Jeane Alves
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
GÁVEA - PROJETO JOCKEY BOULEVARD
Projeto JCB Boulevard
Vou tentar enumerar os pontos negativos e os pontos positivos do projeto imobiliário denominado de “Boulevard” que o “presidente” do JCB e duas outras imobiliárias (e alguns associados a ela, que por sinal são sócios do JCB) querem empurrar “goela abaixo” dos associados, turfistas ou não e principalmente dos moradores dos bairros vizinhos ao hipódromo.Vou tentar dividir os argumentos pelos vários segmentos envolvidos.
Para os Sócios turfistas do JCB:
Primeiro, um milhão e quinhentos mil reais por mês para o clube, não representa nada, se o “presidente” arregaçasse as mangas e trabalhasse, conseguiria o dobro com o MGA, e principalmente ocupando as cocheiras ao invés de esvaziá-las. O turfe encontra-se hoje, infelizmente, administrado por um economista, que caso fosse o Prefeito da Cidade, ao herdar aquela área doada pelo Exército, e que foi fotografada na coluna do Alcelmo Gois, fatalmente chamaria os seus “parceiros” imobiliários para fazer um novo Boulevard nela. Mas o Prefeito da cidade, bobo que é, ingênuo ao extremo, burro! Teve a infeliz idéia de aumentar o Parque da Quinta da Boa Vista... Onde é que ele estava com a cabeça.
Segundo, fica claro para qualquer leigo, até os mais puros, que a divisão de receitas é um vexame, pois distribuiria dez milhões e quinhentos mil reais para os especuladores. Partindo dos números apresentados e disponíveis no site do JCB, em 5 anos o empreendimento de 650 milhões de reais estaria totalmente pago e os novos “herdeiros” da nossa própria viúva, teriam 45 anos para faturar, a nossa custa, mais de CINCO BILHÕES DE REAIS. Se eu sou o “presidente” do JCB, eu juro por Deus que me alistava no Exército da Salvação, pois ainda está em tempo de penitenciar-se por ter concordado com tamanha aberração, e aprovado total descalabro. Nesse ponto, para quebrar o galho dele (e não o galho das árvores) devo admitir que ele dormia nas aulas de economia.
Terceiro, ficar com as pistas e as tribunas tombadas e vender as cocheiras, é a coisa mais ridícula que alguém poderia imaginar, deixar uma coisa dessas no currículo e de herança para o futuro, seria um prato cheio para a psicanálise, até Freud ficaria estarrecido com tamanha loucura. Seria o mesmo que ficar com o restaurante e vender a cozinha; manter com o campo de futebol e desfazer-se das traves do gol; permanecer com o autódromo e dispor dos prédios que abrigam os boxes; que sabe, numa dessas, se ele é o Arcebispo, ele não fizesse uma venda básica do Altar e mantinha a Igreja em funcionamento... E por aí vai, é uma doideira exatamente igual a essas, o que ele está fazendo.
Quarto, No mundo inteiro as pessoas lutam para construir cocheiras. Na Argentina, que é ali na esquina, o Hipódromo de San Izidro, por exemplo, onde é disputado o “GP Brasil” de lá, as pessoas constroem cocheiras no lugar da garagem de suas casas, mesmo sendo um bairro lindo extremamente residencial. O Clube já não tem nem um metro quadrado disponível, construiu cocheiras em todos eles.
Quinto, a desculpa de que seria construído um centro de treinamento na região serrana, é uma outra piada, pois se o clube não conseguiu administrar as cocheiras que já estão ali, do lado das pistas há cem anos, como pensa em querer administrar alguma coisa que nem existe há quilômetros de distância? E o custo? Então você vende um imóvel que custa pouco para o pequeno proprietário de cavalo (que são os mais importantes) com o argumento de que a “situação está difícil”, e o convoca a gastar mais na serra? Será que o “presidente” do JCB acredita mesmo que todas as pessoas são idiotas? Será que ele não sabe que a atividade vai morrer? Não é possível que não saiba.
Para os sócios não turfistas do JCB:
Sexto, Se fosse o caso de derrubar as cocheiras, essa ação não deveria contemplar as empresas imobiliárias, e sim servir de expansão para a própria sede, vamos e venhamos... Caso contrário, se os sócios acham que o dinheiro (que não será deles) é mais importante do que a terra... Então devem aproveitar e vender também o terreno da sede da Lagoa, pois assim aumentaria o “mensalão”, que na verdade não passa de uma simples “mesadinha”.
Sétimo, Todos sócios sabem, gostem ou não de cavalos, que são sócios de um clube hípico, e que corroborar para a extinção disso seria um paradoxo inominável, seria melhor se mudar para um outro clube (na Lagoa tem vários) que não tivessem cavalos. Isso seria exatamente a mesma coisa do que algum maluco por cavalos querer fazer umas cocheiras no Country Clube, o razoável seria assessorá-lo a ser sócio do Jockey. Não acham?
Oitavo, Com a implantação desse centro comercial nas proporções em que está projetado, a sede da lagoa ficará sitiada. O ir e vir dos sócios será um desastre, o transito que já é o caos se transformará no “Laos”, esse projeto não passa por nenhum tipo de Engenharia de Transito séria, fora qualquer outra avaliação.
Portanto, em termos de JCB, é para qualquer sócio morrer de rir... (ou de vergonha)
Para a vizinhança:
Nono, primeiro é só contar o número de árvores que será arrancada do chão, só por isso poderíamos antever o estrago no “pulmão” do bairro. O impacto no meio ambiente é absolutamente indefensável.
Décimo, a questão do transito, para os moradores, ainda é mais critica do que para os freqüentadores da sede da Lagoa. As imediações terão retenções escandalosas nos horários de pico, qualquer criança poderá antever isso. Afinal o projeto assegura que dois mil e quinhentos novos carros estarão entrando e saindo todo dia do “Boulevard”, e obviamente, não será voando...
Décimo primeiro, o bairro perde com a demolição das Vilas, um dos maiores, se não o maior, redutos arquitetônicos da cidade, projetado ainda no final do século dezenove e construído na década de vinte. A perda patrimonial e histórica para o Rio de Janeiro é insubstituível, significa um crime monstruoso golpear com os tratores da especulação imobiliária esse magnífico sítio da arquitetura colonial brasileira.
Décimo segundo, O Plano diretor, a Lei orgânica e tudo mais prevêem que aquela área é uma área residencial, para construções residenciais de no máximo sete metros de altura. Pelo projeto “Boulevard”, seriam necessários mais de nove metros. Pergunto: Qual seria a justificativa para excetuar aquela área das demais áreas do bairro? Qual o valor agregado que trará para os moradores? Qual desculpa a Câmara de Vereadores poderia usar para modificar o Plano Diretor? E o Código de Obras, o tal Zoneamento, como explicar que foi alterado para beneficiar uma empreiteira?
Pontos positivos do projeto
Parágrafo primeiro e único, O único ponto positivo do projeto Boulevard, é proporcionar dois novos bilionários na “praça”, um que parece não ser tão pobre assim, e que trouxe da cidade de São Salvador até uma bem sucedida rezadeira, discípula de Belmira, formada em espinhela caída, nervo torcido, cobreiro, mau olhado, quebranto e até dor de dente, e outro carioca mesmo, turfista, sócio do JCB e que deveria saber exatamente com quantos “paus” é feita a nossa “canoa”.
Final
Essa é a tradução do Projeto Jockey Club Boulevard, uma perda de tempo e um desgaste enorme para todo mundo, que fatalmente teria algo melhor para fazer ao invés de estar combatendo essa aberração. Esse projeto, contudo, com toda a sua maldade, não consegue suplantar o outro projeto que o “presidente” está envolvido nos últimos dois anos, o de transformar a Rua Jardim Botânico num Cassino repleto de Caça-Níqueis, essa tentativa de “prostituir” o clube e os moradores da cidade do Rio de Janeiro, com a exploração de 5.000 máquinas eletrônicas que teriam o intuito de dilapidar o patrimônio dos incautos em troca de fazer outros bilionários de fora, que não são os cavalos de corrida, objeto direto do JCB.
No momento em que o Brasil e o Estado do Rio de Janeiro ganham dois eventos mundiais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, o Sr. Luis Eduardo da Costa Carvalho resolve empunhar a bandeira do ante-esporte, do ante-nacionalismo, da ante-instituição, que é demolir as cocheiras de um clube hípico; no momento em que a ONU estuda formas de incentivar a Paz, o “presidente” do JCB está investindo na guerra dos caça-níqueis; no momento que as Organizações Ambientais lutam para preservar o planeta, o mandatário que ganhara o clube através de uma falsa herança, quer cortar cento e vinte e quatro mil metros quadrados de árvores centenárias da zona sul da cidade maravilhosa.
Falar mais o quê?
texto - Jéssica Dannemann
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