Quem, no mundo do turfe nacional, não conhece, ao menos de nome, o J.F.Reis, o Reisinho, “jóquei do Itajara” ? Quem, nos bastidores do turfe carioca, nas dependências do hipódromo da Gávea e nos CTs serranos, não gosta desse treinador competente, correto, alegre, bricalhão, solidário, sempre pronto a ajudar a todos, sempre otimista, incapaz de um gesto brusco, uma grosseria, seja com os patrões e poderosos, seja com os empregados e subalternos. Eu, nestes 3 anos e pouco de existência do Stud Enfant Gaté, o vejo assim e aprendi a admirá-lo como profissional e como pessoa. Ele e sua família – a bela e meiga esposa Fabiana, e os filhos João Vitor e o endiabrado Joaquin – formam um conjunto harmônico de elegância e correção. Muito me surpreenderia se houvessem opiniões contrárias. Orgulho-me de ser seu amigo.Reisinho sempre foi um lutador na profissão, não teve ainda as oportunidades que merece por sua competência, mas – como é do seu caráter – não reclama disto, como não reclama de nada, corre sempre atrás de consertar, ele mesmo – não delega, nem espera - o que encontra de errado pela frente. Um dia terá o que merece.A vida, na fatídica madrugada de terça feira passada, resolveu por à prova, dramaticamente, uma outra faceta do seu caráter: a bravura. No início da madrugada, acordado – segundo seu relato – por um mau e fortissimo pressentimento, levantou-se e foi à janela de sua casa, em um condomínio bem próximo ao CT Vale da Boa Esperança, olhar a forte chuva que caía lá fora. Viu que os dois carros estavam com água já quase na porta e acordou Fabiana para que, juntos, fossem deslocar os automóveis para melhor local. Quando estavam entrando em casa, a avalanche de água já o atingiu no peito, só dando tempo de pegar as crianças, a mulher e a sogra e correr para o segundo andar. Em pouco tempo percebeu que isto não seria suficiente e subiu no muro da casa, alçando - com esforço, no meio da escuridão, ventania e avalanche - o resto da família. Dali galgaram a laje da casa, na parte da frente, e continuaram a viver momentos de terror indescritível: as casas, ao redor, começavam a desabar, e, mesmo, a laje onde estavam começou a tremer. Levou todos para a laje na parte de trás da casa; poucos minutos depois a laje da frente era levada pela enxurrada!O relato que ele e Fabiana fizeram da noite de horror é simplesmente aterrador; até pular de árvore em árvore, que nem macaco, para salvar os amigos e vizinhos do condomínio, guiado pelos gritos apavorados, na mais completa escuridão no meio da tempestade e ventania – cenário de filme de terror - ele fez! Pior, disse ele, é que ia se guiando pelos gritos e falando com as pessoas, mas, de repente, um silenciava, era um que se perdia! A sensação era terrível! Mesmo assim, conseguiu levar quase 20 pessoas para a laje onde estava com a familia, rezando para que as casas que estavam à frente não desabassem, como quase todas, pois aí o que restava da dele iria de roldão. A gente pensa que pode imaginar a cena, mas com certeza não passa nem perto de imaginar a sensação de quem estava lá naquela madrugada de terror.Depois de mais de 4 horas de luta e desespero, amanheceu, o pior já tinha acontecido e o nosso bravo Reisinho desceu da laje, foi na frente verificar a situação e pode levar todos os que sobreviveram do condomínio, que estava praticamente no chão, para local seguro. De sua casa, só a metade estava em pé, o que lhe permitiu e à familia e vizinhos, sobreviver. Logo depois, Fabiana, a mãe e as crianças, vieram para o Rio de helicóptero, mas Reisinho se recusou a deixar os seus cavalos para trás. Com uma muda de roupa emprestada, examinava a situação de seus animais. Se a sua salvação, com toda a família, já foi um milagre o que viu nas suas cocheiras – diante do resto de todo o CT – foi outro milagre: a parte exterior das cocheiras cheias de lama, no interior tudo seco, nem úmidas estavam as camas de serragem! Os animais intactos!À noite, depois de tudo providenciado, com a família e seus queridos cavalos, o nosso herói retomou a sua condição de ser humano e desabou emocionalmente: chorou copiosamente. Não lamentou, em nenhum instante, as perdas materiais – nada lhe sobrou – agradeceu por sua família e seus cavalos.Termino este depoimento com a certeza de que estes milagres não acontecem para qualquer um, só para os que merecem, e ele merece muito; é abençoado.Agradeço a Deus por ter salvo o meu amigo e sua família.
Thomaz Faria Stud Enfant Gaté
Isso td foi DEUS que colocou meu tio Reisinho e sua familia nas mãos!! eu te agradeço senhor por estarem todos bens!!
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