1) Como você enxerga o Jockey Club do Paraná atualmente?
Crésus: Eu enxergo o Jockey Club do Paraná atualmente quase que recuperado totalmente, mas em fase de franca recuperação. E eu espero que continue assim.
Jael: Num momento muito perigoso. Digo isso porque nós estamos substituindo tudo que se relaciona ao cavalo, ao amor ao cavalo e às corridas de cavalo, estamos substituindo isso por transações imobiliárias, tendo mais em mente o lucro imobiliário. E isso é muito perigoso para o turfe.
2) Dos objetivos da sua chapa, cite os 3 principais.
Crésus: Em primeiro, o aumento dos animais na vila Hípica, para que seja possível formar, pelo menos, 4 reuniões mensais. Um segundo ponto seria uma melhoria na premiação, para que isso atraia novos proprietários. E eu diria que, por último, a reativação da parte social do clube.
Jael: Em primeiro lugar, nós pretendemos, como eu tenho dito sempre, abrir as gavetas, dando total transparência a todos os atos da diretoria. A diretoria é eleita pelos associados. Então, os associados têm o direito de saber o que está acontecendo, de estar a par daquilo que a diretoria assina, dos contratos. Nada de engavetar os contratos, ou as decisões. Isso tem que ser totalmente liberado. Segundo lugar: nós vamos lutar para transformar a raia do Tarumã na melhor raia de areia do Brasil, executando o que tivermos de executar, com técnicos especializados, para que fique realmente uma raia sem qualquer defeito. Em terceiro lugar, o aumento dos prêmios, porque sem aumento dos prêmios nós não teremos cavalos para formar os páreos. Hoje eles já se formam com muita dificuldade, e com as mobilizações das cocheiras futuramente daqui, vamos ter menos cavalos ainda. Então, se não aumentarmos os prêmios, não haverá corridas no Tarumã.
3) Em relação à pedra única, qual a sua opinião e posição?
Crésus: A pedra única é uma aspiração antiga, pela qual eu lutei muito para que se tornasse realidade. Não sei como está hoje, mas se depender de mim será uma realidade.
Jael: Não poderia ser contrário, jamais. A pedra única talvez seja a salvação da lavoura no turfe brasileiro. Eu já vejo com muito bons olhos as discussões que hoje se fazem a respeito da pedra única. E, você veja uma coisa, eu já disse aqui que sou favorável ao Márcio Toledo: o Márcio foi o primeiro, presidindo o Jockey Club de São Paulo, a não dar corridas no dia do Grande Prêmio Paraná. Isto para mim foi um ponto inicial fabuloso, porque é por aí que se inicia a pedra única. Então, eu sou francamente favorável.
4) Como você vê a realização de corridas semanais no Jockey Club do Paraná? Se acredita na possibilidade de isso acontecer, como pretende viabilizá-las?
Crésus: Eu vejo com muita simpatia, e acho que o público turfista tem necessidade disso. Para viabilizá-las, seria aumentando o número de animais na vila hípica.
Jael: É claro que o ideal seria dar corridas semanais no Tarumã. Para viabilizá-las, terá que haver um Jockey Club do Paraná forte, com uma situação financeira muito bem definida. Para isto eu vou precisar ver como eu vou receber o caixa do Jockey Club do Paraná, a parte da tesouraria, porque eu não sei: eles não dizem para ninguém, não deixam ninguém saber como é que nós estamos hoje, se temos dinheiro, se não temos. Então, é lógico que pretendemos realizar corridas semanais, dependendo, no entanto, de como está o nosso caixa. Ou então, se devemos melhorar primeiro o caixa.
5) O Jockey Club do Paraná, hoje em dia, possui aproximadamente 550 animais em sua vila hípica. Deste total, 300 são potros e apenas 250 são cavalos já em campanha. Quais são os seus planos para aumentar a quantidade de animais?
Crésus: Quando eu estive à testa das iniciativas para que isso fosse possível, eu lutei muito para aumentar esse número porque era inviável, até mesmo, a realização de uma única corrida mensal. E hoje a situação é praticamente idêntica à de quando eu me empenhei para que isso fosse uma realidade, ou seja, o aumento dos animais. E promovi o que ficou conhecido como “páreo do caminhão”: comprei 60 animais em carreira, em vários hipódromos, e o nosso Vice-Presidente à época, Henrique Oliva, trouxe através do proprietário Roberto Campos, do Stud Palura, mais uns 40 ou 50 animais, e é claro que com a idade eles ficaram defasados. Mas eu acho que o caminho é esse. Se eu for eleito, lutarei para que isso se torne uma realidade.
Jael: Precisamos de animais para fazer as corridas. Sem animais, não poderá nem haver corrida mensal, quanto mais semanal. Para isto, devemos aumentar o número de animais. E como vamos aumentar o número de animais? Aumentando o interesse do proprietário, mediante o aumento dos prêmios. Se nós aumentarmos os prêmios, é lógico que virão mais animais, que virão mais proprietários de todo o Brasil. E esse aumento dos prêmios é que está dependendo de uma série de fatores que nós vamos ter que ver futuramente, da situação financeira do Jockey Club do Paraná. Mas que tem que haver um aumento de prêmios, tem que haver um aumento de prêmios.
6) Os prêmios no Jockey Club do Paraná são de R$ 1.700,00 ao vencedor, não se fazendo distinção por idade, ou seja, é a mesma premiação para animais de 2 anos, 3, 4, 5 etc. Quais são os seus planos para aumentar os prêmios?
Crésus: Basicamente, a arrecadação, para que se possa premiar com valores que correspondam à realidade. Hoje, isso é praticamente impossível. Mas eu pretendo, a curto prazo, e com a ajuda do empreendimento do shopping, tornar isso uma realidade.
Jael: Nós precisamos ter muito cuidado com isto aí, porque veja, nós precisamos de potros de 2 anos. Se não tivermos potros de 2 anos o suficiente, futuramente não teremos cavalos mais velhos. Então, temos que estudar com muito carinho a premiação de potros e de cavalos de idade, para que os cavalos de idade permaneçam aqui e para que tenham mais potros para formar os páreos de 2 anos. Para isto, creio que a grande solução é dar bônus. Eu creio que o bônus já foi utilizado aqui e em São Paulo, e ele é de uma utilidade tremenda, porque você dá o bônus ao vencedor, e isso não irá incidir nos demais prêmios, não irá incidir nos 10% do criador, então é uma maneira de dar um aumento sem sangrar muito os cofres do Jockey Club.
7) A negociação dos terrenos ociosos do Jockey Club do Paraná foi um dos temas mais polêmicos de toda a história da entidade. Qual o seu ponto de vista sobre o assunto?
Crésus: Aí não se trata nem de uma questão de ponto de vista: se não fosse possível fazer o que foi feito, eu acredito que hoje o Jockey Club do Paraná não existiria, porque as dívidas existentes na época, com o Estado, Município e União, tornariam a sua existência impossível. E isso sem falar dos credores, de fornecedores, a folha de pagamento atrasada, atraso no pagamento dos profissionais, enfim, tudo isso nós herdamos, lamentavelmente, de gestões anteriores. Portanto, a única solução seria sacrificar aquela parte que foi vendida, para que pudéssemos saldar todos os compromissos em atraso. E foi isso que conseguimos fazer.
Jael: Em primeiro lugar, não são terrenos ociosos coisa nenhuma. Nós estamos conversando aqui, na minha cocheira, que deverá ser demolida. Então, como terrenos ociosos? A primeira parte da negociação foi um terreno ocioso lá no fundo do Jockey Club, porém, agora, trata-se de um terreno super valorizado, aqui de frente para a avenida, cheio de cocheiras, ACPCCP, então foi um absurdo. Porque uma coisa é vender um terreno ocioso. Outra coisa é vender um terreno que hoje é a vida do Jockey. Mas infelizmente está feito, foi feito sem o associado saber como foi feito. Não vimos concorrência, não vimos publicado em lugar algum, e foi vendido, por um preço que também não sabemos quanto foi.
8) Quais são as alternativas que podem ser utilizadas para a captação de receitas pelo Jockey Club do Paraná? Você possui alguma idéia diferenciada para aumentar o MGA, garantindo, assim, um aumento de receita para o clube?
Crésus: Isso é até uma redundância porque, como eu falei anteriormente, o movimento de apostas é relativo, diretamente, à formação dos páreos. E como eu pretendo trazer animais para formar os páreos, de animais de mais idade, eu creio que aí já é um percurso, digamos assim, que estará resolvido. E o aumento dos prêmios para que os potros, os animais de menos idade, possam competir.
Jael: Alternativas existem muitas. Algumas que deverão dar certo, outras que não. Vamos ver os exemplos dos demais hipódromos, mas temos que aumentar, realmente, o MGA. E como que vamos aumentar o MGA? Simplesmente trazendo mais apostadores, mais amantes do turfe, das carreiras, para o Tarumã nos dias de carreira. Para isto deverá ser feito um planejamento muito extenso junto a todos da diretoria, e eu já disse aqui que eu admiro o Márcio Toledo porque o Márcio fez esta parte em São Paulo, puxando gente, pessoas de todas as camadas sociais para aumentar o movimento de pessoas, aumentando assim o MGA.
9) Você possui algum projeto específico para atrair novos e jovens turfistas? Algum projeto para re-inserir o Jockey Club do Paraná na sociedade curitibana, e para que o público freqüentador do hipódromo aumente?
Crésus: Sim, existe. Seria exatamente com o financiamento do clube para a aquisição de animais, com um financiamento próprio do clube e dirigido especificamente para o turfista mais jovem.
Jael: É isto exatamente o que eu falei. Nós temos de atrair novos turfistas, e de preferência jovens turfistas. Para isto, muita coisa deverá ser feita, e muita coisa poderá ser feita. Para as famílias, temos que providenciar obras junto às arquibancadas, que chamem as famílias, para que tragam seus filhos e aqui passem uma hora agradável, sem qualquer risco, sem perigo, enquanto eles apostam nos cavalos de corrida.
10) Quais são as ações previstas para os profissionais (jóqueis, treinadores, redeadores etc.) radicados no Hipódromo do Tarumã atualmente? E para os proprietários, há algum novo projeto previsto?
Crésus: Eles serão beneficiados diretamente com os planos mencionados anteriormente. Mas a propósito disto, quem poderia dar uma opinião mais abalizada, seria o presidente da Comissão de Turfe.
Jael: Para os profissionais, o que nós estamos oferecendo é uma Comissão de Turfe de altíssimo padrão. Na nossa Comissão de Turfe, cada um dos Comissários é melhor do que o outro, encabeçados pelo Diretor da Comissão de Turfe, que é o Roberto Belina. Só isto é uma garantia ao profissional que ele vai ter toda a seriedade e todo o apoio da sua Comissão de Turfe. Para os proprietários eu já disse: será o aumento de prêmios e este alto padrão da Comissão de Turfe, dando plena e total honestidade às corridas.
11) Você é a favor da profissionalização da Comissão de Corridas? Se é, possui algum plano ou projeto para o início e o treinamento de comissários?
Crésus: Isto seria ótimo para o turfe em geral, não apenas no Paraná, mas no Brasil inteiro, a exemplo do que ocorre nos Estados Unidos e em alguns outros países. Seria muito bom.
Jael: Pouco tem se falado nisto, mas lógico que sou francamente favorável à profissionalização da Comissão de Corridas. Porque é algo muito importante. Hoje você não pode prescindir da honestidade de uma Comissão de Corridas em hipótese em alguma, senão o turfe está feio. Eu não tenho hoje um plano para a formação desta Comissão, nem para o treinamento de Comissários, mas sou francamente favorável, e, certamente, começaremos a estudar assim que assumirmos.
12) Como você vê o atual cumprimento dos horários estabelecidos para a realização dos páreos? Na sua gestão você pretende que os páreos sejam corridos no horário estabelecido?
Crésus: Pretendo. Irei tomar algumas medidas para que sejam cumpridos, na íntegra, os horários dos páreos.
Jael: Eu acho que estão “OK” os horários, e você veja que é mais ou menos similar entre Tarumã, Porto Alegre, tudo isto acertado com Cidade Jardim e Gávea. Nada a obstar. Porém, eu sou tremendamente favorável ao cumprimento do horário pré-estabelecido. Eu sou, acho que meio inglês: faço questão absoluta da rigidez quanto ao cumprimento do horário.
13) Qual é a sua opinião sobre a instrução normativa 03/2010 da ABCPCC, que estabelece a proibição do uso de qualquer tipo de medicação como condição para o reconhecimento de prova clássica como “Black Type”?
Crésus: Este é um assunto mais delicado, e penso que também é de alçada mais da Comissão do Turfe. Mas, a exemplo do que eu vi em alguns hipódromos do exterior, ajudaria muito se os Jóqueis Clubes do Brasil estabelecessem meios de medicação exclusivamente pelo veterinário credenciado pelo respectivo hipódromo.
Jael: Sou francamente favorável, porque nós temos que mostrar ao Mundo que temos um turfe sério, honesto, e que não temos macetes, que “é só aqui no Brasil”. Nós vemos hoje, inclusive na compra de garanhão, a gente procurar ver o garanhão “tal”, ganhador de tantas provas de grupo. Mas usando medicação ou sem medicação? Isto faz uma diferença maluca. Então, eu acho que esta instrução da ABCPCC é perfeitamente viável e eu sou francamente favorável.
14) Você está satisfeito com a parceria estabelecida entre Jockey Clube do Paraná e Jockey Clube Brasileiro? Ou pretende aproximar-se novamente do Jockey Club de São Paulo?
Crésus: A parceria com o Jockey Club Brasileiro foi uma dádiva para o turfe do Paraná. Porque se assim não fosse, seria praticamente impossível darmos continuidade aos projetos das carreiras, uma vez que o Jockey Club de São Paulo, na época, nos boicotou, cortando o nosso sinal e criando alguns outros entraves. Felizmente o Jockey Club Brasileiro nos acolheu, e somos muito gratos a eles. Agora, como as eleições em São Paulo estão próximas, e eu tenho muito bom relacionamento com a chapa da oposição, que, na minha opinião, deve ser a vencedora, eu pretendo sim estabelecer uma parceria com São Paulo novamente, não exclusivamente, mas numa condição igualitária com o Jockey Club Brasileiro.
Jael: O Jockey Club do Paraná sempre foi um parceiro do Jockey Club de São Paulo. E há uns poucos anos atrás, não sei que problemas existiram realmente, o Jockey Club do Paraná passou para o Jockey Club Brasileiro. Hoje, o Jockey Club Brasileiro enfrenta seríssimos problemas, então nós não podemos dizer que vamos continuar firmes com o Jockey Club Brasileiro. Vamos ver, também, a nova diretoria do Jockey Club de São Paulo para enfim estudarmos este problema.
15) Em 11 de Novembro de 2010, foi noticiado no Raia Leve (http://raialeve.com.br/conteudo/index.php?cod_cont=35859&&mes=11&&ano=2010&&cod_secao=3) e confirmado pelo Diretor Financeiro do JCP, Ricardo Cwikla, que uma parceria com a empresa Codere estava em vias de acontecer. É sabido que a Codere enfrenta muitos problemas no Jockey Club Brasileiro, inclusive com o MGA da entidade decrescendo. Como você vê esta aproximação entre Codere e Jockey Club do Paraná? Quais a precauções que você irá tomar para que o MGA do Jockey Club do Paraná não sofra com o mesmo problema do MGA do Jockey Club Brasileiro? Existe no contrato alguma cláusula protecionista?
Crésus: Contrato com a Codere nós não temos nenhum no momento. Aliás, tempos atrás, quando eu estive à testa deste assunto, eu rompi com a Codere, por entender que eles estavam numa situação de ilegalidade, e, portanto, sujeitos às normas penais da nossa legislação. A Codere não tem, e caso eu seja eleito, não terá acolhida nenhuma no Jockey Club do Paraná.
Jael: Pois é. É o que eu tenho falado aqui atrás. Você pergunta “existe no contrato alguma cláusula protecionista”? Nós não vemos contrato, não vemos nada, aqui não se mostra nada ao associado. Aqui é tudo engavetado. Então, a Codere, teoricamente, seria um bom negócio. Seria uma maneira de aumentar o MGA, e, pelo menos, sendo alguma coisa útil ao Jockey Club. Porém, parece que a Codere tem realmente suscitado muitas dúvidas, tanto é que ela nem entrou no Jockey Club de São Paulo, e só está no Rio de Janeiro. Então, nós precisamos tomar muito cuidado. Mas não nos furtaremos de estudar, quando chegar a hora exata. E não, como é dito na pergunta, que o Jockey Club do Paraná já está estudando com a Codere. Calma. Vamos estudar profundamente.
16) No Estado do Paraná, há ainda o Jockey Club Pontagrossense, inativo há algum tempo. Há algum projeto para auxiliá-lo e melhor o turfe em âmbito estadual?
Crésus: De minha parte sim. Caso eu seja eleito, tentarei uma reaproximação com o Jockey Club de Ponta Grossa, para o engrandecimento do turfe no seu todo.
Jael: Você tocou num ponto que eu acho fundamental. Aliás, hoje estávamos falando de hipódromos menores. Hipódromos menores são fundamentais aos hipódromos maiores. O Hipódromo Pontagrossense é fundamental ao Jockey Club do Paraná. No auge do Jockey Club Pontagrossense, era uma beleza: haviam corridas em que os cavalos do Tarumã iam correr as provas no Jockey Club de Ponta Grossa. Os cavalos de Ponta Grossa ganhavam e depois vinham para o Tarumã. Então, o Jockey Club Pontagrossense fez parte do desenvolvimento do Jockey Club do Paraná. Oxalá existissem “outros Hipódromos Pontagrossenses” aqui no Paraná. Seriam muito bem vindos.
17) Por fim, qual seria o seu último recado aos leitores do Raia Leve?
Crésus: Bom, eu não quero ser pernóstico, mas eu pediria que votem na minha chapa.
Jael: Eu peço que o seu leitor simplesmente veja o que nós pretendemos, o que nós oferecemos para o benefício do Jockey Club do Paraná. E, para isto, mesmo para aqueles que não nos conhecem profundamente, eu faria aqui uma solicitação: peguem as duas chapas, coloquem uma ao lado da outra, e comparem. Comparem. Nós somos uma chapa de criadores famosos no Brasil, de haras uns melhores do que os outros. E eles? Eles são uma chapa de profissionais. De profissionais no sentido de que somente querem ver o turfe a partir de negócios, de vendas, mas criação de cavalos mesmo... Comparem. Por favor.
por Victor Corrêa
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