Jeane Alves
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
Pena Perpétua por José Alceu Athaide
PENA PERPÉTUA,
Condenados Luis Carlos Soares
Mário Rodrigues Campos
Ao iniciar este meu comentário, quero deixar bem claro que não tenho nada pessoal contra qualquer comissário de turfe. São homens probos que possuem minha admiração. Nossa indignação é pelo colegiado que por vezes extrapolou em suas decisões, cujo resultado em alguns casos é a injustiça.
Conhecemos estes dois treinadores, tanto o lado profissional quanto o pessoal, são excelentes pessoas, dedicados às famílias, aos amigos e funcionários, além de exímios profissionais na arte de treinar cavalos de corrida.
São pessoas simples, infelizmente largaram os estudos muito cedo para ajudarem no sustendo da família, portanto não possuem o conhecimento técnico de fisiologia, farmacologia, farmacodinâmica e etc., o fruto desta “falta de conhecimento”, por vezes os levam às severas punições, pois ainda estão acostumados com aquele mito de que “somente na semana da corrida nenhum cavalo poderá ser medicado”.
Ora, novos remédios (fármacos) são cotidianamente descobertos por grandes pesquisadores de laboratórios multinacionais, para salvar vidas humanas e animais e com a evolução tecnológica das pesquisas antidoping, máquinas modernas acusam a presença de alguns fármacos usados em 7 – 14 - 21 – 30 até 40 dias antes da corrida, (prefiro usar a palavra “fármacos” para não dar a conotação com substâncias ilícitas de uso criminalmente proibidas).
Ai prevalece a falta de conhecimento dos treinadores que caem na arapuca armada pela Comissão de Turfe que, não informando quais os fármacos proibidos e seus prazos para serem suspensos antes da corrida, se igualam àqueles policiais rodoviários que ficam de tocaia atrás da moita multando os motoristas que ultrapassam a velocidade permitida, quando o correto seria haver placas de sinalização advertindo os limites de velocidade, assim, muitos não seriam multados nem sofreriam suas conseqüências.
Ainda em 19/09/2012, os médicos veterinários clínicos e cirurgiões que atuam no hipódromo de Cidade Jardim e seus anexos, quais, também não possuem o verdadeiro conhecimento de tempo para uso destes fármacos entregaram um abaixo assinado dirigido à Associação Paulista de Fomento ao Turfe, para que atuasse junto à Comissão de Turfe do J.C.S.P. para o fornecimento dos fármacos encontrados nos líquidos biológicos nos últimos 3 anos, bem como, o tempo para sua suspensão antes da competição. Se tal atitude fosse posta em prática, a transparência seria muito mais eficaz e talvez os achados encontrados não mais apareceriam devido ao conhecimento de tais ilícitos.
Muitos foram as vítimas desse desconhecimento e pagaram as suas penas aplicadas. Os treinadores Luiz Soares e Mário Campos já cumpriam as penalidades que lhes foram impostas, porque então, não revalidam suas matriculas? Os Studs Raça e Palura estão prontos para voltarem. Será que o Jockey está em condições de recusar grandes proprietários?
Ainda em 2010 o treinador Luiz Soares foi de maneira aviltante cassado de seus direitos profissionais porque uma de suas pupilas era favorita e fracassou. Tratava-se de uma égua com múltiplas lesões em um de seus joelhos, qual, deveria ter sido retirada no exame veterinário que precede a corrida. Conclusão: deixou a pista claudicando visivelmente com seu joelho fraturado e com outras lesões já existentes.
Pelas lesões já conhecidas e por se tratar de uma égua arrendada pelo Haras Rio Iguaçu de Curitiba ao Stud Palura, ao invés de retorná-la ao Centro de Treinamento de Campinas, o seu treinador pela sua vivência profissional, achou que sua campanha estaria comprometida para sempre e assim aproveitou-se de um frete para Curitiba , devolveu-a ao verdadeiro dono.
Por este ato simples e de boa fé, Luiz Soares teve sua matrícula cassada, portanto, excluído do quadro de treinadores do J.C.S.P. Esta cassação refletiu para o treinador, os familiares, funcionários, amigos e seus proprietários que foram embora.
O Poder Judiciário, felizmente corrigiu tal barbárie, ordenando ao J.C.S.P. que lhe concede-se novamente a sua matrícula.
Mario Campos, profissional dos mais qualificados, usual vencedor de Grandes Prêmios, também foi suspenso, pagou integralmente a pena que lhes foi imposta e simplemente já se passaram cinco anos e seus direitos continuam suspensos , (suspensão perpetua ) .
Perguntamos: Porque não lhes concedem as matrículas?
Entenda-se que os castigos impostos foram rigorosamente cumpridos, esses profissionais precisam voltar aos seus trabalhos por direito e necessidades financeiras e até moral.
O Stud Raça e o Stud Palura gostariam de voltar a participar com os seus antigos treinadores e assim abrilhantarem com suas jaquetas as corridas no nosso hipódromo. Dentre tantos, estes Studs deram grande suporte ao Jockey Club, portanto, não é o momento para perseguições nem de se expurgar proprietários.
Não aceitamos o argumento da negativa das matrículas pelo fato do treinador Mário Campos ser reincidente. Foi punido e já pagou há muito tempo. O treinador Luiz Soares apesar de estar proibido de exercer sua profissão na Gávea, teve sua matricula concedida pela Comissão de Turfe do J.C.S.P e por muito tempo a exerceu, até que uma suspensão lhe foi imposta, e assim foi rigorosamente cumprida. Cremos que o retorno ao trabalho deveria ser automático, já que ambos foram suspensos e não cassados.
É triste saber que enquanto o Sr. Presidente e Vice-Presidente do nosso Jockey Club mensalmente injetam dinheiro dos seus bolsos para pagar a folha de pagamento do clube, a nossa Comissão de Turfe, de marcha ré, atravanca o desenvolvimento do nosso clube, além disso, sem nenhum senso de criatividade para melhorias de nossas corridas.
Dr. José Alceu Athaide
Publicação do Site Raia Leve
www.raialeve.com.br
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