Jeane Alves

Jeane Alves
Vitória de G 1 com Equitana

terça-feira, 23 de novembro de 2010

COPA DOS CRIADORES, DIRETOR DA APFTURFE REPUDIA NOTA PUBLICADA NO SITE DO JCB


O Diretor APFTurfe, Eduardo Ratto Guimarães, em carta aberta repudia a decisão do Presidente Luis Eduardo da Costa Carvalho, em recusar o convite da ABCPCC, presidida pelo Dr. Afonso Burlamaqui, para sediar a Copa do Criadores, versão 2011, bem como a matéria veiculada no site oficial do clube, sob o título "A falida Copa dos Criadores".

Veja a íntegra da carta:

São Paulo, 23 de Novembro de 2010.
Presidente Costa Carvalho,

Lamento a nota publicada no site do JCB, sob o titulo “A falida Copa dos Criadores”.

Tendo sido o autor, no inicio dos anos 80, do modelo original do Festival de Corridas da extinta ANPC, e participado do grupo de trabalho – integrado também por Alessandro Arcangeli, Eduardo Naufal, Fabricio Buffolo, Flávio Obino Filho, Gilberto Gama, José Carlos Fragoso Pires Jr. e Mano Moglia entre outros -, que propôs um novo modelo para o mesmo, fusionando-o às Taças de Prata, não poderia me furtar a escrever lhe.

As Taças de Prata foram criadas nos anos 70, época em que criadores de mais de 3,000 produtos pagavam a taxa de inscrição para participar de uma prova, uma única vez em toda sua campanha. Em 2002, as inscrições mal chegavam 400. As provas eram corridas exclusivamente em Cidade Jardim até 2005. O acima mencionado grupo de trabalho, propos que as mesmas passassem a ser itinerantes, entre os dois principais hipódromos do País, atendendo assim aos inscritores que tem seus cavalos treinados no Hipodromo da Gávea e nos centros de treinamento do Estado do Rio de Janeiro.

O Festival de Corridas da ANPC, voltou a compreender 2 provas, nas distancias de 1000 e 2000 metros, atendendo assim à grande maioria dos animais em treino no País. Aliás, este era o modelo à época de sua criação, durante os anos nos quais Matias Machline e José Bonifácio Coutinho Nogueira geriram a extinta entidade nacional de proprietários, antes que o evento fosse inchado – chegou a compreender 8 provas -, por gestões subseqüentes.

O Festival de Corridas da ABCPCC foi antecipado, de Outubro para Junho, e as Taças de Prata antecipadas em um mês, o que as transformou no grande teste seletivo para os 2 anos. A realização das 4 provas [GGPP.Matias Machline, J.Adhemar de Almeida Prado, Margarida Polak Lara e Copa Velocidade], num mesmo dia, está alinhada com a tendência internacional de agrupar provas importantes, criando eventos capazes de atrair espectadores de esportes em geral. Bons exemplos são a Breeders Cup nos Estados Unidos, o Arc week-end na França e o Champion’s Day em Newmarket. Pensou-se também em facilitar a vida de observadores internacionais, apresentando os melhores cavalos em atividade no País em um só dia de corridas, e em preparar o evento para a Era dos patrocínios.

Tambem a taxa de inscrição foi modificada. Com a criação da taxa universal, uma vez inscritos, os animais passaram a ter direito a correr, sem penalidades, as Taças de Prata e as demais provas do Festival.

O modelo proposto pelo grupo de trabalho, foi aprovado pela Diretoria da ABCPCC então presidida por Roberto Mesquita. Mais que isto, foi endossado por um Conselho presidido pelo Dr.Luiz Fernando Cirne Lima, e que incluía tradicionais criadores e proprietários cariocas como A.J. Peixoto de Castro Palhares e Linneo Eduardo de Paula Machado.

A propósito, na reunião em que o novo modelo da Copa dos Criadores foi apresentado ao Conselho, o conselheiro Marcelo Portugal Gouvea – um exemplo de dirigente de clube, desprovido de ego ou vaidade, que não se apequenava, e que pensava sempre no todo e nunca na parte ou no interesse próprio –, considerou modesta a taxa universal de 300 reais, diante do tamanho das dotações oferecidas, e das perspectivas de patrocínio que o Festival de Corridas passaria a oferecer.

A taxa de inscrição mais alta que a anterior, a criação do added [com o propósito especifico de evitar “paraquedistas”], e a criação de penalidades para adequar as provas do Festival de Corridas às regras internacionais, que não permitam que provas restritas sejam consideradas grupo 1 – a notável exceção sendo a Carrera de las Estrellas -, não trouxeram nenhum impacto negativo quer nos aspectos objetivos [as inscrições reagiram das 400 acima mencionadas para cerca de 1000 na temporada passada], quer nos aspectos técnicos.

Entre os vencedores das 4 provas da Copa dos Criadores, incluem-se potros e potrancas da qualidade de Celtic Princess, Cores do Brasil, Do Canadá, Glucose, Pura Classe, Sorrentino, Talenta, Timeo, Quick Road e Uareoutlaw, ótimos sprinters como Varadouro, New Hampshire, Super Duda, Taludo, El Jogo Virtual, Jeton de Luxo, e em especial os vencedores da prova principal, o GP.Matias Machline, animais da classe de Top Hat [bi-campeão da prova, uma delas em tempo record mundial, posterior vencedor do GP.Brasil e atualmente reprodutor de bastante prestigio entre os criadores de São Paulo e do Paraná], Quatro Mares [reprodutor do Haras Santa Maria de Araras], Smile Jenny [anterior vencedora dos GGPP. Diana e Henrique Possolo], e Gallahad [hoje em treinamento na França com Alain de Royer-Dupré], que venceu a versão deste ano do GP.Matias Machline, por desclassificação de Too Friendly, um grande cavalo como atestou sua subseqüente e impressionante vitória no GP.Presidente da Republica, no meeting do GP.Brasil.

Tambem importante mencionar que o GP.Matias Machline – a única prova de grupo 1 no País, reservadaa animais de todas as idades, na distancia de 2000 metros, que permite o confronto entre os melhores milheiros, corredores de perfil clássico e as melhores éguas, cujas provas de mais peso seletivo se dão precisamente nesta distancia –, voltou a ter dotação da ordem de grandeza da oferecida aos ganhadores dos GGPP.Brasil e São Paulo.

Quanto ao tamanho do campo da prova, tenho a dizer que se este fosse critério de avaliação de caráter seletivo, muitas provas dos turfes americano e europeu estariam em apuros. O grande Sea the Stars – considerado até o momento o melhor cavalo deste século XXI - mais de uma vez bateu 3 e 4 competidores em provas de grupo 1. Deve sim ser salientado o fato de que campos pequenos produzem resultados mais lógicos, visto que os competidores estão menos sujeitos a balizas adversas e partidos ao longo do percurso.

Entristece que o site oficial do JCB destaque uma pretensa “queda livre” no turfe brasileiro. Mais que isto, que sirva de guarda-chuva para critica feita ao JCSP, que diante da recusa do JCB de abrigar a Copa dos Criadores em 2011, de pronto aceitou o convite da ABCPCC para faze-lo. Como novel-turfista, não é de seu conhecimento que em 2004, ao ser lançado o novo modelo do Festival de Corridas da ABCPCC, o atual Presidente do JCSP, à época ainda não dirigente de turfe, endossou o modelo, comprometendo-se pessoalmente a pagar o bid de 100.000 reais previstos no regulamento da Copa [hoje reajustados para 150.000 reais]. E diferente do que pensam as cabeças menores, o apoio do Presidente Márcio Toledo do JCSP, à iniciativa da entidade nacional de criadores e proprietários, não deverá representar conta a ser paga por seu sucessor, já que alinhado com a modernidade, sua decisão está ancorada no modelo utilizado no recentemente disputado Derby Paulista, e que se mostrou bastante exitoso, ou seja, um patrocínio sério, no caso um País [Emirados Árabes Unidos], e o apoio de empresas legitimas [Dubai Airport, Emirates Airline, Formula 1, Geo Eventos – leia-se Rede Globo e RBS -, e Shadwell Estate Co.].

A exemplo do Derby 2010, este formato emprestará à Copa dos Criadores 2011, grande visibilidade também fora dos muros do Hipodromo Paulistano. Arrisco mesmo a afirmar que em Junho de 2011, provarse-á um equivoco a decisão agora tomada. Infelizmente, será tarde demais para os proprietários cariocas e para o turfe brasileiro como um todo.

Atenciosamente,

Eduardo Ratto de Freitas Guimarães
Criador, proprietário, e sócio da ABCPCC por mais de 30 anos

Transcrita da Newsletter da APTurfe

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