Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tragédia, Leo Cury fala sobr a Tragédia no Vale do Cuiabá


Leo Cury fala sobre a tragédia no Vale do Cuiabá


Vivemos um verdadeiro inferno. Foi a maior tragédia natural da história do Brasil. As inúmeras fotos publicadas não fornecem a verdadeira dimensão da tragédia. Só quem esteve no local e principalmente, vivenciou os piores momentos, sentiu a verdadeira força da tragédia.A violência das águas foi dizimando tudo pela frente. Ricos e pobres tiveram suas casas trransformadas em escombros em questão de minutos, muitas delas com seus moradores dentro e alguns ainda não foram encontrados. O belo Vale do Cuiabá foi completamente destruído.No Centro de Treinamento não foi diferente. Cocheiras e residências de funcionários foram à baixo. A casa do meu redeador Reginaldo foi completamente destruída e levada pelas águas. Por sorte ele conseguiu tirar suas duas filhas e sua mulher, mas seu irmão Rogério salvou apenas sua mulher e o bebe de 12 dias, mas seu enteado, um garotinho de 5 anos, lhe escapou das mãos e foi levado pelas águas.O treinador J F Reis, por milagre, salvou sua mulher, seus dois filhos e sua sogra levando-os para a lage da sua casa, que assistiu ser destruída; perdeu tudo, inclusive seus dois carros que até agora não foram encontrados.Quase todas casas de cavalariços foram destruídas e o Miguel, cavalariço da Juliana Dias, também morreu arrastado pelas águas.Cavalos do treinador M Ferreira foram encontrados quilômetros abaixo no rio, uns mortos e outros, incrivelmente vivos. Outros foram encontrados com lesões graves, como fraturas expostas e tiveram que ser sacrificados. Vimos dois cavalos debaixo dos escombros, sem no entanto podermos identificá-los. Na quinta-feira o cheiro já era insuportável.A água que foi embora deixou meio metro de lama dentro das cocheiras, o que dificultou o trabalho e o trato dos animais. Muitos (maioria) ficaram até sexta-feira dentro d’água ou na lama, até serem retirados e levados para o Rio de Janeiro. No meio à tragédia, a solidariedade. No dia seguinte ao desastre, começaram a chegar através de motoqueiros, água e alimentos. Foi de grande valia, pois todos ficamos sem água, luz e telefone, inclusive celular.Destaco ao incansável trabalho dos cavalariços. Os meus não arredaram o pé nem um minuto, até o embarque do último cavalo. Comiam o que tinha e descansavam onde dava. Tiveram a ajuda permanente do amigo Ricardo Braga, que na quinta-feira exausto e com dores nas costas, voltou para casa na carona de um helicóptero. As fotos publicadas no site são de sua autoria.Chegaram dois helicópteros com equipes de veterinários que prestaram os primeiros socorros. O primeiro com a equipe do Hospital Octávio Dupont, liderado pela Dra Juliana e na companhia do Dr Flávio Géo. O outro, mais tarde, enviado pelo proprietário Pedro Alencar que esteve pessoalmente no local avaliando a destruição, com os Drs Cristina Vieira e equipe e Homero Brasil. Outros chegaram a pé como as Dras Paula Gutman, Márcia Ramos e Cristina Resende.Uma surpresa muito agradável foi a chegada do pessoal do CT Vale do Itajara. Seu proprietário Lineuzinho veio acompanhado do treinador L J Reis e do incansável e extremamente prestativo Paulo Nania, a quem credito totalmente o êxito para a rápida retirada dos naimais. Paulo chegou com um trator e um máquina fornecida pela Oderbrecht (Luis Oswaldo) dirigidos por seus funcionários e incansávelmente comandou todo o trabalho de limpeza e desobstrução da estrada. Voltou no dia seguinte e só foi embora de noite quando a estrada já permitia a entrada dos caminhões de cavalos. Uma solidariedade ímpar acompanhada de emoção quando viu seu esforço compensado.A solidariedade não parou aí. Diversos caminhões foram colocados à disposição por seus proprietários e apesar do chefe da operação local da polícia militar querer impedir a entrada deles, uma ordem superior evitou esse absurdo. Na sexta-feira à noite, sete caminhões adentraram o CT e levaram os primeiros animais. Sábado, às 14:00 horas chegava o último caminhão na Gávea, levando os últimos cavalos.Também gostaria de destacar a solidariedade de diversas pessoas, como de meus proprietários entre outros, que sensibilizados vêm colaborando inclusive com ajuda financeira.Sábado à noite, após o último cavalo e funcionário ter deixado o CT, voltei para o Rio de Janeiro, cansado, com dores no corpo e pequenos ferimentos, fui direto para casa rever minhas filhas e tomar um banho descente. Domingo pela manhã fui à minha cocheira 12 A na Vila Tattersall e me emocionei quando vi todos os cavalos ali alojados.


Vida que segue


Um comentário:

  1. Prezados,

    Sou repórter da revista Istoé e estou fazendo uma matéria sobre a tragédia das chuvas na Região Serrana, do ponto de vista das perdas rurais e dos animais que morreram durante as chuvas ou precisaram ser sacrificados. Gostaria de uma indicação de alguém com quem eu poderia falar sobre o assunto. Vocês podem me ajudar? Meu email é rafael.teixeira@istoe.com.br, e meu telefone é (21) 2107-6657. Fecho esta matéria amanhã, quarta-feira (dia 19), de modo que o quanto antes alguém puder entrar em contato comigo, melhor. Obrigado!

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