Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

ACEITANDO O DESAFIO - PARTE I

Eu, infelizmente, não pude estar presente na reunião de ontem do - doravante sob aspas - “Projeto Boulevard”, pelo fato de estar presa a uma reestréia de teatro, mas pude receber uma espécie de ATA detalhada daquilo que acontecera, sobretudo nos bastidores, por onde o “teatro” se faz também presente, se não com a mesma eloqüência dos palcos, mas com idêntica esperança. Por isso, agradeço a todos aqueles que se aproximaram de meu Pai ontem para mandar uma mensagem de carinho pra mim. Todos nós devemos agradecer ao outro Papai: O do Céu! Pois ele é aquele que olha pela gente, e nos faz valentes para enfrentar os poderosos.

Explicação importante

Não esqueçam os interessados nessa matéria, que estamos diante de dois assuntos distintos e que não podem ser de forma alguma confundidos.

O primeiro refere-se às cocheiras do Hipódromo da Gávea, se devem ou não devem ser demolidas ao prazer da especulação imobiliária. Nós somos veemente contras e iremos defender isso até nas portas do inferno.

O segundo refere-se à apresentação de um projeto que foi feito visando a alternativa da demolição, e que nos pareceu completamente fora de qualquer padrão social ou financeiro.

Chegamos à conclusão de que o projeto além de não atender as necessidades econômicas do clube e não conseguir detalhar uma solução real para novecentos e dez cavalos e o próprio futuro das corridas de cavalo, tão pouco preocupou-se com uma solução para o grave problema social dos profissionais e demais ocupantes das centenárias Vilas.

Isso quer dizer que nem todo mundo poderá estar de acordo com a preservação das cocheiras, sobretudo aqueles sócios que não conhecem a nossa história e a importância delas, porem, todo mundo que seja isento, sem nenhuma exceção, estará completamente contra esse projeto, feito com uma matemática que soa mais como um deboche, do que com uma proposta, que me desculpem os membros das Organizações Odebrecht, cujo Presidente de honra recebera na sua Fundação uma carta expondo todo o meu ponto de vista.

O desafio

A série: Aceitando o Desafio, portanto, nasce hoje com a sua primeira parte, motivada do fato de que o “presidente” (com as mesmas aspas do projeto) ousou desafiar àqueles que tivessem, para o turfe, melhores idéias e projetos do que ele.

Visto que o meu pai prontamente aceitara o desafio, vou tentar organizar as idéias dele, com as minhas idéias e também tomar para mim esse compromisso, desafiando o “presidente” do JCB para um duelo de objetivos, ao tentar trazê-lo ao ringue do turfe, posto que é visto lutando – numa clareza de doer os olhos – apenas pela causa dos outros.

Não é novidade para ninguém, que desde a sua chegada por aqui em maio de 2008, o senhor Luis Eduardo vem se transformando numa espécie de “Hood Robin”, um herói às avessas, a antítese do mito Inglês, que segundo a lenda, vivera na época do Rei Ricardo Coração de Leão, lá pela segunda metade do século XIII.

Nessa nova versão contemporânea, o “presidente” do JCB, costuma se apresentar como uma espécie de mito dos contrários, tem abusado da sorte e da originalidade, ao ser flagrado toda hora tentando tirar dos pobres para dar aos ricos.

Inverter os números

Em primeiro lugar então, proponho ao ilustre “presidente”, que para ser um verdadeiro herói, para ter também a sua estátua erguida na nossa Nottingham, é preciso inverter a ordem natural dos números, ou seja, ao invés de trabalhar 87,5% do seu tempo pela causa da Odebrecht e 12,5% pelos interesses do clube, sugiro a partir de hoje, dedicar 100% dos seus esforços para o turfe.

Essa é a única fórmula que poderá salvá-lo do nosso purgatório, pois caso contrário, aquelas vaias e as desconfianças que as pessoas demonstraram ter dos seus propósitos, irão crescer e inviabilizar até um simples passeio pelas dependências do clube. Confiança não se compra, é uma matéria prima conseguida a partir de gestos nobres, e não de gestos voltados para os nobres.

A nossa dívida

O “presidente afirmara diante de todos os presentes, que o clube possui uma dívida de quinhentos milhões de reais provenientes de impostos, e que só nessa semana chegou à sua mesa uma execução de duzentos e cinquenta milhões de reais vindas do município, o que fatalmente, dentro de seis anos, quando começaria (teoricamente) a funcionar a maldita “torneira” da Odebrecht, a dívida já estaria beirando ao bilhão de reais. Certo?

Pelos números do projeto, e isso qualquer criança que mora hoje nas Vilas Hípicas já aprendeu de cor, o funesto - e finado - projeto imobiliário renderia (se tudo desse certo, e para isso não bastariam apenas às rezas das discípulas de Dona Belmira, ou a proteção de Nosso Senhor do Bonfim), que ao largo de cinqüenta anos, o total da arrecadação, mal daria para pagar ao Eduardo Paes o que o clube lhe deve.

Eliminando as dívidas – Primeiro desafio

Porque então o “presidente”, ao invés de fazer o LOBBY junto às autoridades municipais (Câmara e Prefeitura) para tentar favorecer a família do Dr, Norberto, que por sinal nem precisa disso, não parte, junto a todos, – Situação; Oposição; os que ficam em cima do muro; e até os infiéis (aqueles que se dizem “aqui”, mais que na verdade estão “ali”) - para a criação de um Projeto, que ajustasse uma fórmula de seção de uso para o Estado de algum pedaço de “solo” do clube que não comprometesse a instituição?

Porque o “presidente” ao invés de DOAR a área do peão do prado para que a Odebrecht a utilize como moeda de troca com as Associações de Bairro (que por sinal, não devemos nada a elas) não cria uma área de interesse para o município em troca da dívida?

Porque não fazer uma “convocação” e lançar uma campanha que teria todo o apoio da mídia, propondo um desafio aos arquitetos cariocas (incluindo o ilustre Paulo Casé) para que fizessem em conjunto um plano urbanístico para ocupar o centro das raias; que fosse algo bastante valioso para o Município e seus moradores, pobres ou ricos, nem que para isso utilizasse parte do subsolo; nem que para valorizar o projeto, precisasse subir alguns metros em alguma parte do terreno.

O turfe em peso permitiria alguns metros sem a visão necessária da reta oposta, em prol da correção dessa miopia escandalosa de destruir a nossa história.

Não seria mais factível conseguir que a Câmara de Vereadores e o próprio Prefeito aprovassem um Projeto de Lei que compensasse as dívidas em troca da utilização de espaços verdadeiramente ociosos pra nós, do que fazê-los modificar todo o Plano Diretor para conceder uma licença especial de obras para a Odebrecht?

E quanto aos demais impostos, sejam estaduais ou federais, que tal “alugar” até 2016, ou por mais tempo ainda, a Tribuna C, àquela pobrinha lá do canto, que não incomoda ninguém, que não tem nenhuma família morando (salvo a dos gatos) para que fosse utilizada pelos Comitês Olímpicos, de forma a transformá-la em um Quartel General?

Porque não fundar ali um Centro Mundial de Imprensa, que cobrisse tanto a Copa do Mundo, e as competições que antecedem a ela, como também as Olimpíadas do Rio de Janeiro, posto que estaria próxima aos principais hotéis da cidade e com capacidade enorme de estacionamento? Porque não estudar também outras formas de utilização daquela Tribuna, com os nossos credores, como a implantação de um Museu importante para a nossa cidade?

Não seria mais fácil convencer às autoridades desse país a aprovar um projeto de utilização institucional daquela tribuna em troca das nossas dívidas do que convencê-los a autorizar para os espanhóis a exploração de máquinas caça-níqueis?

Trailer do Segundo desafio – Recuperar as Vilas Hipicas

O “presidente” precisa abraçar algo que CONGREGUE o clube e não que o DIVIDA; precisa urgentemente juntar o Quadro Social em torno do turfe e criar um projeto para a valorização das Vilas Hípicas e não voltado a sua destruição, o que será tema na segunda parte da Série: Aceitando o Desafio, parte II: A salvação das Vilas Hípicas

Um Parágrafo Único, para encerrar a Parte I

Parágrafo único: De antemão, ou “an passant” como gostam os franceses, devo advertir o “presidente” do JCB, ou mesmo informá-lo, de que o famoso Chico Preto, treinador dos cavalos do meu avô na década de cinqüenta, garantiu que não fora o culpado por esse montante enorme de dívida... Por esse dinheiro que vai e volta das cocheiras a região serrana muitas vezes; que se juntar às notas, lado a lado, colore as estradas com cédulas de dólar da Lagoa Rodrigo de Freitas à Ladeira do Pelourinho.

Ele me garantiu, ao telefone, que não se recorda de ter pedido nenhum dinheiro emprestado ao prefeito, e que portanto, essa dívida certamente não poderia lhe ser cobrada através da desgraça dos cavalos, treinadores, jóqueis, cavalariços, redeadores, veterinários, ferradores e suas honrosas famílias.

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