Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sexta-feira, 15 de abril de 2011

IDIOMAS, PROFESSOR DOMINA 58 LÍNGUAS

Foi na distante Monróvia, capital da Libéria, que o professor Ziad Fazah, 57 anos, começou a se interessar em aprender outros idiomas. Percebendo sua facilidade para a tarefa, quando ainda estava na escola, aos 15 anos, decidiu se tornar um poliglota - e hoje diz que fala nada menos do que 58 línguas.

Mas há controvérsias: o professor, autodidata, que já esteve no Guinness Book (livro dos recordes), foi confrontado em programas de TV e acusado de desconhecer palavras simples de alguns dos idiomas que alega conhecer.

Ele se defende. "Eu não convivo diariamente com as 58 línguas que aprendi, então preciso de um tempo para relembrar. Se você me pedir para falar agora um dialeto africano, por exemplo, vou ter dificuldade. Mas se me avisar, vou relembrar tudo sobre essa língua em apenas uma semana", afirma o funcionário de um curso de idiomas em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Fazah também falava desde criança francês, inglês e árabe, três disciplinas obrigatórias no currículo escolar. A partir disso, ele conta que ficou claro para pais e professores a facilidade para dominar outro idioma. A vontade de se tornar uma poliglota surgiu cedo e aos 16 anos ele já era constantemente chamado por uma agência de viagens da cidade para se comunicar com turistas de diversas regiões do mundo.

A técnica que usou para aprender foi desenvolvida por ele próprio, que afirma nunca ter precisado recorrer a curso nenhum, a não ser nas três línguas que lhe foram apresentadas na sala de aula. "A primeira língua que aprendi sozinho foi o alemão, que passei a dominar depois de três meses de estudo", diz.

"O que eu sempre fiz foi o seguinte. Primeiro, passava uma semana escutando fitas do idioma para conhecer a fonética. Depois, outras duas semanas estudando a gramática meia hora por dia. O último passo era recitar em voz alta diariamente o idioma, o vocabulário e construções frasais durante alguns meses."

Fazah também afirma que, no início, se dedicava a idiomas mais complexos, como mandarim e dialetos orientais. Assim, quando passou a aprender línguas como holandês e espanhol, por exemplo, o processo era muito mais fácil. O português foi um desses casos. Aos 18 anos, Fazah se mudou para o Rio de Janeiro com a família. Ao chegar à capital carioca, o liberiano aprendeu a língua nativa em apenas duas semanas. Seu extenso conhecimento em idiomas rendeu emprego no Brasil, onde passou a dar aulas particulares de qualquer língua solicitada.

Uma das histórias curiosas que envolvem Fazah foi uma ajudinha à Polícia Federal do Rio de Janeiro. Há pouco mais de 30 anos, ele conta que os jornais cariocas começaram a divulgar que um estrangeiro sem passaporte estava detido no aeroporto da capital. O tal turista não falava nenhuma palavra em português ou inglês e só se comunicava em uma língua que não era reconhecida por ninguém.

Foi um dos alunos particulares de Fazah que o aconselhou a tentar desvendar o caso. Uma vez no aeroporto, o professor conseguiu identificar que o visitante misterioso era do Afeganistão, mas falava um dialeto extinto da antiga Pérsia. A fama imediata o levou ao Guinness Book como maior poliglota vivo.

Mas nem sempre os feitos de Fazah foram aplaudidos. Sua competência linguística foi posta em dúvida no programa televisivo chileno Viva el Lunes, onde foi testado seu entendimento em diversas línguas. Ao vivo, falou espanhol e teve sucesso nas perguntas em árabe, egípcio e inglês, porém não conseguiu compreender finlandês, persa, mandarim, grego, russo e hindi.

Segundo ele, o caso, que ficou conhecido mundialmente, foi resultado de uma "emboscada" e justificou dizendo que precisava de uns dias para retomar o contato com a língua.

O hoje professor explica que não submete seus alunos ao mesmo método que garantiu seu aprendizado, já que, para ele, este tipo de ensinamento não funciona para todos. "Veja bem, eu tenho facilidade que nem todas as pessoas têm, não conseguiriam aprender desta forma. Para meus alunos, eu ensino calmamente a gramática e faço muitos exercícios de fala e escrita. Enfim, um ensinamento típico", conta

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