Juiz que mandou soltar filho de Bibinho teve irmã no Legislativo
Os nomes da irmã de um juiz e o da sobrinha de um desembargador do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ) foram omitidos da lista de funcionários da Assembleia divulgada em abril de 2009.
Na listagem não constavam os nomes de Andreia Maria Sanson Corat (irmã do juiz Pedro Sanson Corat, da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba) e Flávia Merheb Calixto Barbosa (sobrinha do desembargador do TJ Abraham Lincoln Merheb Calixto). As duas foram demitidas do gabinete da primeira-secretaria do Legislativo em 1.º de março de 2009. Andreia foi readmitida no mesmo gabinete um mês depois, em 30 de abril. E Flávia foi recontratada, também para a primeira-secretaria, em 29 de maio. A primeira-secretaria, na época, era comandada pelo deputado Alexandre Curi.
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Meses depois, em dezembro de 2009, o filho do ex-diretor-geral da Assembleia Abib Miguel, o Bibinho, foi beneficiado por uma decisão judicial de Pedro Corat. Bibinho é um dos denunciados pelo MP por fraudar a lista de servidores da Assembleia.
O empresário Eduardo Miguel Abib, filho do ex-diretor, foi preso em flagrante depois de se envolver num acidente de trânsito em Curitiba que terminou com a morte de quatro pessoas. A suspeita era que Eduardo havia furado o sinal vermelho, dirigia embriagado e em alta velocidade.
Pouco depois de um mês do acidente, Corat determinou a soltura de Eduardo. Na decisão, o juiz avaliou que os depoimentos das testemunhas eram contraditórios, não permitindo ter total certeza de que o motorista estava embriagado, em alta velocidade e que avançou o sinal. Corat desconsiderou o depoimento dos policiais que atenderam a ocorrência e que haviam relatado sentir o hálito etílico do empresário. A alegação do juiz foi a de que eles não viram o acidente acontecer.
Corat também considerou que o fato de Eduardo estar desnorteado, cambaleante e com vermelhidão no rosto e nos olhos pode não ter sido causado por embriaguez, mas pelo acionamento do air-bag do veículo que dirigia. A decisão de Corat foi questionada pelo MP. Mas o empresário acabou sendo libertado mesmo assim.
Procurado pela Gazeta do Povo, o juiz Corat informou que estava numa reunião em Brasília e não poderia falar com a reportagem naquele momento. Mais tarde, a Gazeta ligou novamente para ele, mas o celular estava desligado. Andreia Corat também foi procurada. A mãe dela passou o telefone do escritório onde Andreia trabalha, mas ninguém atendeu.
O desembargador Abraham Calixto confirmou por telefone o parentesco com Flávia Calixto. Ele informou que ela é uma parente distante e desconhece as atividades que a sobrinha desempenhava na Assembleia.
Flávia não foi encontrada para comentar o caso. A assessoria de Alexandre Curi informou que Flávia pediu exoneração em março e só foi recontratada em maio porque ela soube que estava grávida. Sobre a contratação e exoneração de Andreia, a assessoria do deputado não se manifestou. O advogado Eurolino Reis, que representa Bibinho, informou que ainda não tinha ciência do teor da denúncia e não poderia se manifestar.
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