‘Ela queria me deixar feia’, diz garota agredida em escola no interior de SP
A agressão começou porque a adolescente derrubou um caderno da colega.
A adolescente de 13 anos que foi agredida por uma colega de classe na terça-feira (3) na escola estadual Professor Lauro Sanches, em Sorocaba, no interior de São Paulo, afirmou nesta quinta-feira (5) que a agressora queria lhe deixar “feia”. A garota agredida não quer mudar de escola. Porém, ela quer esperar a cicatrização das unhadas que recebeu em todo o rosto e no pescoço para voltar às aulas.
Antes mesmo das agressões, houve uma discussão porque a adolescente, que cursa a 7ª série, não quis emprestar uma lapiseira para a colega de 15 anos. Para evitar contato, ela chegou a se sentar nos fundos da sala. Durante uma aula de matemática, porém, ela foi se sentar à frente, porque não estava conseguindo enxergar o quadro negro. Enquanto se deslocava, acabou empurrando “um pouquinho” a carteira da menina, o que provocou a queda de um caderno “que estava bem na ponta, quase caindo”.
Depois de um breve bate-boca, a jovem mais velha chutou a sua mesa e partiu para a agressão. “Ela falou: 'Eu vou deixar você feia para ninguém mais falar que você é bonita'”, contou a garota. “Ela tentou furar meu olho e disse que queria me deixar cega”, narrou a adolescente agredida. “Ela tentou arrancar meu brinco e puxou o meu cabelo. Depois que eu lavei, caiu um monte”, afirmou.
Foram muitas ameaças, segundo a aluna. “Ela quebrou meu brinco e disse aos meus amigos que era para ficar de lembrança”, contou a adolescente. “Ela falou para os meus colegas que iria me procurar depois porque queria me deixar em coma."
O professor tentou separar a briga, mas acabou desistindo e saiu para chamar alguém na diretoria. A garota foi levada ao pronto-socorro pela mãe e por uma professora.
“Minha filha não gosta de briga. Eu achei um absurdo acontecer uma coisa dessas dentro da sala de aula. Espero que a escola tome uma providência”, declarou a mãe, que preferiu não se identificar. “Tenho medo da volta às aulas, mas espero que a escola tome uma providência." “Eu e meu marido estamos revoltados. Ele disse: ‘Nós não batemos nos nossos filhos e vem alguém de fora e faz isso?’”, contou.
De acordo com a garota, a jovem que a agrediu tem "antecedentes" na mesma escola. “Eu mesma vi o montinho de cabelo que ela arrancou [de outra garota]”, afirmou.
A garota disse estar “muito triste” com o ocorrido, mas não pensa em mudar de escola. “Eu quero voltar, mas não desse jeito, porque o pessoal vai olhar. Ficou muito feio”, disse.
A direção da Escola Professor Lauro Sanches disse que não se manifestará sobre o caso. De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria da Educação, a escola convocou os pais das duas alunas ainda na terça-feira. Os pais da garota que praticou a agressão pediram a sua transferência. Ela já recebia um acompanhamento especial da escola.
O boletim de ocorrência foi registrado no plantão policial e encaminhado posteriormente à Delegacia da Infância e Juventude. A garota que cometeu o ato infracional de lesão corporal ainda não foi ouvida.
“Nós vamos ouvir também as testemunhas e remeteremos o caso à Vara da Infância e Juventude. O promotor pode propor um processo criminal. Caso seja condenada, o juiz pode optar por dar-lhe uma advertência, determinar uma prestação de serviço à comunidade ou aplicar a liberdade assistida”, afirmou o delegado da Infância e Juventude de Sorocaba, José Augusto de Barros Pupin.
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