nas proximidades). Todos são particulares, naturalmente além do trato há a cobrança de um aluguel por box, mas a prática mostra que todos os melhores animais vivem nesses Centros, que contam em números aproximados com 1.500 dos 2.500 animais que fazem os programas na Gávea. Para que eles sejam reconhecidos pelo Jockey Club Brasileiro, e assim considerados “Vilas Hípicas” do clube, tem que ser reconhecidos pelo JCB, após necessária vistoria, sempre feita pelo hipólogo Bertrand Joachim Kauffmann.

De acordo com os registros quando de suas aprovações, assim são os Centros, nas regiões de Teresópolis, Petrópolis e Friburgo:

- C.T. Vale da Boa Esperança, inaugurado em 1958, com 1.070 metros de volta fechada, largura de 14 metros, total de boxes 153, altitude de 700 metros, Município de Itaipava.
- C.T. Ipiranga, inaugurado em 1966, volta fechada 1.700 metros, largura 22 metros, total de 127 boxes, altitude zero, município de Magé.
- C.T. Santa Maria de Araras, inaugurado em 1976, volta fechada de 1.250 metros, total de boxes 80, altitude 800 metros, município de Teresópolis.
- C.T. Mondesir - inaugurado em 1977, volta fechada de 1.400 metros, largura 13 metros, total de boxes 105, altitude 750 metros, município de Pedro do Rio.
- C.T. Anderson - inaugurado em 1982, volta fechada de 1.580 metros, largura de 12 metros, total de boxes 120, altitude 1.180 metros, município de Nova Friburgo.
- C.T. das Estrelas - inauguração 1986, volta fechada 1.000 metros, largura 12 metros, total de boxes 140, altitude 550 metros, município de Cordeiro.
- C.T. Dedo de Deus - inauguração 1994, volta fechada 740 metros, largura 9 metros, total de boxes 60, altitude 860 metros, município de Teresópolis.
- C.T. Verde e Preto - Inauguração de 1995, volta fechada de 1.000 metros, largura 14 metros, total de boxes 120, altitude 850 metros, município de Teresópolis.
- C.T. Itajara - inauguração 1996, volta fechada 1.013 metros, largura 10 metros, total de boxes 220, altitude 750 metros, município de Secretário.
- C.T. Bella Vista - inauguração 1997, volta fechada 600 metros, largura 10 metros, total de boxes 125, altitude 870 metros, município de Teresópolis.
- C.T. Raiz da Serra - inauguração 1997, volta fechada 760 metros, largura 6 metros, total de boxes 23, altitude zero, município de Itaguaí.
- C.T. Paraíso - inauguração em 1999, volta fechada 750 metros, largura de 10 metros, total de boxes 60, altitude 1.000 metros, município de Teresópolis.
- C.T. Horse Ville - inauguração em 2000, volta fechada de 1.100 metros, largura 30 metros, total de boxes 50, altitude zero, município de Santa Cruz.
- C.T. São Patrício - inauguração em 2001, volta fechada de 1.000 metros, largura de 12 metros, total de boxes 42, altitude de 450 metros, município de Três Rios.
- C.T. da Associação do Rio de Janeiro, inauguração em 2002, volta fechada de 600 metros, largura de 6,5 metros, total de boxes 77, altitude 900 metros, município de Teresópolis.
- C.T. Brejal - inaugurado em 2005, altitude de 1040 metros, com 60 boxes, pista com 1.000 metros de volta fechada, largura de 10 metros, município de Petrópolis.
- C.T. Pelajo, inaugurado em 2005, altitude de 580 metros, total de boxes 63, município de Teresópolis.
- C.T. Vale do Marmelo - inauguração em 2003, volta fechada de 1.000 metros, largura de 10 metros, total de boxes 240, altitude de 800 metros, município de Teresópolis.
- C.T. Estrela Energia - inauguração em 2005, volta fechada de 1.000 metros, largura de 10 metros, total de boxes 80, altitude 850 metros, município de Teresópolis.
- Hipódromo auxiliar Jockey Club Campos, na cidade de Campos dos Goitacazes (RJ), volta fechada em 1.600 metros, total de boxes 450, altitude zero.

Esses dados são os oficiais, constantes quando dos registros na Secretaria da Comissão de Corridas do Jockey Club Brasileiro, mas todos os Centros de Treinamento são particulares, e naturalmente sofreram modificações, de um modo geral com construções de mais boxes. O C.T. Itajara, ou Vale do Itajara, já conta com mais uma raia interna, de grama. O C.T. Estrela Energia já tem três pistas, sendo a maior por fora de areia, mais uma de grama e uma terceira de material composto. Eu acredito que os Centros de Treinamento estejam caminhando para cerca de 1.800 boxes tudo particular, tudo colaborando para a melhoria do turfe carioca.

Após um período de insucesso, a região serrana encontrou o seu caminho de sucesso.

Veio agora no mês de janeiro de 2011 a catástrofe que atingiu Teresópolis, Petrópolis e Friburgo, e dois dos principais Centros foram gravemente afetados. O C.T. Vale da Boa Esperança, conhecido como Cápua, foi completamente destruído, com cavalos mortos, oito tão machucados que tiveram que ser sacrificados, muita gente morreu, as casas arrasadas, enfim, um dano praticamente irreparável. Uma avaliação por alto feita por engenheiro capacitado alvitrou que uma recuperação ultrapassaria mais de dois milhões de reais. O C.T. Santa Maria de Araras também sofreu muito, morreu gente, a pista ficou em grande parte destruída, e é possível que não seja tentada a sua recuperação. Serão duas grandes baixas nos Centros, menos cerca de mais de 200 boxes.

Catástrofe horrível.


por Milton Lodi

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