Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

sábado, 9 de julho de 2011

Grande Premio Brasil, Em 1995, argentino El Sembrador ganhou o GP Brasil do Milhão


El Sembrador, por dentro, resiste ao ataque de Talloires

A fria e chuvosa tarde do primeiro domingo de agosto de 1995 foi um emocionante conto de fadas para todos os verdadeiros turfistas. O então presidente, José Carlos Fragoso Pires, conseguiu com o turfman Júlio Bozano patrocínio milionário para o Sweepstake. A bolsa para o proprietário do cavalo ganhador, que acabaria sendo o argentino El Sembrador, foi de R$ 1 milhão. O valor do prêmio, inédito no continente sul-americano, atraiu puros-sangues dos Estados Unidos, da Europa e também os melhores representantes do Chile, Gran Ducato, e da Argentina, El Sembrador. O Brasil foi defendido pelo campeoníssimo, Much Better, do Stud TNT, que acabou a prova no quarto lugar.

A semana começou quente nos principais jornais da cidade maravilhosa. O Jornal do Brasil abriu manchete na segunda-feira, seis dias antes da realização do evento, e na terça-feira em diante, O Globo e O Dia, também passaram as notícias do turfe para a capa da cobertura esportiva. O tombamento do Jockey Club Brasileiro com sua maravilhosa arquitetura de origem francesa agitou ainda mais os noticiários da cidade. E, além disso, foi lançado um projeto de criação de um Shopping Center subterrâneo, do engenheiro Edmundo Cesaro Musa, no miolo do peão do prado. Alguns meses depois o projeto foi rejeitado devido à pressão de algumas organizações ambientais.

Uma multidão poucas vezes vista num evento turfístico invadiu as dependências do Hipódromo da Gávea sem dar a menor importância ao frio intenso e a chuva intermitente durante toda à tarde. Para frustração da maioria, que torceu para Much Better, o campeão do ano anterior, decepcionou. A luta pela vitória coube a dois estrangeiros. O americano Talloires, montado por Kent Desormeaux, no livro dos recordes com nove vitórias num mesmo dia, e El Sembrador, craque absoluto de Buenos Aires, na direção de Guillermo Senna. No fotochart, a vitória coube ao argentino por diferença de focinho. O chileno Gran Ducato ficou em terceiro e o brasileiro Much Better no complemento do placar.

A sala de Imprensa com dezenas de telex, os incontáveis jornalistas e fotógrafos envolvidos na cobertura, os concursos de chapéus, a reforma das dependências do prado, enfim a organização impecável do evento esbarrou numa catástrofe de proporções do naufrágio do Titanic. Os bilhetes do Sweepstake foram colocados a venda em número infinitamente maior do que aconselhável. E o resultado foi que o bilhete premiado, com o resultado dos cavalos na ordem de chegada, ficou encalhado numa banca de jornal do centro da cidade. E a falta de sorte foi tanta que ainda houve uma turfista que tinha a ordem exata se a fotografia tivesse apontado Talloires como o vencedor. Mas nem ela e nem o turfe brasileiro estavam afortunados. A infeliz ficou a ver navios e por causa de um focinho não se transformou numa das damas mais ricas do país. E o turfe entrou em profundo descrédito perante a sociedade, justamente no dia em que tudo foi feito de forma irretocável. Como acontece em alguns contos de fada, às vezes os castelos de areia se desmoronam com a proximidade da espuma das ondas a beira mar.

por Paulo Gama
julioturfe.blogspot.com

Um comentário:

  1. Os bilhetes tinham que continuar a serem vendidos depois do páreo corrido.

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