1967 – O G.P. Brasil de 1967 apresentou um resultado altamente surpreendente. O cavalo paranaense Duraque, até então considerado por todos comum, sem classe, correu uma barbaridade, lutando e ganhando de forma brilhante do craque argentino Tagliamento. O 3º foi o nacional Dilema e o 4º, um dos bons argentinos da época, Gobernado. A espetacular vitória de Duraque entusiasmou os seus proprietários a corrê-lo no Pellegrini. A descrença no meio turfístico era grande, mas o excelente jóquei Antonio Ricardo estava entusiasmado, Duraque repentinamente se soltou, fugiu, foi para rua, galopando para longe, no asfalto e, naturalmente, retirado do páreo. Duraque teve um fim melancólico, fazendo campanha na pista do Tarumã chegando mais de uma vez em último lugar.
1968 – Chegou à Gávea e ingressou nas cocheiras do treinador Claudemiro Pereira o cavalo argentino Arsenal, que veio acompanhado por um treinador novo na profissão. Era moço, bem educado e ficava perto do cavalo o tempo todo. A imprensa lá foi para entrevistas e fotografias (ainda, àquela época, um G.P. Brasil era assunto palpitante e de interesse geral). O treinador disse que para correr os 3.000 metros, Arsenal havia galopado bastante, trabalhando forte 2.500 metros e feito um apronto de 800 metros. A imprensa logo se desinteressou de Arsenal, o páreo era de 3.000 metros, ele trabalhara 2.500, a partida deveria ter sido em 1.500 metros, no mínimo 1.200 metros, e o cavalo só fizera 800 metros, Arsenal não estaria no páreo. Isso foi divulgado, publicado. Na hora da verdade, Arsenal galopou tranqüilamente, lá atrás, até o meio do percurso, diminuiu um pouco e, sem pressa, a diferença que o separava dos ponteiros quando então, no meio da reta, com uma aceleração incomum para um corredor de provas de fundo, veio vertiginosamente alcançar o até então aclamado vencedor, ganhando por cabeça Foi montado, com grande calma e categoria, pelo argentino O. Domingos.
1969 – O G.P. Brasil de 1969 foi um dos mais fracos de sua história. Foi vencido pelo argentino Kamen, filho de Gulf Stream, irmão próprio de Kamel. Os três colocados foram nacionais Astro Grande, Sabinus e Corso.
1970 – Rigoni recebeu verdadeira consagração por parte de todo o público turfista, com uma joqueada brilhante em Viziane. Foi um dos grandes momentos nas edições do G.P. Brasil. Viziane era de propriedade de Antonio Zen e de criação do Haras São Quirino,S.P.. Foi um dos melhores filhos de Coaraze, um marco na criação brasileira, importado pelo Jockey Club de São Paulo, para seu Posto de Monta, por indicação do inesquecível Capitão Bela Wodianer. Viziane ganhou o G.P. de Jaú (Haras Mondesir), Severus (argentino) e Elamiur (Haras Bela Esperança).
1971 – Houve então um detalhe impressionante. Luiz Rigoni havia vencido no ano anterior com Viziane, e não aceitou ofertas de montarias, preferindo montar novamente Viziane. Na semana anterior à corrida, Rigoni ficou a pé,
deram a montaria de Viziane a outro jóquei. Rigoni então telefonou para Buenos Aires, informando que estava disponível. O enorme e merecido prestígio resultou em imediata oferta da montaria de Terminal, que já vinha para o G.P. Brasil. E foi, com uma espetacular vitória, por vários corpos, que Rigoni venceu o G.P. Brasil pela terceira vez.
1972 – À partir de 1972, o G.P. Brasil passou de 3.000 para 2.400 metros. Foi o ano do gaúcho Fenomenal, filho também do gaúcho Torpedo, neto do paulista Sargento (G.P. Brasil de 1935), que foi criado por um dos grandes do turfe antigo, Indemburgo de Lima e Silva. Fenomenal venceu muitas provas clássicas, suas muitas taças, estão guardadas no Museu do Turfe do Jockey Club de São Paulo. Fenomenal tinha fã-clube, era de propriedade do folclórico Paulo Albuquerque de Castro. O sucesso de Fenomenal nas pistas foi diametralmente oposto à sua participação na reprodução, onde nada produziu de útil.
1973 - A argentina Fitz venceu com facilidade. Fitz era uma ótima égua na Argentina, e, no Hipódromo da Gáve,a não tomou conhecimentos dos adversários. O 2º e o 3º, Loisir e Snow Puppet, também eram argentinos. Em 4º chegou o chileno Grand Slam.
1974 – Moraes Tinto foi mais um argentino a vencer facilmente. Naquela época, o domínio argentino era quase absoluto, quando raro não ganhavam, com certeza colocavam-se no placar. Em 3º e 4º os também argentinos Good Block e Menguante. O 2º foi o brasileiro Orpheus.
1975 - O tordilho nacional Orpheus, com 6 anos de idade, que no ano anterior chegara em 2º, interrompeu a seqüência de vitórias argentinas. De criação e propriedade dos Haras São José e Expedictus, S.P., Orpheus obteve um cômodo triunfo por três corpos. Em 3º chegou outro brasileiro, Frizli, e em 4º dois argentinos, Snow Boy e Gran Secreto.
1976 – O vencedor foi o argentino Janus II, importado pelos irmãos Antonio Joaquim e Paulo César Peixoto de Castro Palhares (Haras Mondesir). Assim como aconteceu com o Dr. Linneo, o Dr. Peixoto também não viu suas cores vencendo um G.P. Brasil. A blusa do Mondesir já era então branca, com mangas azuis e boné encarnado, originalmente da família Cápua (Haras Vale da Boa Esperança, R.J.). As duas blusas estreladas, a azul com estrelas brancas do Dr. Peixoto, e a branca com estrelas azuis de D. Zélia, ficaram com outro membro da família, Sérgio Peixoto de Castro Palhares (Haras Itaiassú, S.P.). Janus II veio para o G.P. Brasil e ficou. Foi uma fácil vitória, com o também argentino Telefônico em 2º, o uruguaio Max em 3º, e o nacional Obellion em 4º.
1977 – Daião, criado em Teresópolis, pelo Haras Serra dos Órgãos (Amílcar Turner de Freitas e Bertrand Joaquim Kauffmann); defendendo as cores dos seus criadores (laranja, mangas brancas e boné verde), venceu com grande autoridade em 1977. Correu no meio do pelotão e na reta assumiu a liderança, firme. Daião era um nacional, assim como o pai Sabinus, o avô paterno Hyperio, a mãe Dársena e os avós maternos Polliway e Zamboa. Daião tinha uma ótima linha feminina, basicamente uruguaia. A 3ª mãe, Palina, e a 4ª, Perlita, foram muito especiais, de uma linha pródiga em fêmeas clássicas nas pistas e nos Haras, e machos nas pistas. O 2º e o 4º colocado também eram nacionais, respectivamente Don Quixote (Haras Castelo, então em S.P.) e Tibetano (Haras São José e Expedictus, S.P.). O 3º foi o ótimo uruguaio Mogambo.
1978 – Foi o ano de um placar todo brasileiro. Sunset foi um vencedor autoritário, por boa margem. Era um filho de Waldmeister, defendendo a criação e propriedade do Haras Mondesir. O 2º foi de Earp, criado pelo Haras Castelo (então em S.P.). Earp era ganhador do Derby Brasileiro. Filho de Millenium. O 3º foi Big Lark, que em 1979 voltou a ser 3º e, em 1980, foi o vencedor. Em 4º chegou Daião, que no ano anterior havia sido o vencedor.
1979 – Com uma joqueada maravilhosa de Juvenal Machado da Silva, Aporé venceu o G.P. Brasil. Eram concorrentes de bom padrão. O 2º foi Sunset (fraturou o joelho), que havia vencido no ano anterior. Em 3º foi Big Lark, que ganharia no ano seguinte. Vitória indiscutível de Aporé, filho do nacional Egoísmo (Haras Mondesir), criação e propriedade dos Haras São José e Expedictus.
1980 – O G.P. Brasil de 1980 foi inesquecível, pelo inusitado. As forças do páreo eram Baronius e a parelha Big Lark e Dark Brown. Na entrada da reta Big Lark tomou a ponta e, sempre junto à cerca, fugiu para o disco de chegada. Pelo meio da raia, Baronius foi fortemente prejudicado por Dark Brown, custou a se desvencilhar e, quando livre, atropelou fortemente para tentar alcançar o ponteiro chegando em 2º. a meio corpo. Dark Brown foi o 3º e Exótico o 4º. A Comissão de Corridas ficou em situação difícil, houvera o prejuízo, mas as propriedades de Big Lark e Dark Brown eram diferentes, na prática marido e mulher, mas pessoas jurídicas distintas. A confirmação do páreo foi demorada, um funcionário do Jockey Club Brasileiro atirou uma pedra no jóquei vencedor com ele ainda montado e, na pista, o empregado, ainda na raia, levou um soco na cara, dado por um dos que rodeava Big Lark comemorando a vitória. O páreo acabou por ser confirmado, o jóquei de Dark Brown foi suspenso por três meses e o de Big Lark por um mês, sob a alegação de que o chicote havia sido usado com perigo para a integridade física dos outros jóqueis. Essa suspensão quanto ao uso indevido do chicote foi polêmica, pois Big Lark fez toda a reta na frente e na cerca.
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