Trens e bondes. Era assim que a sociedade paulista chegava ao primeiro hipódromo brasileiro, que por sua vez, não era localizado na famosa Rua do Hipódromo, como é conhecida hoje, e sim na Rua Bresser. Com a inauguração do hipódromo, em 1876, conhecido atualmente como Jockey Club de São Paulo, foi na Mooca antiga que nasceu oficialmente o turfe no Brasil.
Fatos históricos revelam que para chegar ao clube de corridas, os frequentadores utilizavam a linha de bondes denominada de Mooca-Centro e uma linha de trem de cargas da prefeitura que foi adequada para transportar passageiros da Estação da Luz até a Estação Hipódromo, fundos com a Rua Bresser.
Com direito a banda de música e a presença de numeroso público, pois as arquibancadas comportavam 1,2 mil pessoas, o cavalo Macaco levou o Primeiro Prêmio da Província, inaugurando assim as raias instaladas nas colinas da Mooca. A mais tradicional prova do turfe paulista, ou seja, o Grande Prêmio São Paulo, foi disputado pela primeira vez em 1923, e o vencedor foi o cavalo Mehamet Ali.
Atual presidente do Jockey Club de São Paulo, Marcio Toledo, que cumpre o final de seu segundo mandato relatou em uma entrevista para o Jornal do Turfe que é importante lembrar que todo o patrimônio do clube nunca foi construído com dinheiro das elites, e sim dinheiro do apostador. “O turfe, não é considerado jogo de azar, mas de prognóstico. Como jogar na bolsa. Na França, é um patrimônio cultural,” acrescenta Toledo.
Devido às constantes enchentes no bairro da Mooca, o hipódromo foi transferido em 1940 para o atual endereço, no bairro da Cidade Jardim. Atualmente quem procura o local exato onde ficava o clube, não consegue encontrar. Avenidas, parques e diversas outras construções foram erguidas no lugar. Uma referência é que hoje a Administração Regional da Prefeitura de São Paulo está localizada onde ficava a antiga Estação Hipódromo.
O terreno também teve algumas outras utilidades, como a função de aeroporto, ponto de encontro para manifestações de comunistas e anarquistas e até mesmo concentração de presos na época de Getúlio Vargas. Morador antigo da região leste José Gusmão, 95, vive lembranças da época do hipódromo na Mooca. “Muitas mulheres lindas, elegantes, animais belíssimos, dava muito gosto de ver, é uma pena ter ido para tão longe,” revela o aposentado.
Uma nova etapa na história do esporte
Estão previstas para o próximo dia 15 de março as eleições para decidir o novo presidente do clube mais famoso de São Paulo. Por meio de voto direto de cerca de dois mil associados aptos a votar, o novo candidato será escolhido. Um debate frente a frente entre os dois candidatos a presidente a respeito do passado, presente e futuro do Jockey foi lançado pelo representante da chapa Jockey Forte, o atual Diretor Geral de Finanças Mário Gimenes.
Em entrevista para o Jornal do Turfe, Mário revelou que defende a continuidade de uma administração feita pelos sócios. “Para os sócios e com os sócios. Conosco, o comando será exercido por diretores não remunerados que pertencem ao quadro associativo,” conta o diretor. O desafio está lançado.
Hoje, o Jockey Club de São Paulo abriga cerca de 1,5 mil animais puro-sangue inglês de corrida, mais 500 cavalos que estão alojados nos centros de treinamento e que ajudam a formar os programas de corridas. O hipódromo conta com quatro pistas, uma de grama com 2.119 metros, e outra de areia, com 1.993 metros de volta fechada, que são utilizadas para corridas oficiais. Além disso, as instalações esportivas contam com mais duas pistas auxiliares de areia, para treinos.
Ainda como no velho hipódromo, quem for ao Grande Prêmio São Paulo irá ver mulheres elegantes e grandes empresários, sim. Além do aumento de público. No ano passado o Jockey recebeu 20 mil pessoas e neste ano espera-se 30 mil (a capacidade total é de cerca de 40 mil pessoas).
por Katia Lemos
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