Jeane Alves
segunda-feira, 25 de julho de 2011
Grande Prêmio Brasil 1933 - Curiosidades
Desde 1933 o Jockey Club Brasileiro promove anualmente o G.P. Brasil, que é uma das provas mais importantes do calendário clássico sul-americano.Tradicionalmente, turfistas de todo país, e também do exterior, vêm para a semana do Brasil, que é corrido no primeiro domingo de Agosto. O evento desperta a curiosidade e o interesse também de não turfistas, dando um cunho de festa. É nessa época que os turfistas cariocas se encontram prazerosamente com os criadores dos outros Estados e Hipódromos. É uma grande festa turfística.
Nesses muitos anos de promoção, o Hipódromo da Gávea recebeu gente da melhor qualidade, e foi palco de competições memoráveis. Em 1995, por exemplo, a bolsa do páreo foi de dois milhões e duzentos e quarenta e quatro mil dólares, com a dotação para o proprietário do cavalo vencedor de um milhão. O Hipódromo ficou completamente lotado. Figuras carismáticas como o uruguaio radicado na Argentina, Irineo Leguisamo, cego de um olho e montando com absoluto sucesso até os 72 anos de idade, Luiz Rigoni, o melhor jóquei brasileiro de todos os tempos, Antonio Bolino, Antonio Ricardo, Juan Zuniga, Luiz Gonzales, Juvenal Machado da Silva, Jorge Antonio Ricardo, Pierre Vaz, Oswaldo Ulloa, Luiz Dias, Juan Pedro Artigas, Virgílio Pinheiro Filho, Francisco Irigoyen, Dendico Garcia, Albenzio Barroso, Carlos Giovani Lavor, Gabriel Menezes, Luiz Duarte, esses e tantos outros jóqueis que encantaram os turfistas com maravilhosas joqueadas.
De 1933 a 2007, aí vão curiosidades sobre esses primeiros 74 anos de promoção.
1933 – em 1932/3 o presidente do Jockey Club Brasileiro era o Benemérito Linneo de Paula Machado, o diretor secretário Adhemar de Faria. Linneo viajava muito para a Europa, e era então Adhemar que se mantinha à frente do clube.Adhemar era muito amigo, desde os tempos de Faculdade de Direito, de Antonio Joaquim Peixoto de Castro Júnior. Em uma das viajens de Linneo, Adhemar e Peixoto tiveram a idéia da promoção de um Grande Prêmio altamente dotado, que receberia o nome de Brasil, e bancado pela Loteria Federal, da qual Peixoto era o concessionário. O plano era simples e fantástico, consistindo em um sorteio que atribuiria um número a cada concorrente, um bilhete numerado, e o resultado do páreo definiria a distribuição. A Loteria Federal certamente faria uma grande venda de bilhetes, bancaria um prêmio ao proprietário do cavalo vencedor, a quantia inimaginável para a época de 300 contos de réis, e ao Jockey Club Brasileiro caberiam os louros de uma espetacular promoção. Com a chegada de Linneo e a sua anuência, foi lançado publicamente o “Sweepstake”.
A notícia explodiu como uma bomba dentro e fora do mundo turfístico. Imagine-se só, uma venda de bilhetes que permitiria programar um Grande Prêmio de nome Brasil, com 300 contos de réis para o dono do ganhador. A notícia se espalhou rapidamente, os proprietários começaram a importar corredores, os melhores possíveis. Da Inglaterra, Franca, Argentina e Uruguai, e entre os compradores estavam o Dr. Linneo, o Dr.Peixoto, destacados nomes do turfe paulista, todos motivados para sensacional promoção, em clima de euforia.
À época a criação brasileira era incipiente, por isso os nacionais levavam boa vantagem de peso. Os transportes eram por trens no país e por navios quando do vinham do exterior, e quando um aportava com os importados para o G.P. Brasil, lá já estavam no cais jornalistas e fotógrafos, e no dia seguinte os jornais ilustravam e comentavam os acontecimentos turfísticos.
Com o prado lotado e em ebulição, foi corrido no primeiro domingo de agosto de 1933, o primeiro Grande Prêmio Brasil, 3000 metros, grama muito pesada. Por pescoço de diferença, o tordilho pernambucano Mossoró venceu o argentino Belfort, com o campeão uruguaio Bambu em 3º a dois corpos e em 4º Caicó, também tordilho e pernambucano. Dizem as crônicas e reportagens que o público invadiu a pista e em delírio tentou levantar do chão o campeão Mossoró, com jóquei e tudo. Mossoró assim como o seu companheiro Caicó, era um tordilho pernambucano de criação e propriedade de Frederico João Lundgren, treinador Eulógio Morgado, jóquei de Mossoró Justiniano Mesquita, jóquei de Caicó, Ignácio de Souza. O 3º colocado, Bambu, era do Dr.Peixoto.
Em uma época em que uma notícia levava uma semana aos extremos do país, no dia seguinte à vitória de Mossoró já era ídolo nacional
por Milton Lodi
publicado no site Raia Leve em 2008
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