Para este experiente jornalista foi um privilégio acompanhar durante os últimos 30 anos a carreira profissional de Venâncio Nahid. Comecei a escrever sobre turfe em 1982, no lendário Jornal do Brasil, que hoje só existe on-line. Era uma época de ouro, com uma redação cheia de estrelas. Alguns jornalistas, eu jamais tinha sonhado ver tão de perto e muito menos dividir espaço na mesma atmosfera profissional. A motivação era absoluta e tratei de aproveitar a oportunidade na editoria de esportes. Trabalhava com Marcos Ribas de Faria e Jorge Perri de Freitas e os dois me incentivaram bastante ao perceber que eu era um autêntico pé de boi. O saudoso João Saldanha adorava turfe e sempre parava para saber de mim das novidades antes de escrever a sua famosa coluna. Este fato me dava tremenda moral com os demais colegas de outros esportes.
No prado carioca conheci logo pessoas bastante receptivas e, sem dúvida, uma das que mais me ajudou foi Alberto Nahid, o pai de Venâncio. Ele só o chamava de Neném. Era um homem bom, mas rígido e exigente. Para dizer a verdade ele não dava moleza para os filhos Roberto e Venâncio. Nos exercício de distância e nos aprontos, seu Alberto orientava o ritmo ideal para que os cavalos ficassem na conta. E se alguma coisa não saía bem ele não aliviava a barra. Era aquela tremenda bronca nos garotos, na frente de todo mundo. Os dois jovens eram geniosos, principalmente o Roberto, mas eles jamais cresciam para cima do pai. Este pulso firme do Seu Nahid influenciou demais na personalidade de Venâncio. Por isso, sempre que o Neném ganha estes páreos importantes, lá estou eu a escrever sobre o seu pai. Tenho absoluta convicção que o Venâncio reconhece isto. Este seu lado disciplinado, obstinado e criterioso vem do sangue quente, mas generoso do seu Alberto. Um homem de bom coração.
Venâncio Nahid é um autêntico bicho-papão das provas nobres de São Paulo. O treinador coleciona títulos e troféus com vitórias memoráveis obtidas por puros-sangues extraordinários, todos preparados com aquela classe excepcional que ele possui. Na entrevista do jóquei, José Aparecido, após o Grande Prêmio São Paulo, do último domingo, ele ressaltou a sua alegria e realização por finalmente vencer a prova depois de 19 anos. A declaração do piloto dá a dimensão exata do quanto é difícil ganhar um páreo deste nível. Pois não é que o Neném ganhou quatro dos cinco GPS São Paulo dos últimos cinco anos, com Jeune-Turc, Flymetothemoon, Sal Grosso e Invictus. Se o João Moreira é o Fantasma de Cidade Jardim, então o Venâncio Nahid é o Mister São Paulo.
Vale ressaltar também o triunfo no dia anterior da potranca I Scream, do Haras Doce Vale, no Grande Prêmio Organização Sul-Americana de Fomento Ao Puro- Sangue de Corrida. O sucesso foi fruto de planejamento bem feito e perfeita execução. Depois de correr bem as duas primeiras provas da coroa carioca Venâncio achou por bem poupar sua pensionista do desgaste do confronto com a tríplice-coroada, Old Tune. O resultado foi o melhor possível. Old Tune chegou ao cobiçado título e I Scream venceu prova de Grupo I fora de casa com direção perfeita de Altair Domingos. Agora sim, ela evoluiu o que era preciso e, no futuro, já pode enfrentar de igual para igual a poderosa campeã.
Parabéns ao Venâncio Nahid e a toda a sua maravilhosa equipe no Vale do Itajara. Posso dizer ao vitorioso profissional que os seus inúmeros fãs turfistas, e eu me incluo entre eles, ficaram orgulhosos da maneira brilhante como representou o Rio de Janeiro em São Paulo. Aos paulistas agradeço em nome de todos os cariocas que lá estiveram à hospitalidade e o alto nível das disputas. Foi pena a ausência de Jorge Ricardo. Só pelo desempenho espetacular de Altair Domingos dá para gente imaginar a falta que nos faz a presença de profissionais do nível deles e de outros brasileiros como João Moreira, Tiago Josué Pereira, Manuel Nunes, Fausto Durso e Silvestre de Sousa, entre tantos outros. Mas eles estão por aí, a conquistar espaço para o turfe do Brasil em todo o muno. Parece-me uma boa ideia tentar trazer a todos no Grande Prêmio Brasil. E um convite ao canadense Russel Base também cairia muito bem. Imaginem um confronto entre ele e o Ricardinho aqui no Brasil. O nosso país está em alta por causa da Copa do Mundo e posteriormente as Olímpiadas. Todos sabem disso. E em todos os seguimentos da sociedade a turma pensa grande. Está na hora do turfe começar a fazer o mesmo. |
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