Jeane Alves
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
TURFE, MAS COM UM PITADA DE TUDO
Os impérios oferecem curiosos sinais de que enfrentam problemas, que alguns preferem chamar de certa fragilidade. E, sem dúvida, o primeiro desses problemas é que o decidido pelo governo, nem sempre vale muito.
Matéria do The New York Times, transcrita pelo Estadão de 25 de dezembro, mostrou que apesar de todo o circo das sanções contra o Irã, autorizações do Departamento do Tesouro permitiram que várias empresas americanas vendessem produtos, em nada vinculados à ajuda humanitária, a um país do conhecido “eixo do mal”.
Entre os negócios permitidos estava o material destinado a um gasoduto que facilitaria exportação de gás iraniano para a União Européia.
As tais autorizações do Tesouro também atendiam pedidos das indústrias alimentícias ( da Pepsi à Kraft Foods, da Mars à American Pop Corn), boas colaboradoras dos partidos políticos.
O problema é que a matéria do N Y Times mostrou que essa venda era feita para redes varejistas iranianas controladas pela famosa “Guarda Revolucionária”.
Tudo bem, negócios são negócios, desde que o mundo é mundo, mas só na última década foram mais de 10.000 autorizações do Tesouro para negócios com iranianos, direta ou indiretamente.
O fato de ter que fazer negócios com os inimigos sugere duas realidades. Ou, o inimigo não é tão inimigo assim, ou a necessidade é maior que o orgulho. Emprestar dinheiro barato do contribuinte americano para banco muito rico e sadio desmerece um pouco o poder de convencimento que o FED reconhecidamente ostenta.
Talvez, por perceber, ou intuir esse fato, a The Economist, edição de 11 de dezembro de 2010, descreveu o mundo como uma maçã, dividida só em duas metades; uma, a dos mercados emergentes e a outra, a dos EUA e a da Eurozona, esta com um caruncho bem visível.
É só uma imagem, mas deve doer muito… como um certo retrato sobre Itabira que existia na casa do poeta Carlos Drumond de Andrade.
E, a revista ainda não sabia dos negócios escondidos com os tão mal falados iranianos e muito menos da graninha bem baratinha que o FED entregou para quem não precisava. Só porque, naquela hora, pouca gente confiava na saúde financeira dos bancos norte-americanos.
condensado da matéria de Leonardo Trevisan
http://leonardotrevisan.com.br/blog/?p=423
charge é de Kayser
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