Essa idéia de "inventar" um jóquei diferente teve caso muito mais discreto, no Rio. Os irmãos Chamma de origem árabe, foram procurados na Gávea por um jóquei com as mesmas origens deles, pedindo apoio na tentativa de se fixar na Gávea. Ele só falava em árabe com os seus proprietários, e Nelson e Washington Chamma ficaram entusiasmados quando o treinador que cuidava dos cavalos deles, Adair Feijó, disse que o tal jóquei mostrara aptidões nos trabalhos matinais, tinha na sela uma posição não ótima mas sem dúvida tinha muitos conhecimentos de equitação. Os irmãos passaram a freqüentar os trabalhos matinais, e bancaram financeiramente aquele que seria um grande sucesso e os informava dos estados dos cavalos. O entusiasmo crescia à medida que se aproximava a estréia. Foi o treinador Adair Feijó quem deu o alerta, o novo jóquei montava bem, tinha bom domínio das rédeas pelas suas evidentes noções de equitação, mas nos trabalhos de parelha ele se "desarrumava", e não parecia ter boa noção dos percursos. Eu não me lembro se ele chegou a estrear na Gávea, até que um dia Washington Chamma descobriu que ele era na verdade, na terra dele, um preparador de cavalos para concursos hípicos, não tinha noção de corridas, e viera ao Brasil para tentar ganhar dinheiro, já que havia sido despedido do emprego anterior. Para o "jóquei" árabe valeu a pena, pois durante um bom tempo foi sustentado e sobreviveu. Foi mandado embora, e nunca mais se ouviu falar dele.
por Milton Lodi
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